sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Dia 1 de outubro: Santa Teresa do Menino Jesus ( de Lisieux )


"Uma prova de que Deus esteja conosco não é o fato de que não venhamos a cair, mas que nos levantemos depois de cada queda."

"Compreendi que o Amor englobava todas as vocações, que o Amor era tudo... Compreendi que meu amor não se devia traduzir somente por palavras. Não é bastante amar, é preciso prová-lo!"
(Santa Teresinha do Menino Jesus)


Teresa de Lisieux (Alençon, 2 de janeiro de 1873 — Lisieux, 30 de Setembro de 1897) foi uma religiosa carmelita francesa e Doutora da Igreja. É conhecida como Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face ou, popularmente, Santa Teresinha.
Nascida Marie Françoise Thérèse Martin (Maria Francisca Teresa Martin), era filha de Louis Martin e Zélie Guérin. Quando nasceu, era muito franzina e doente e, desde o nascimento, exigia muitos cuidados.
Infância e adolescência
Aos dois anos de idade, Teresa já tem na sua ideia seguir a vida religiosa para grande alegria da sua mãe, mas para desgosto do seu tio Isidore Guérin (seu futuro tutor sub-rogado).
 Em Agosto de 1876, sua mãe toma conhecimento de que padece de câncer. Quando esta falece, seu pai muda-se com as quatro filhas para Lisieux em 1877.
A prematura morte da sua mãe, quando tinha apenas quatro anos fez com que ela se apegasse a sua irmã Pauline, que elegeu para sua "segunda mãe". A repentina entrada dessa irmã no Carmelo, fez a jovem Thérèse, adoecer. Curada pela ‘Virgem do Sorriso’, imagem da Imaculada Conceição por quem seus pais tinham afeição, tomou uma forte resolução de entrar para o Carmelo.
 Entrou para ser aluna na Abadia das Beneditinas de Lisieux, e lá permaneceu por cinco anos, porém após sofrer muitas humilhações, de lá saiu e passou a receber aulas particulares.
 Quase ao completar quatorze anos, no Natal de 1886, Teresa passa por uma experiência que chamou de "Noite da minha conversão". Ao voltar da missa e procurar seus presentes, percebe que seu pai se aborrece por ela apresentar comportamento infantil. A menina decide então a renunciar a infância e toma o acontecido como um sinal inspirador de força e coragem para o porvir.
Vida no Carmelo
 Santa Teresinha, aos pés da Virgem Maria e do Menino Jesus (imagem na Igreja de Santa Teresinha, em Porto Alegre).Seis meses depois, Teresa decide que quer entrar para o Carmelo (Ordem das Carmelitas Descalças). Como a pouca idade a impede, é levada por familiares, em novembro de 1887, para uma audiência com o Papa, em Roma, para pedir a exceção, a chorar, ao Papa Leão XIII, contra a vontade do então Bispo de Lisieux. Em Abril do ano seguinte é finalmente aceita. Concedida a autorização ingressou em 9 de Abril de 1888 e tomou o nome de Thérèse de l'Enfant Jesus.
 Fez sua profissão religiosa, em 8 de Setembro de 1890, e tomou o nome de Thérèse de l'Enfant Jesus et de la Sainte Face, mas ficou conhecida após sua morte como Thérèse de Lisieux.
Inclinada por temperamento à calma e a tristeza, Thérèse com lindos cabelos castanhos, olhos claros e traços delicados, quando escrevia no seu diário “Oh! Sim, tudo me sorrirá aqui na terra”, atravessava uma época em que experimentava injustiças e incompreensões. Já atingida pela tuberculose, debilitada nas forças, não rejeitava trabalho algum e continuava a “jogar para Jesus flores de pequenos sacrifícios”.
Após seis anos na ordem, em 1894, almejando o caminho da santidade, Teresa percebe que não conseguiria pelas tradicionais mortificação, disciplina e sacrifício observadas pelos santos a quem se dedica a estudar. Inspirada nas palavras de um padre, Teresa adota a "Pequena Via", um caminho pequeno e reto para a santidade, que consiste simplesmente em se entregar ao amor de Jesus Cristo, para que Ele conduza pelo caminho.
Morreu em 30 de Setembro de 1897, com apenas 24 anos. Disse, na manhã de sua morte: “eu não me arrependo de me ter abandonado ao amor”, e na iminência de sua morte disse às religiosas que estavam à sua volta: "Farei cair uma chuva de rosas sobre o mundo!". No dia 4 de outubro de 1897, foi sepultada no cemitério de Lisieux.
 Teresa escreveu tres manuscritos : chamado manuscrito A no ano de 1895, autobiografia escrita a mando de sua irmã Paulina, madre Agnese ; chamado manuscrito B no ano 1897 ; chamado manuscrito C. Ficam admirados também pelo grande número de cartas enviadas à familia e das 54 poesias que compôs.
Canonização
Monumento dedicado a Santa Teresinha do Menino Jesus, em Évora (Portugal).A sua irmã, Paulina, também carmelita, publicou em 1898 os escritos de Santa Teresinha, intitulados "História de uma alma". No dia 17 de Maio de 1925, Teresinha foi canonizada pelo Papa Pio XI. O mesmo Papa a declara Patrona Universal das Missões Católicas em 1927. O Papa João Paulo II a declara Doutora da Igreja no dia 19 de outubro de 1997.
 Em carta tornada pública em 1 de outubro de 2007, o Papa Bento XVI recordou que "Teresa de Lisieux, sem haver saído de seu Carmelo, (...) viveu à sua maneira, um autêntico espírito missionário (...) oferecendo ao mundo uma nova via espiritual lhe obteve o título de Doutora da Igreja. Desde Pio XI até os nossos dias, os Papas não têm deixado de recordar os laços entre oração, caridade e ação na missão da Igreja."

 Poema de Carlos Drumond de Andrade

E de repente Santa Teresinha

- quem diria? - faz 100 anos.

Ela que tem sempre 24

nas estampas dos gay twenties.



Santa do modernismo brasileiro,

do altar particular de Ribeiro Couto,

a quem curaste de tuberculose,

a tuberculose de que morreste,

santa invocada por Manuel Bandeira:

“Santa Teresa, não, Teresinha.

Teresinha do Menino Jesus.

Me dá alegria!”

Não o atendeste, amiga Teresinha...



O poeta se queixava:

“Fiz tantos versos a Teresinha...

Versos tão tristes nunca se viu!

Pedi-lhe coisas. O que eu pedia

era tão pouco! Não era glória...

Nem era amores... Nem foi dinheiro...

Pedia apenas mais alegria:

Santa Teresa nunca me ouviu!”



A ti nada pedi, mas simpatizava

com teu jeito simples de ser santa

do nosso tempo de incredulidade,

tempo de ciências exatas, Marx, anarquismo.

(Os ateus brasileiros levam sempre um santinho no bolso,

nossos comunas quando morrem, a família reza missa

de sétimo dia e de trigésimo.)

Simpatizava, simpatizava contigo

lendo tua autobiografia na tradução do padre Lochu

antes que me expulsassem do colégio

com a aprovação do próprio tradutor.



Naquele tempo

as autobiografias dos santos eram censuradas

e eu não sabia que foste

carmelitanamente precursora

do feminismo:

“Ah, pobres mulheres, tão desprezadas!

A todo instante nos proíbem:

Não faça isto, não faça aquilo,

e ameaçam excomungar-nos...”

Suave santa brasileira

por graça do diminutivo

que te fazia baiana, carioca, uberabense

(quem ousou um dia falar Santa Isabelinha, Santa Margaridinha?),

muito mais próxima de nós, em Lisieux,

do que a filha de Capistrano clausurada

ali no Morro,

e tão novinha

que dava oportunidade de dizer

a um senhor de 60 anos, na Avenida:

“Esta santa, mais moça do que eu...”

Então podemos todos ser santos?

Os santos não são apenas medievais

predestinadíssimos, raríssimos,

para realçar ainda mais

nossa impossibilidade de pureza

ou para resgatá-la?



Vez ou outra eu ruminava essas coisas

enquanto ia chafurdando e esquecendo

a nostalgia de ter tido

o desejo, não digo de ser santo,

mas apenas o franciscano encapuzado

que assiste ao enterro do Conde de Orgaz

junto de Santo Agostinho e Santo Estêvão

na tela fantástica do Greco,

ou um dos pescadores no políptico de São Vicente,

de Nuno Gonçalves ou Hugo van der Goes, que sei eu,

aquele pescador quase de bruços

no painel da esquerda.



Já nem sei, minha santa,

qual o teu papel na Igreja contestante

de setenta,

és talvez, tão bonita, tão menina,

frágil demais para o serviço que se exige

do novo Cristo combatente

mas a doçura não é arma também,

a seu tempo e seu modo, no combate?



Reparo agora,

já não és menina, és centenária,

ou assim te conta o tempo a vida breve,

e tenho de chamar-te vovozinha,

vovozinha Teresa do Carmelo,

de mel no nome e de ternura acesa

no coração de um distraído agnóstico,

ao abrir o jornal e nele ver

três linhas com teu nome,

entre os nomes de Hanói e de Manágua,

 como um lírio nascido por acaso.

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