segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Mulheres são maioria em curso de pedreiro

Magdália Maria dos Ramos tem 18 anos e quer ser jornalista. Adelaide Mota Silva, 39 anos, é casada, mãe de dois filhos, e luta pelo primeiro emprego. José Gilvandro da Silva Soares, 29 anos, busca melhores condições de vida.

Com perfis diferentes, eles moram em Escada, a 62 quilômetros do Recife, na zona da mata, e têm um objetivo comum: se capacitar como pedreiro e trabalhar na construção da Refinaria Abreu e Lima, no complexo industrial portuário de Suape.



Eles estão entre os seis mil candidatos selecionados para os cursos de pedreiro, carpinteiro, armador e encarregado civil do Plano Setorial de Qualificação (Planseq) para petróleo e gás, do Ministério do Trabalho. Os cursos são ministrados em cinco municípios.

Os alunos estão ansiosos pelo início dos exercícios práticos, depois das aulas teóricas na Faculdade de Escada.

Getúlio Vargas Pimentel, 26 anos, está há mais de um ano desempregado. Percebeu que só teria chance se tivesse qualificação. Agarrou a oportunidade.

Mário Gomes Siqueira Neto, 34 anos, trabalha há 11 em um supermercado como repositor, sem perspectiva de promoção.

Adauto Vinicius Ribeiro da Silva, 33, trabalhava há quatro anos no mesmo supermercado. Decidiu sair para se dedicar ao curso.

Entre os alunos, as mulheres são maioria. Muitas enfrentam preconceito por ter escolhido uma profissão tida como masculina. "Quero abrir portas de trabalho", afirmou Jessica Fernanda Mota Cavalcanti, 20 anos, casada, mãe de uma menina de dois anos. "Colegas dizem que serei uma pedreira patricinha, mas não ligo, sou uma batalhadora e quero dar à minha filha o que minha mãe não pôde me dar."

A aluna Magdália nunca pensou em ser pedreira, mas em uma cidade onde a oferta de emprego é muito baixa, não pensou duas vezes. Alheia ao olhar de espanto das pessoas que ficam sabendo do curso de pedreiro, afirma: "agora a liderança é das mulheres". Para ela, o trabalho como pedreira vai lhe dar independência, além de permitir que custeie a faculdade de jornalismo.

Roseli Santana, 23 anos, é casada com um pedreiro profissional. Ajuda o marido Antonio Marcos da Silva em construções domésticas - "sou a ajudante dele" - e, frequentemente, recebe elogios. "Ele é a pessoa que mais torce por mim."
Angela Lacerda
Fonte: O Estado de São Paulo

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