Referência na luta pelos direitos de parentes de desaparecidos políticos e incansável na luta pela anistia aos perseguidos pela ditadura militar que se estendeu de 1964 a 1985, Helena Greco morreu na passada quarta-feira em sua casa, em Belo Horizonte, após contrair uma pneumonia.
Nascida em Abaeté, a 215 quilômetros de Belo Horizonte, em 15 de junho de 1916, ela era viúva, deixa três filhos e três netos.
Diz Dirlene Marques: “Nos anos 70, um grupo de 7 jovens mulheres buscavam organizar em BH o Movimento Feminino Pela Anistia. E, fomos à manifestação em protesto contra a prisão dos Estudantes na Faculdade de Medicina da UFMG. No meio desta manifestação sobe no palanque uma senhora (na época achávamos bem velhinha, como imagino que os jovens nos devem ver hoje) que falou da responsabilidade de sua geração com aquela repressão. Corremos atrás dela e a convidamos para participar conosco do movimento que estávamos organizando. E, a partir deste instante passou a ser o coração e a cara do movimento. Enfrentava a repressão com a indignação que havia mostrado no seu discurso.
Primeira vereadora pelo PT na capital de Minas e uma das fundadoras da legenda, Helena Greco serviu de inspiração para a criação do Instituto de Direitos Humanos e Cidadania, que levou seu nome, e foi fundado para lutar pelas famílias com parentes desaparecidos durante a ditadura. Na Câmara Municipal, ela teve dois mandatos (1983-1988 e 1989-1992) e costumava dizer que a cidadania depende diretamente da nossa capacidade de indignação. Sua frase predileta era: “Indignação só se concretiza a partir do exercício permanente da perplexidade".
Assim, desde 1977 atua na luta pelos direitos humanos, combatendo incansavelmente todas as formas de opressão, do racismo a qualquer tipo de discriminação. O Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania retrata bem sua luta, quando coloca como seu objetivo: “o resgate dos direitos humanos e Cidadania no registro da combatividade e radicalidade peculiares à trajetória de nossa referência política. Para nós Dona Helena é a própria personificação da dignidade da política – luminoso exemplo de vida e exemplo de luta obrigatório nacional e internacionalmente.”
Formada em Farmácia, ela foi uma das 52 brasileiras que integraram a lista do Projeto Mil Mulheres para o Prêmio Nobel da Paz, lançado na Câmara dos Deputados em 2004. A iniciativa do projeto foi da Fundação Suíça pela Paz.
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