Atendendo ao requerimento da senadora Marinor Brito (PSOL-PA), o Senado Federal aprovou no último dia 16, a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar o crime do tráfico de pessoas no Brasil. Segundo a senadora, os casos de tráfico envolvendo crianças vêm aumentando e, por se sentir incomodada com o descaso dos governos, pediu a abertura da CPI. "A situação só vem se agravando", afirmou.
Ela disse ainda que o objetivo é levar a reflexão para o Congresso, "para que possamos cobrar ações do governo, como a reestruturação das polícias e dos órgãos de defesa e justiça". Ainda sem data definida para o início das investigações, Marinor comentou que a expectativa é que no meio de abril já haja um direcionamento sobre a instalação da CPI.
Militante da área dos direitos da infância e adolescência, a senadora disse conhecer de perto a cruel realidade de crianças e adolescente que são vítimas da exploração sexual. Ela também comentou que por ter atuado na CPI da Pedofilia, tem conhecimento das rotas que envolvem a exploração sexual de crianças e adolescentes dentro do país, sendo algumas delas localizadas na região amazônica.
"O fato de o governo brasileiro ter cruzado os braços e essas questões estarem envolvidas com outros crimes, como o comércio de órgãos... Tem que se tomar alguma atitude", justificou.
Segundo a senadora, a expectativa com a CPI do tráfico humano é condensar as informações, confirmar as rotas e também avaliar as causas e as consequências deste crime. "E, sobretudo, punir os criminosos", ressaltou.
Consciente da gravidade da situação e dos riscos que pode correr com as apurações, já que o tráfico de pessoas é praticado por criminosos organizados em rede, com ramificações nacionais e internacionais, a senadora afirmou não ter medo. "Não tenho medo, vou enfrentar com coragem e ousadia. Não é a primeira vez que me envolvo em investigações", disse.
Apesar de já ter sido ameaçada em outras ocasiões, ela garantiu que isso não a intimida, e afirmou que está reunindo esforços para combater a rede do tráfico de pessoas. Para isso, ela está articulando uma mobilização em rede, contando com o apoio de organizações sociais, igrejas e outras entidades que já atuam no enfrentamento a este crime.
A senadora comentou que atualmente as redes de televisão mostram o desaparecimento de pessoas, mas lembrou que ‘não estamos mais vivendo no período da ditadura', quando pessoas desapareciam por causas políticas.
"Os objetivos hoje não são mais políticos, e sim comerciais", salientou, ressaltando que ‘não podemos continuar assistindo a vulnerabilidade das pessoas sem se tomar uma providência'.
Jornalista da Adital
Fonte: Adital
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