terça-feira, 5 de abril de 2011

Mulheres discutem maior participação na Economia Solidária

Na última terça-feira (22), mulheres reunidas pelo Núcleo Feminista da ONG Guayí discutiram, durante a realização de uma mesa-redonda, em Porto Alegre (RS), a temática "Oportunidades e desafios para uma economia solidária e feminista". Estiveram presentes no evento representantes do poder público estadual, da Secretaria Nacional da Economia Solidária (Senaes), do Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), empreendedoras e movimentos feministas.

De acordo com Helena Bonumá, coordenadora do Núcleo Feminista da Guayí e coordenadora nacional do programa Brasil Local e Feminista, a principal discussão girou em torno do tema ‘economia feminista'. Na ocasião as mulheres reivindicaram a promoção dos empreendimentos solidários feministas, a abertura de espaços permanentes para a comercialização dos produtos solidários, o acesso ao crédito, entre outras questões.

Neste sentido, ela falou sobre o projeto "Economia Solidária e Economia Feminista", que integra as ações do Projeto Brasil Local, da Senaes, e que está sendo implantado em 9 localidades do país: Pará, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul. "Nossa meta é apoiar 300 empreendimentos solidários protagonizados por mulheres em todo o país", disse.

Ela explicou que a idéia de promover a economia feminista é uma forma de combater a divisão sexual do trabalho e o papel social de cada indivíduo na sociedade. "A mulher vai para o mercado de trabalho já com uma condição", citou, se referindo as funções que são atribuídas às mulheres e as que são consideradas ‘dos homens'.

Para as militantes deste movimento, o diálogo entre economia solidária (ES) e economia feminista deve contribuir para superar a lógica de desvalorização do trabalho feminino, já que, de acordo com Helena, este mesmo modelo tem sido reproduzido também dentro da ES.

"Com a economia feminista buscamos criticar o modelo de produção e dar visibilidade à reprodução social. Queremos um modelo que promova o desenvolvimento integral da sociedade e o bem-estar social", ressaltou.

Ela disse ainda que apesar de a ES ter surgido como uma alternativa para as pessoas ‘excluídas' do mercado de trabalho e desfavorecidas pelo sistema oficial econômico, essa mesma economia popular e solidária deve alcançar um patamar mais alto e não ser considerada apenas uma ‘economia para pobres'. "A economia solidária surge com marca forte da exclusão", observou.
Para colocar em prática essas idéias, as mulheres sugeriram propostas de políticas para o poder público. Em primeiro lugar, segundo Helena, está a demanda por um melhor assessoramento aos empreendimentos solidários. "As mulheres são empreendedoras, criativas, mas muitas vezes falta suporte técnico, jurídico", ressaltou.

Outro ponto destacado foi a criação de espaços fixos de comercialização dos produtos, já que na maioria das vezes a venda dos produtos acontece em feiras pontuais e temporárias. A terceira proposta aponta para uma política que garanta um percentual de compras públicas para o setor solidário feminista. As mulheres também pedem ampliação do acesso ao crédito.


Além disso, Helena destacou a necessidade de se ampliar a economia solidária para um formato mais amplo, e não apenas para um modo de trabalho. Ela enfatizou a busca de alternativas para o desenvolvimento social, para uma sociedade justa e igualitária, onde os direitos sejam iguais para todos e todas.

Fonte: Site Fórum Brasileiro de Economia Solidária

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