segunda-feira, 8 de junho de 2009

Confira alguns textos publicados no Jornal Grito Mulher - Edição Maio/2009


MATERNIDADE - MITO E REALIDADE
Será que na realidade toda mulher quer ser mãe?
Não! A cultura - isto é, o companheiro, os amigos, os futuros avós - todos cobram, mas nem toda mulher quer ser mãe. Embora, às vezes, queira engravidar. Porque a gravidez pode lhe trazer vantagens. Mas e o filho? A questão da maternidade, isto é, de gerar um filho, é mais complexa no ser humano. A fêmea humana é muito diferente das fêmeas de outras espécies - de uma ovelha, por exemplo - embora seus órgãos internos sejam muito semelhantes.

Temos um corpo que não é só físico ou biológico. Ele é atravessado, marcado por uma história. A história é de cada mulher. E é essa história que vai alterar e definir as escolhas. Em nosso corpo carregamos um aparelho destinado a procriar e, no entanto, não significa que ele tenha de cumprir essa função. O ser humano não é definido por seus instintos, ele é mais do que isso.

Hoje a mulher pode ter o controle de seu corpo, então, ser mãe é uma escolha, uma opção, e não um determinismo biológico. Mas mesmo assim escuto muitas mulheres que se sentem culpadas e até desnaturadas por não terem esse desejo. Ao mesmo tempo, acompanho outras que sofrem por não conseguirem engravidar. O que acontece? Como estava dizendo, não é suficiente a natureza ter dotado a mulher de órgãos reprodutores e da produção de hormônios. Na espécie humana, para que uma fêmea se torne mãe, é preciso que esses aparelhos estejam em consonância com o psiquismo dessa mulher.

Os motivos que levam a mulher a querer ou não ter filho variam muito. Alguns nem estão muito evidentes e podem estar relacionados com traumas, e outros já são bem objetivos. Com a evolução dos tempos, a mulher passou a ter novas funções na sociedade, abrindo assim um leque de ambições e oportunidades. Dessa forma a maternidade deixou de ser a única saída para que a mulher se sentisse valorizada. Por isso, ser mulher não significa ter de ser mãe. Além disso, ser mãe é uma função para a qual se requer habilidades específicas e acima de tudo interesse em desempenhá-la.


Considero importante tratar esse assunto para que, ao ter mais consciência desse papel, a mulher se liberte desse determinismo biológico e faça sua opção. Por quê? Uma criança que vem ao mundo necessita de alguém que lhe dispense cuidados específicos.

O bebê humano, diferentemente de um bezerro, nasce despreparado para sobreviver. Não só porque o seu sistema nervoso não está pronto - o que só vai se dar por volta dos dois anos - mas porque ele requer mais que os cuidados com a alimentação. Por seu desamparo, o bebê humano necessita de uma pessoa específica, que vai lhe dar aconchego decifrando seu choro de desconforto e lhe oferecendo alívio. Dessa pessoa específica espera-se uma disponibilidade e uma dedicação que vem de quem tem desejo de ser mãe e de ter um filho/a.

Além disso, é importante deixar bem claro que nem sempre aquela pessoa que gerou e pôs no mundo a criança vai ter condições de desempenhar essa função. Veja bem: não é necessário fazer cursos para aprender a cuidar de um bebê (isso pode até ajudar nos aspectos práticos). Ao se estabelecer uma relação de atenção e interesse com o bebê, esse aprendizado vai se dando naturalmente. Quantas babás, que não freqüentaram escolas, são hábeis na profissão?


O bebê humano precisa de alguém que estabeleça com ele uma relação de afeto. Alguém que, ao lhe oferecer o leite, possibilite também um contato caloroso. É desse contato, dessa ligação que o bebê vai deixando de ser só um corpo de carne e osso e começa a ser marcado, a fazer registros de sua história.


O bebê humano precisa de alguém que o alimente, mas que também alivie seus desconfortos, que o acalme, que lhe assegure seu bem estar. Este primeiro relacionamento da criança vai influir em suas ligações futuras. Com uma base segura de confiança nessa pessoa, ela poderá mais facilmente ampliar seu mundo.


Artigo de Solange Delgados PassosFormação: Psicologia pela UFMG; Formação em Psicanálise - GREP - Grupo de Estudos Psicanalíticos e SPP - Seminário da Prática Psicanalítica- Jul/93; Experiência em Psicologia Clínica direcionada para adultos e adolescentes há mais de 20 anos. soldelpas@hotmail.com


Aids: vencendo a transmissão vertical do HIV

A Aids significa Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, que é uma contaminação pelo vírus HIV. Esse vírus ataca células de defesa do organismo diminuindo ou até impedindo o combate de outras doenças, expondo a pessoa a um maior risco de se infectar por outras doenças. Existem três tipos de transmissão do HIV:
•Transmissão sanguínea: ocorre quando uma pessoa não contaminada pelo HIV entra em contato com o sangue contaminado, que pode ocorrer por meio da transfusão sanguínea ou compartilhamento de agulhas e objetos cortantes.•Transmissão sexual: as secreções trocadas pelos parceiros durante o ato sexual estão contaminadas pelo vírus, por isso o sexo vaginal, anal ou oral são meios de contaminação.
•Transmissão Vertical: ocorre quando a criança é contaminada pelo vírus durante a gestação (quando o vírus atravessa a placenta), durante o parto (quando o bebê entra em contato com sangue e secreções maternas) e durante o aleitamento, onde o bebê entra em contato com o leite contaminado.

Vale lembrar que a camisinha deve ser usada sempre, mesmo pelas pessoas soropositivas (contaminadas pelo vírus HIV) uma vez que ela protege a mulher e o parceiro de um novo contato com o vírus, o que pode aumentar sua quantidade no organismo. A camisinha também protege de outras doenças sexualmente transmissíveis.
Sobre a transmissão vertical:

A transmissão vertical é a principal via de infecção pelo HIV na população infantil. Para prevenir a transmissão do vírus da mãe para o filho, é necessário e muito importante que a gestante procure o Centro de Saúde para fazer o pré-natal e iniciar o tratamento precoce visando evitar a contaminação do bebê, garantindo assim a saúde da mãe e da criança.

A primeira medida é a gestante pedir para realizar o exame Anti-HIV que é feito de maneira gratuita e sigilosa. Caso o exame indique que a gestante é soropositiva ela entra imediatamente em tratamento para impedir a contaminação do bebê. Alguns dos cuidados a serem tomados:
•Uso de medicamentos antiretrovirais (AZT) que impedem a multiplicação do vírus, reduzindo sua quantidade no organismo, o que trará benefícios para a mãe ao impedir o avanço da doença e para o bebê, diminuindo suas chances de se contaminar. A mulher deverá tomar o medicamento a partir da 14ª semana de gestação.
•Também o bebê ao nascer vai ser tratado, tomando o AZT na forma de xarope durante as 6 primeiras semanas de vida.
•Realização de exames periódicos: para acompanhamento do quadro e melhor controle da medicação.
•Parto: surgindo as primeiras contrações, a gestante deve procurar imediatamente o hospital, pois se deve evitar o contato do bebê com o líquido da bolsa ou no parto, com as secreções ou sangue maternos favorecendo a contaminação. Por isso o parto pode ser programado, do tipo cesariana, para evitar riscos.
•Aleitamento: a mulher soropositiva não deve amamentar o bebê, uma vez que o vírus está presente em seu leite. É indicado que a criança receba o leite artificial específico e gratuito, já que ele fornecerá todos os nutrientes necessários para um desenvolvimento saudável.

É importante que o pré-natal seja realizado o mais cedo possível, aumentando as chances do bebê em não se contaminar com o vírus. Todo o processo do pré-natal e cuidados citados são direitos de toda gestante e são garantidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Seguindo então os devidos cuidados, a mãe e o bebê poderão ter uma vida muito mais feliz, tranqüila e saudável.

Bibliografia:MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância e Saúde. Manual de Recomendações Para Profilaxia da Transmissão Vertical do HIV e Terapia Anti-retroviral em Gestantes, 2004Elaborado por: Ana Luiza Gomes Barbosa; Dálian Cristina Rocha; Renata Slaib Belico Caria – alunas do Curso de Graduação em Enfermagem da UFMG. Orientação: Profa. Eliana Aparecida Villa











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