quinta-feira, 2 de março de 2017

Abertura da Campanha da Fraternidade em BH

Dom Walmor Oliveira de Azevedo na celebração que marcou o início da quaresma na Serra da Piedade: para ele, período é importante para reflexão (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)

Na missa da quarta-feira de cinzas, arcebispo metropolitano de BH pede que população ajude 'o mundo a ser mais justo'. Campanha da Fraternidade é aberta com foco no meio ambiente.


Palavras em favor da paz, justiça e solidariedade e contra a corrupção, violência e descortesia. O arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, celebrou a missa da quarta-feira de cinzas, às 15h, na Serra da Piedade, em Caeté, na Grande BH, conclamando os católicos a “viver melhor a cidadania e a ajudar o mundo a ser mais justo”. O local escolhido para o início da quaresma, que se prolongará por 40 dias, foi a ermida do século 18 que guarda a imagem da padroeira de Minas, Nossa Senhora da Piedade, esculpida por Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1737-1814).

Na manhã de ontem, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou, em Brasília (DF), a Campanha da Fraternidade 2017 (CF), iniciativa anual da Igreja Católica no Brasil e que envolve toda comunidade em diversas ações pastorais. Este ano, o tema é Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida e o lema, Cultivar e guardar a criação (Gn 2.15). De acordo o secretário-geral da CNBB e bispo auxiliar de Brasília, dom Leonardo Ulrich Steiner, a proposta do tema é “enfatizar as belezas e diversidades de cada bioma brasileiro, criando uma relação da vida com a cultura do povo que habita esses lugares”. Na Arquidiocese de Belo Horizonte, o lançamento da CF (ver quadro) será sábado, a partir das 13h, na Serra da Piedade, com missa e atividades culturais.

A missa das 13h de ontem, com o rito de imposição das cinzas, ocorrido em seguida à homilia, atraiu moradores da capital e municípios vizinhos. Segundo o arcebispo, que fez o sinal da cruz, com um pouco de cinza, na testa ou no alto da cabeça de pessoas de todas as idades, o significado é mostrar que “somos humanos, frágeis, e devemos reconhecer Deus como nosso pai”. Citando a frase bíblica “és pó e ao pó retornarás”, o arcebispo disse que a quaresma é um tempo especial e ótima oportunidade “para retornarmos a hábitos simples, como jejuar, ficar em silêncio, meditar, refletir sobre os atos e ter sempre o foco em Deus”.

Jejuar, num sentido mais amplo, tem a ver com uma visão de mundo. “Devemos pensar se estamos usufruindo corretamente dos bens da criação, como diz o tema da Campanha da Fraternidade, e dos bens materiais, além de lembrar, em especial, dos que têm fome. Precisamos condenar também a depredação e o desrespeito à natureza. Estamos, aqui no topo da Serra da Piedade, um lugar que precisa ser preservado por todos”, ressaltou o arcebispo. A missa teve a participação do reitor do Santuário de Nossa Senhora da Piedade, padre Fernando César do Nascimento, e do pró-reitor, padre Carlos Antônio da Silva.
A gerente comercial Cecília Fialho, o arquiteto Luciano Barbosa e os filhos saíram de BH para participar da missa: 'A imposição das cinzas é um sinal de paz', diz ela (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)

PEREGRINOS Dom Walmor ressaltou que, neste ano jubilar, estão sendo celebrados os 250 anos de romaria ao topo do maciço, com programação que irá até o fim de dezembro. “Na quaresma, vamos ter um período de muitas peregrinação à Serra da Piedade, que, em 2016, recebeu cerca de meio milhão de pessoas, entre brasileiros e estrangeiros”. Ontem, com a temperatura amena no alto, bem diferente do Centro de BH, as famílias visitaram a ermida, que ficou lotada, com gente até do lado de fora. “Estamos muito felizes por estar aqui. Viemos sempre à missa de domingo e trazemos os filhos. A imposição das cinzas é um sinal de paz. E a quaresma, um tempo de reflexão”, disse a gerente comercial Cecília Fialho, ao lado do marido, o arquiteto Luciano Barbosa, e dos filhos Bernardo, de 7 anos, e Arthur, de 3, residentes no Bairro Caiçara, na Região Noroeste da capital.

O casal de namorados Gabriele Vitória Borges Alcântara, estudante, de BH, e Marcos Gomes Moreira, de Santa Luzia, trazia a cruz marcada com cinza na testa e disse que o sinal quer dizer “busca de Deus, paz, e alegria”. Os dois, visitando o local pela primeira vez, estavam acompanhados dos amigos Bruna de Fátima de Assis e Guilherme Fernando de Souza, certos de que estar no Santuário de Nossa Senhora da Piedade é ficar “mais perto de Deus”.

FRATERNIDADE A apresentação da CF 2017 será no Santuário Nossa Senhora da Piedade, lugar marcado, conforme disse dom Walmor “pelas belezas naturais, bioma único que reúne as paisagens dos campos rupestres, do cerrado e da mata atlântica”. Portanto, ao apresentar a campanha no território dedicado à padroeira de Minas, “convocamos os cristãos a defender a fauna e a flora das montanhas do estado e que integram nossa identidade”.

PROGRAMAÇÃO

» SÁBADO

• 13h – Exposição de grupos que defendem o meio ambiente, com apresentação musical do Grupo Sonoro Despertar, formado por crianças da Paróquia São Marcos, e Banda Corporação Musical de Nossa Senhora do Bom Sucesso, de Caeté
• 14h45 – Caminhada até a ermida da padroeira, à qual todos vão se reunir para a celebração da missa, às l 15h, presidida pelo arcebispo dom Walmor.
• 16h - Solenidade de apresentação da Campanha da Fraternidade 2017


CONSTRUÇÃO

O arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, contou que a história do santuário da padroeira de Minas começa no século 18, com o relato de um milagre: a Virgem Maria teria aparecido para uma jovem surda, no alto da Serra da Piedade. A partir desse dia, a garota passa a falar e a ouvir, o fato se espalha rapidamente por toda a região e muita chega ao topo do maciço para rezar. O episódio toca o coração do português Antônio da Silva Bracarena, então na colônia para ganhar dinheiro. Mas ele se converte e decide dedicar sua vida à construção de uma capela no lugar onde ocorrera o milagre. O singelo templo dedicado a Nossa Senhora da Piedade começa a ser erguida em 1767 e, mais tarde, ganha a imagem esculpida por um jovem de Ouro Preto, depois reconhecido como mestre do Barroco mineiro – Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

Fonte: Estado de Minas

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