quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Machismo invisível?

 O que está na hora de acontecer é esses homens ficarem mais cientes das atitudes e das coisas que falam e colocar na balança as consequências de cada palavra.

 Por  ARIANI MARTINS

Nunca falei sobre machismo ou feminismo. Não gosto dessas palavras e nem de rótulo nenhum, hoje em dia parece que os rótulos tiram a sua liberdade de pensar sobre qualquer coisa. Se você pensa A sobre o assunto B você é C e não tem mais o direito de pensar diferente sobre mais nada.
Vou continuar não falando sobre machismo e feminismo (até mudar de ideia) pois não sou nem uma coisa nem outra (feministas piram com isso) mas não sou nada, não sou ninguém; sou apenas eu. Quero deixar claro que isto é apenas o que eu vejo acontecer, não ponho culpa em ninguém nem em rótulo nenhum.

Eu recebo as atualizações do Think Olga por e-mail e confesso que não leio tudo e nem concordo com tudo, acho algumas coisas radicais demais e isso me cansa.
Esses dias compartilharam o link deste site no meu Facebook e resolvi parar para ler o post “O machismo também mora nos detalhes” e concordei com tudo o que li, porque eu passei por isso, passo por isso e passei por aquilo minutos depois de terminar a minha leitura; a situação só não tinha um nome pra mim, não sabia bem o que era que estava acontecendo.

Para você entender o que vou falar vou resumir o texto rapidão.
Ele fala sobre os diversos tipos de machismo invisível que existe por aí e a gente nem se da conta, o Think Olga trouxe 4 tipos deles: manterrupting, bropriating, mansplaining e gaslighting. São termos em inglês e não existe uma tradução, mas eu trago a explicação que eles colocaram no site para vocês.

·         #manterrupting: Quando uma mulher não consegue concluir sua frase porque é constantemente interrompida pelos homens ao redor.

·         #bropriating: Quando, em uma reunião, um homem se apropria da ideia de uma mulher e leva o crédito por ela.

·         #mansplaining:  É quando um homem dedica seu tempo para explicar algo óbvio a você, como se não fosse capaz de compreender, afinal você é uma mulher.

·         #gaslighting: Violência emocional por meio de manipulação psicológica, que leva a mulher e todos ao seu redor acharem que ela enlouqueceu ou que é incapaz.

 Já conversei várias vezes sobre isso, comigo mesma, claro. Em meus poucos anos vi muito disso acontecer, com outras e principalmente comigo (digo principalmente porque é mais fácil de ver as coisas acontecerem quando se está na própria pele). E pensei muitas vezes em desistir de tudo.

Vi esse tipo de coisa acontecer todo dia e houve algumas manhãs em que eu acordava chorando sabendo que teria que passar por tudo de novo. Cheguei a me culpar muitas vezes, e achar que tudo isso que acontecia era por minha causa e era eu quem provocava esse tipo de tratamento. Só depois fui perceber que eu não fazia absolutamente nada pra merecer ser tratada desta maneira.
E não venham com “não fez nada pra merecer, mas e pra isso parar? Você fez alguma coisa?”. Tentei, e tentei muito. Tentei da forma que sabia fazer, ignorar. Claro que não deu certo e continuei tentando da forma que podia pois achava que a culpa era minha. Mudei a maneira de falar com as pessoas, a maneira de agir com elas e ainda sim isso não parava, então fui mudando mais e mais até chegar o ponto em que eu estava totalmente agressiva e na defensiva com qualquer tipo de comentário ou “brincadeira”. Me isolei e só falava o necessário e acabei exagerando. Me isolei tanto que nem para o necessário eu era necessária. Entende?

O que mais vejo acontecer, ao menos comigo, são: manterrupting, gaslighting e uma versão do que seria o bropriating.

Nunca falei nada a respeito. Nunca sentei pra conversar abertamente sobre isso com ninguém, pois as pessoas (lê-se: homens) não dão a mínima pra esse tipo de coisa. Te acham louca, que você está na TPM, que tudo não passa de impressão sua, que você precisa de homem ou resumem tudo com o termo “mal comida”. Conversar foi a minha ultima coisa que passou pela minha cabeça. Eu pensava, “porque falar se as pessoas que precisam ouvir não querem nem saber e vão te chamar de louca? Talvez eu seja louca mesmo!”.

Não sei se é machismo mesmo ou falta de educação, mas agora essas situações já tem um nome pra mim e isso é um começo. Agora sei também que a culpa não é minha e que também não estou sozinha. O que está na hora de acontecer é esses homens ficarem mais cientes das atitudes e das coisas que falam e colocar na balança as consequências de cada palavra. O fato é que isso não é coisa de gente louca, é coisa séria e pode acabar com a vida e a saúde emocional de qualquer um.
Digo “os homens” nesse caso específico, mas todos nós devemos ficar mais conscientes das coisas que falamos por aí, e sim, isso me inclui.

Vale muito a pena parar para ler o texto no Think Olga. É rapidinho e não vai doer, eu prometo. E se tiver uma história para contar pode deixar nos comentários ou mandar um e-mail.

Fonte: http://arianimartins.com/

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