terça-feira, 30 de abril de 2013

Um diaconato ''específico'' para as mulheres


Na assembleia geral da primavera da Conferência Episcopal Alemã, em fevereiro, em Trier, o cardeal da Cúria Walter Kasper havia proposto que se refletisse sobre uma função diaconal feminina específica, uma espécie de "diaconisa de comunidade".


O arcebispo de Friburgo e presidente da Conferência Episcopal Alemã, Robert Zollitsch, explicou nesse domingo, na conclusão da Assembleia Diocesana de Friburgo, que quer se comprometer "pelos novos serviços e cargos eclesiais", "para que sejam abertos também às mulheres, como por exemplo um diaconato específico para as mulheres". E que fará isso "com base na doutrina da Igreja Católica".

Os diáconos trabalham ao lado do padre na pastoral. Esse tipo de diaconato é um primeiro estágio rumo à ordenação sacerdotal e inclui, dentre outras coisas, um tipo de vida celibatária. Não deve ser confundido com o "diaconato permanente". Este último é uma forma de função diaconal que é entendida como função independente, como um serviço em âmbito espiritual, de caridade ou pastoral, e não como uma primeira etapa para o ofício presbiteral. Neste caso, trata-se de homens, normalmente casados, com família. Mesmo esses diáconos permanentes devem ser mais diferenciados das diaconisas, sobretudo pela consagração a eles reservada.

Na assembleia geral da primavera da Conferência Episcopal Alemã, em fevereiro, em Trier, o cardeal da Cúria Walter Kasper havia proposto que se refletisse sobre uma função diaconal feminina específica, uma espécie de "diaconisa de comunidade". Até o presidente da Comissão de Pastoral da Conferência Episcopal, Dom Franz-Josef Bode, havia acolhido favoravelmente essa proposta.

Nesse sentido, segundo Kasper, é possível conectar-se com a tradição particular das diaconisas na Igreja primitiva, que ainda hoje continua em algumas Igrejas ortodoxas orientais. De acordo com Kasper, uma participação das mulheres na função presbiteral e no diaconato específico correspondente dos homens não é possível por motivos dogmáticos.

O bispo de Regensburg, Rudolf Voderholzer, também não vê possibilidade para a consagração de mulheres como diaconisas. Como a função de padre e bispo, o diaconato também pertence, em sua opinião, inseparavelmente ao sacramento da Ordem, e este é, de acordo com a tradição da Igreja fundada sobre as Escrituras, reservado a homens, explicou Voderholzer nesse domingo no site da diocese.

Ao mesmo tempo, ele ressaltou o fato de que "o percentual de mulheres envolvidas em cargos de direção que não pressupõem a ordenação deve ser sensivelmente aumentado". Uma abadessa ou uma superiora-geral, uma conselheira de ordinariato ou uma diretora de uma escola eclesial teria "muito mais possibilidades organizacionais de uma nova função sacramental de serviço organizacional para as mulheres", explicou Voderholzer.

Independentemente desses problemas, os bispos católicos de Trier haviam se comprometido a aumentar significativamente o percentual de mulheres em cargos de direção.

Bispos alemães estão divididos sobre o diaconato feminino

Dentro da Conferência dos Bispos da Alemanha, as opiniões sobre o diaconato feminino divergem diametralmente. Enquanto o presidente da Conferência Episcopal, Robert Zollitsch, na conclusão da Assembleia Diocesana de Friburgo, prometeu se comprometer para criar uma nova função na Igreja Católica para as diaconisas, o bispo de Regensburg, Rudolf Voderholzer, também no domingo, não via nenhuma possibilidade para uma ordenação de mulheres como diaconisas.

Nessa segunda-feira, o Comitê Central dos Católicos Alemães (Zentralkomitee der Katholiken, ZdK), celebrou o "dia da diaconisa". Voderholzer explicou no site da sua diocese que, assim como a função de presbítero e de bispo, o diaconato também pertence inseparavelmente ao sacramento da Ordem. Esse sacramento, segundo a tradição da Igreja fundada sobre as Escrituras, é reservado aos homens.

Zollitsch, no fim de semana, diante de 300 delegados da Assembleia Diocesana de Friburgo, expressou-se de forma diferente. Ele afirmou que, segundo a agência de notícias católica KNA, iria apoiar uma nova função eclesial diaconal para as mulheres. Ou seja, ele se comprometeria "pelos novos serviços e funções que estão abertos também às mulheres, como por exemplo um diaconato específico para as mulheres". E que faria isso "com base na doutrina da Igreja Católica".

Ele prometeu que retomaria também as outras propostas de reforma eclesiais desenvolvidas: "Nada será esquecido ou ficará perdido. Comprometo-me a manter essas questões em discussão", disse Zollitsch. Por exemplo, ele tem a intenção de ir ao encontro dos divorciados em segunda união que até agora são excluídos de aspectos importantes da vida eclesial – por exemplo, da comunhão.

Na Baviera, ao contrário, Dom Voderholzer não vê nenhuma possibilidade para a ordenação de mulheres como diaconisas. Além disso, em sua opinião, uma abadessa, uma superiora-geral, uma conselheiro de ordinariato ou uma diretora de uma escola eclesial teria "muito mais possibilidades organizacionais" do que em uma nova função sacramental de serviço para as mulheres. E nisso ele se referia especificamente às atuais declarações de Zollitsch.

Na Assembleia Geral da primavera da Conferência Episcopal Alemã, o cardeal da Cúria Walter Kasper havia proposto que se refletisse sobre uma função diaconal feminina específica, um tipo de "diaconisa da comunidade". Até o presidente da Comissão de Pastoral da Conferência Episcopal, Dom Franz-Josef Bode, havia acolhido favoravelmente a proposta.

Nesse sentido, segundo Kasper, é possível conectar-se à tradição particular das diaconisas na Igreja primitiva, que ainda hoje continua em algumas Igrejas ortodoxas orientais.

Essa função, no estado atual da pesquisa, era fundamentalmente diferente da função diaconal dos homens, que hoje constitui uma fase inicial da ordenação a presbítero e a bispo. Por isso, uma participação das mulheres na função presbiteral e no correspondente diaconato específico dos homens não é possível por motivos dogmáticos.

Independentemente desses problemas, os bispos católicos haviam se comprometido a aumentar sensivelmente o percentual de mulheres em posições de direção que não pressupõem a ordenação.

A formação das diaconisas já está em andamento

O Comitê Central dos Católicos (ZdK) e a Rede Diaconato Feminino (Netzwerk Diakonat der Frau) não pretendem aceitar a situação atual e, por isso, celebram juntos no dia 29 de abril o "Dia da Diaconisa" pela primeira vez. "Trata-se de fazer com que esse tema esteja no centro das atenções e que lhe seja conferida uma importância pública", disse a presidente da Rede, Irmentraud Kobusch, ao site oficial da Igreja Católica na Alemanha, www.katholisch.de (Bonn ): "Simplesmente, chegou a hora. Há muito tempo se delineia uma situação em que as gerações mais jovens não resistirão por muito tempo". Por muito tempo, a pergunta ficou sem resposta.

Segundo a intenção dos organizadores, o "Dia da Diaconisa" é acima de tudo em favor da Igreja, explicou Kobusch. Cerca de 80% do serviço ao povo da Igreja é fornecido por mulheres.

Isso significa que a Igreja ganharia muito em credibilidade se as mulheres estivessem presentes na função do diaconato. Naturalmente, as mulheres podem cuidar dos doentes ou cuidar dos sem-teto, sem por isso receber a ordenação. Mas algumas dessas mulheres se sentem "chamadas para a função de diaconisa".

A Rede ofereceu a essas mulheres, há alguns anos, a possibilidade de seguir essa vocação e de se qualificar para um serviço de direção em uma Igreja diaconal. Portanto, tratou-se de algo mais do que uma preparação para um caso puramente teórico, declarou Kobusch: "As 23 mulheres que nós formamos até agora dão ao diaconato feminino um rosto e uma história da sua vocação para a sua esperança. Ele também contribuem para testar concretamente na vida o que poderia realmente significar um diaconato feminino".
Fonte: Ihu

Nenhum comentário: