segunda-feira, 2 de julho de 2012

Prostituição atrai turistas à Polônia e luta por espaço com a Euro


A brasileira Sara Winter compõe o grupo Femen, formado majoritariamente por mulheres ucranianas que têm feito protestos contra a prostituição no outro país anfitrião da Europa: a Ucrânia. Ela lembra que no Brasil a situação também é semelhante. "As pessoas podem não conhecer, mas o governo neglicencia. Em Maceió, Belém ou Recife, por exemplo, chegam aviões cheios de turistas com o único objetivo da prostituição com as jovens locais", contou.

A primeira razão para muitos turistas virem até a Polônia é o sexo. A segunda é a Eurocopa". É assim que Joszef, taxista polonês na capital Varsóvia, descreve a relação entre prostituição e o torneio de seleções do Velho Continente. De fato, ao caminhar pelas cidades do país co-anfitrião é possível notar que há razão nas palavras dele. As propagandas para os clubes de sexo estão espalhadas por todo o canto.
Em placas gigantes ou em pequenos panfletos facilmente perceptíveis, o convite é expresso para se conhecer mais da prostituição local. Os anúncios são acompanhados de fotos sensuais e oferecem regalias, como serviço de transporte para os turistas.
 "Se você não tiver carro, nós vamos até você", sugere um deles, em inglês. Em um país de religiosidade aflorada e personificada em João Paulo II, chega a surpreender a forma como o sexo é vendido abertamente. Seja em Varsóvia, Gdansk ou na badalada Sopot, por exemplo.
 Na semifinal entre Itália e Alemanha, na última quinta, moças de boa aparência entregavam panfletos a torcedores com sugestões - picantes, digamos - para o pós-jogo dos turistas.
 "Eles se interessam muito porque, além de nossas garotas serem bonitas, os preços são muito mais baratos. Em outros países você pode gastar 300 euros (cerca de R$ 750) por uma noite. Aqui você gosta 250 zlots (cerca de R$ 130). É vantajoso", explica Josef. Ele assegura não apreciar o tipo de programa preferido dos visitantes.
 A brasileira Sara Winter compõe o grupo Femen, formado majoritariamente por mulheres ucranianas que têm feito protestos contra a prostituição no outro país anfitrião da Europa: a Ucrânia. Segundo ela, e algo confirmado por Josef, as moças ucranianas representam a principal mão de obra do sexo na Europa, seja no Leste Europeu ou em países como Holanda e Alemanha, por exemplo.
 "A população conhece e negligencia tudo isso. Já os governos fazem parte dessa máfia, incentivam esse tipo de comércio", conta Sara Winter ao Terra.
 "Passei por Varsóvia e outras cidades polonesas menores e é realmente tudo exposto, muito vasto. São muitas propagandas em metrô, nas ruas e em todos os lugares. Ninguém tem medo disso", afirmou a brasileira. Ela atualmente reside em Kiev e está engajada na luta por mais oportunidades às mulheres.
 Sara chamou a atenção do Femen após um protesto realizado durante a Virada Cultural em São Paulo e, por isso, foi convidada para se juntar à causa na Ucrânia. Ela lembra que no Brasil a situação também é semelhante.
 "As pessoas podem não conhecer, mas o governo neglicencia. Em Maceió, Belém ou Recife, por exemplo, chegam aviões cheios de turistas com o único objetivo da prostituição com as jovens locais", contou.
 Um turista brasileiro, que não quis ser identificado, visitou um clube de sexo em Poznán, outra sede polonesa na Euro, e revelou uma cena curiosa, quase surreal. Ao se aproximar de duas garotas locais para conversar, ouviu: "desculpe, você tem cara de não ter muito dinheiro, então vá falar com outra. Nós estamos esperando por alguém rico, um Roman Abramovich", disse com referência ao bilionário dono do Chelsea, clube inglês. Mais um sinal de que prostituição, turismo e futebol, na Eurocopa, são temas em comum.
De acordo com Sara Winter, ativista brasileira do Femen, ela já tem 12 mulheres de capitais do País interessadas em realizar protestos na Copa do Mundo de 2014. O grupo se notabilizou durante a Eurocopa, seja na Polônia ou na Ucrânia, por aparições públicas com os seios de fora e cartazes ofensivos contra a prostituição e o turismo sexual.
A ativista também assegura que as próprias líderes do Femen, em 2014, devem viajar ao Brasil para participar de protestos semelhantes. "As pessoas podem não conhecer, mas o governo neglicencia. Em Maceió, Belém ou Recife, por exemplo, chegam aviões cheios de turistas com o único objetivo da prostituição com as jovens locais", contou.
Nos próximos dias, as líderes do Femen viajam até Londres para também realizar protestos durante os Jogos Olímpicos. Já a brasileira Sara, com o fim da Eurocopa, retorna ao País após duas semanas em Kiev e ficará responsável por organizar e liderar projetos das ativistas na América Latina, além de criar uma loja virtual. Ela contará com ajuda de custo de aproximadamente R$ 1 mil mensais.

Fonte: Terra

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