segunda-feira, 4 de junho de 2012

Prostitutas pedem à OEA legalização de seu trabalho

 “É como se nós não existíssemos, Ou pelo menos como se não existíssemos como trabalhadoras”, diz Elena Reynaga, presidente da Rede de Mulheres Trabalhadoras Sexuais (a RedTraSex), uma entidade que representa 4 mil prostitutas de 15 países da América Latina e do Caribe, nascida na Costa Rica em 1997 e que tem sede em Buenos Aires. Elas estão do lado oposto aos que batalham pela criminalização da prostituição: pedem que seu trabalho seja legalizado.

 Querem ter os direitos e os deveres de todos os outros trabalhadores. Pagar impostos, receber aposentadoria, salário mínimo, crédito imobiliário. Querem poder se sustentar por si só e se ver livres de preconceitos. Seu pedido será entregue à Organização dos Estados Americanos, na Assembléia Geral que acontece entre 3 e 5 de julho na Bolívia. “Nossa posição é política”, diz Elena. “Mas não nos iludimos sobre as dificuldades que temos de enfrentar. Uma lei seria um passo, uma ferramenta”.
 Elena é contra o tráfico de mulheres, e a RedTraSex só aceita prostitutas que sejam trabalhadoras autônomas e maiores de idade. Mas ela também acredita que é necessário separar as mulheres abusadas pelo tráfico das que encontraram na prostituição um sustento possível. “Se deixam de me ver como uma vítima podem começar a me ver como um sujeito de direito”, diz.
 Ela defende que a legalização da prostituição, antes de qualquer outra questão, vai contra interesses de todos aqueles que hoje lucram com o tráfico e com a criminizalição: intermediários, policiais e juízes corruptos. “Criminalizar a prostituição só tem feito com que a vida das prostitutas autônomas piore”, diz Elena.
“Quando você fecha um prostíbulo, tem que imaginar onde vão parar as mulheres que estavam ali. No ano passado, na Argentina, os anúncios de sexo foram proibidos nos jornais [em um decreto presidencial de julho]. Os anúncios continuam existindo, mas agora são muito mais caros. E as mulheres que pagam”.
 Em alguns países, como a Holanda, a prostituição já é regulada e aceita pela sociedade. Na Inglaterra só é ilegal pagar por sexo se a mulher tiver sido forçada a trabalhar como prostituta (o cliente pode ser processado mesmo se alegar que não sabia disso de antemão).
 A cafetinagem e os anúncios de mulheres são proibidos. Outros lugares, por sua vez, tomaram a posição inversa: na Suécia, na Noruega e na Islândia, é ilegal comprar sexo, não vender. Assim a prostituição é criminalizada, mas quem comete crime é o cliente e não a prostituta.
Fonte:  Kelly Cristina Spinelly, em Terra Magazine

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