Depois da morte de Michele, as mulheres que batalham no hipercentro de BH e os agentes da Pastoral da Mulher de BH realizaram no dia 16 de junho um grande ato de repúdio à onda de violência de gênero, e especial à violência contra as mulheres que estão em situação de prostituição. Faixas e cartazes traziam o sentimento das manifestantes. O ato contou com a participação de membros da Defensoria Pública de Minas Gerais.
Durante a celebração religiosa presidida por Frei Gilvander fez-se memoria também de todas as que foram assassinadas nos últimos anos. As companheiras tomaram a palavra exigindo respeito aos direitos humanos também nos lugares de batalha, expressando a dor do silencio, a dor que se sente quando a voz que clama justiça é abafada ou silenciada. Falou-se de impunidade e injustiça. Demandou-se maior segurança nos hotéis, sobretudo se consideramos que as diárias que tem que pagar por quartos em condições precárias são altíssimas, e uma maior atenção da policia e dos órgãos judiciais na defesa dos direitos humanos. Reclamaram do descaso e do preconceito dos poderes públicos e da necessidade de uma maior organização delas para enfrentar a situação.
Frei Gilvander nos ajudou a lembrar de como na Bíblia os processos libertadores são impulsionados pelas mulheres. Ofereceu-nos sinais de esperança, e nos encorajou a ser sal, luz e fermento para as outras colegas, assumindo a defesa de todas as companheiras que lutam pela sobrevivência no hipercentro de Belo horizonte
Estamos lutando contra os feminicídios, estamos lutando pelo fim da violência contra as mulheres. Exigimos a investigação e punição dos assassinos e agressores. Mas existem ainda mais responsáveis do que os executores diretos dessa violência. A sociedade tem sua parte quando aceita, compactua e se cala diante das agressões, considerando ‘normal’, tal violação de gênero. O combate ao fenômeno da Violência contra a Mulher não é função exclusiva do Estado; a sociedade também precisa se conscientizar sobre a sua responsabilidade, no sentido de não aceitar conviver com este tipo de violência, pois, ao se calar, ela contribui para a perpetuação da impunidade. Teremos que começar a ensinar nossas crianças a respeitar e dar os mesmos direitos as diferenças, e a igualdade de gênero, da mesma forma que as ensinamos falar, ler ou escrever.
E os órgãos públicos têm contribuído para o agravamento da situação, já que os direitos das mulheres não apenas se veem severamente ameaçados, como estão em franco retrocesso. Constatamos atualmente que a violência contra as mulheres é um grave problema social e constitui uma violação de seus direitos humanos, cuja origem principal se encontra nas desiguais relações de poder entre homens e mulheres.
A longo prazo, é necessário adotar políticas de promoção da igualdade de gênero visando construir uma nova sociedade baseada na igualdade e no respeito aos direitos humanos das mulheres.
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