O Grito dos Excluídos/as, que se realiza anualmente no dia 7 de setembro em todo o Brasil, chega a sua 21ª edição. Em 2015, o lema questiona “Que país é este que mata gente, que a mídia mente e nos consome?” e chama a atenção para a situação de violência que afeta sobretudo as juventudes das periferias, bem como alerta para o poder que os meios de comunicação exercem na manipulação da sociedade.
Na programação haverá caminhada,
apresentações culturais e artísticas (dança, capoeira, apresentações musicais e
teatro). A organização pretende debater situações atuais do contexto
brasileiro, refletindo sobre a conjuntura nacional e a Campanha da Fraternidade
2015 que trata da relação Igreja e sociedade.
Programação:
9.30 h - Concentração na Praça Raul Soares
10h30 - Caminhada pela Avenida
Afonso Pena
Eixo trabalho
Embora a classe trabalhadora seja
sujeito de fundamental importância no desenvolvimento da nação, historicamente
é alvo vulnerável de violação de direitos e da exploração do capital. Violação
e exploração que se concretizam nas condições precárias de trabalho e na falta
de acesso aos direitos básicos da família, como educação, saúde, moradia,
lazer, levando milhões de brasileiros à exclusão social.
Na última década houve avanços no
Brasil, como a redução dos índices de desemprego; facilitação de crédito e
incentivo ao consumo; implementação de políticas de distribuição de renda que
contribuíram para que o país saísse das primeiras posições no mapa mundial da
miséria. No entanto, é sabido que o capitalismo se reorganiza no mundo, o que
exige organização dos trabalhadores por seus direitos, bem como reformas
estruturais que possam transformar essas melhorias em mudanças.
Até porque, mesmo com a inclusão
de milhões de excluídos e excluídas, direito reservado até então para uma
pequena elite, não houve ruptura com as estruturas que geram desigualdades
sociais, e consequentemente sem tetos, famintos, sem terras, sem escolas, sem
transporte, sem serviços dignos de saúde, enfim.
Como alerta o ditado popular, os
direitos não são dados, mas conquistados. A luta de resistência e de
organização dos trabalhadores desde, principalmente o final do século XIX,
confluiu para a fixação de legislações com vistas a garantir os seus direitos e
frear a sede de exploração dos empregadores. Assim, a Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT), sancionada por decreto de Getúlio Vargas, em 1943, apesar
de limitada, regulamentava as relações de trabalho.
Ataques aos direitos trabalhistas
Na década de 1990, a CLT começa a
sofrer ataques que continuam ainda hoje. O governo neoliberal de Fernando
Henrique Cardoso se propunha a “atualizar” toda a legislação trabalhista, vista
na época como atrasada e pouco flexível (do ponto de vista do patronato).
Impedido pelo movimento social, partiu-se para introduzir modificações
pontuais, que flexibilizavam a forma de contratação, o tempo de trabalho e a
remuneração dos trabalhadores.
Para completar a negação de
direitos veio o PL 4330 de 2004, Projeto da Terceirização, que visa
desregulamentar a CLT e tornar precárias ainda mais as relações trabalhistas. A
flexibilização das leis trabalhistas contribui também para o aumento dos
índices de acidente de trabalho (80% dos casos seguidos de morte são em
empresas terceirizadas). Dados do Anuário Estatístico da Previdência Social
mostram que, no Brasil, em 2013, foram registrados 717.911 acidentes com 2.814
óbitos e 16.121 incapacidades permanentes. Além disso, os/as trabalhadores/as
terceirizados tem uma remuneração em média 24% menor e trabalham em média 3
horas a mais que os empregados formais.
Os ataques às leis trabalhistas
contribuem ainda para que se perpetue a desigualdade salarial entre homens e
mulheres. Sem falar das medidas provisórias 664 e 665 que mexem com os direitos
de auxílio-doença, pensão por morte, seguro-desemprego, legislação
previdenciária; a PEC 215 sobre a homologação das terras indígenas; a ausência
leis que viabilizem a reforma agrária.
A luta pela dignidade humana vai
além da luta pelo trabalho/emprego, ou pelos direitos trabalhistas. O conflito
capital-trabalho perpassa todos os direitos dos trabalhadores/as. É preciso
promover o trabalho para além da produção e geração de renda; deve ser
fortalecido enquanto um ato político, e que os/as trabalhadores/as ajudem a
determinar os rumos da sociedade.
Neste sentido, se faz necessário
unir todas as pessoas na luta por garantia de direitos trabalhistas, sociais,
pela garantia ao acesso à saúde pública, à educação pública e de qualidade, ao
direito a moradia digna, salário e emprego, ou seja, direitos básicos é mais um
dos eixos que norteiam o Grito deste ano e cabe a todos nós exigir que o Estado
assuma suas responsabilidades na garantia de direitos básicos dos seus cidadãos
e cidadãs.
Por Rádio Vaticano com
Pontifícias Obras Missionárias
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