Se quisermos estar sempre
cercados por pessoas do bem a maneira mais efetiva é procurar sempre fazer o
bem e, assim, colher o melhor lado do outro.
Em maio deste ano Matthieu Ricard
– monge budista que foi honrado como “o homem mais feliz do mundo” pela mídia
popular – esteve no Brasil para alguns eventos e eu tive o privilégio de
participar de um encontro em que ele palestrou.
Na ocasião, dentre várias
citações e ideias tocantes, ficou para mim uma mensagem central: o ser humano é
essencialmente bom. Sim. Esqueça tudo o que você já ouviu e ouve nesse sentido,
desde “o homem é o lobo do homem” até “atualmente é tão difícil encontrar
pessoas boas, honestas, etc, etc”. Somos TODOS potencialmente bons, o que
necessitamos é descobrir como explorar este potencial e ajudar aos outros que
estão ao nosso redor a fazer o mesmo.
Em seu livro A Revolução do altruísmo
Matthieu cita um fato curioso. Uma pesquisa realizada com os norte-americanos
fez a seguinte pergunta “quem você mais admira, o Dalai Lama ou Tom Cruise?”
80% responderam “Dalai Lama”. Entretanto, quando questionados, “qual dos dois
você gostaria de ser?” 70% dos entrevistados responderam “Tom Cruise”. Isso,
segundo ele, demonstra que reconhecer os verdadeiros valores humanos não nos
impede de sermos “seduzidos pelo engodo da riqueza, do poder e da celebridade e
de preferir a perspectiva de uma vida glamorosa à ideia de um esforço de
transformação espiritual.”
Essa sedução que ele cita me
incomoda bastante e, por vezes, me angustia. Em diversos momentos, me pego
pensando o que estou fazendo para de fato ajudar quem precisa. E mesmo quando
identifico algumas ações, a angústia ainda permanece: será que eu não deveria
fazer mais? A resposta é sempre sim. No entanto tenho aprendido a cada dia que
fazer o bem não necessita de grandes oportunidades, são pequenas sementes de
amor a serem plantadas todos os dias. Precisamos abrir o coração ao outro para
que ele também abra o seu a nós e nos mostre toda sua generosidade.
Claro que existe um enorme valor
nas ações coletivas e super impactantes, entretanto, não é mandatório uma
grande mobilização para praticar a bondade. Todos ao nosso redor carecem de
amor, solidariedade e compaixão. Há uma frase atribuída a Madre Teresa que diz
“Nunca se preocupe com números. Ajude uma pessoa de cada vez, e sempre comece
pela mais próxima de você”. Direto, simples e transformador.
Desde que ouvi Matthieu falar, e
comecei a ler o seu livro, volta e meia me lembro de uma frase que meu avô
costumava dizer e sempre me marcou: “tem gente ruim nesse mundo, mas, com
certeza, tem muito mais gente boa”. Era o jeito dele de falar sobre a essência
bondosa do ser humano explicada pelo monge. Ele era um homem simples, com um
coração amoroso e cheio de fé. Não possuía dados formais para confirmar suas
palavras, somente uma rica experiência de vida pautada no desapego e na
generosidade. Tinha sempre um sorriso no rosto e era verdadeiramente feliz.
Seu exemplo me deixou uma lição:
se quisermos estar sempre cercados por pessoas do bem a maneira mais efetiva é
procurar sempre fazer o bem e, assim, colher o melhor lado do outro. Pode
parecer clichê e ao mesmo tempo desafiador, mas, com certeza, vale a reflexão
e, principalmente, o esforço. Matthieu enfatiza em seu livro ser essa,
juntamente com práticas de meditação, a única forma de se encontrar a
felicidade. E, como eu disse no início, ele tem experiência no assunto…
Fonte: (Raquel Rocha) Brasil Post
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