Quase um terço dos casos de
trabalho escravo acompanhados pelo Programa de Enfrentamento ao Tráfico de
Pessoas (PETP) em Minas são de estrangeiros, a maioria deles haitiana. O
balanço foi divulgado nesta quarta, em audiência pública na Assembleia
Legislativa de Minas Gerais (ALMG), e revela que o Estado já começa a receber
um número maior de imigrantes vulneráveis a cumprirem jornada de trabalho
exaustiva e em condições degradantes.
Debate. Balanço foi divulgado
ontem em audiência sobre tráfico de pessoas realizada na ALMG
Desde 2012, quando o programa
começou a funcionar, foram atendidos 507 casos envolvendo o tráfico de pessoas,
480 deles relacionadas ao trabalho escravo. Desse total, 120 são de haitianos
que foram resgatados após serem explorados, principalmente no setor da
construção civil. Outros dez casos são de bolivianos encontrados na mesma
situação.
“Até então a gente via esta pauta
sendo levantada pelo governo do Estado de São Paulo. Agora percebemos que está
acontecendo também aqui em Minas, especialmente com haitianos e bolivianos. O
grande desafio está em conseguir uma rede ampliada de serviços para dar suporte
aos imigrantes”, analisou a coordenadora do PETP, Flávia Gotelip. Ela destacou
que Minas ainda não tem política específica voltada para a questão de
imigração. “Não temos uma casa do imigrante, e os demais abrigos são
limitados”.
Subsecretário de Estado de Direitos
Humanos, Leonardo Nader informou que será realizado diagnóstico específico para
definir políticas para imigrantes. “O imigrante é sempre vulnerável. Eles
correm o risco de serem ludibriados e explorados”, afirmou.
Legalização. Quando chegam ao Brasil,
os haitianos são regularizados e recebem a carteira de trabalho, o que garante
a eles proteção maior, mas não impede que eles sejam explorados, explicou Duval
Magalhães, professor de Demografia da PUC Minas.
“Como estão aqui muitas vezes com
o objetivo de juntar dinheiro, eles estão dispostos a se submeter a jornadas
excessivas de trabalho”. O principal destino dos haitianos é o Sul do Brasil,
onde eles estão sendo contratados para trabalhar regularmente em frigoríficos,
segundo Magalhães.
imigrantes estavam entre os
atendidos pela iniciativa por sofrerem exploração
Mineração
Resgate. O maior resgate de
haitianos em trabalho escravo ocorreu em 2013, quando 80 imigrantes foram
encontrados em Conceição do Mato Dentro, na região Central, cumprindo jornadas
excessivas em obras de uma mineradora.
Fonte: O Tempo
Nenhum comentário:
Postar um comentário