terça-feira, 26 de maio de 2015

Gueixas tradicionais atendem clientes de multinacionais

Vestindo quimono, Reiko Tomimori, 62, faz uma grande reverência para saudar os clientes que chegam à Ochaya Tomikiku, sua casa de chá. A seguir, ela os acompanha a uma sala no segundo andar onde gueixas e maikos (futuras gueixas) os entretêm.


Muito em sua casa de chá está evoluindo, a começar pelo número crescente de clientes estrangeiros que a frequentam. Eles podem ser convidados de uma das mais de 30 multinacionais que usam gueixas para divertir os clientes. Pouco tempo atrás, Reiko, rompendo a prática usual, começou a aceitar visitantes sem convites ou acompanhantes, mas que querem passar algum tempo na companhia de gueixas. Outras casas de chá estão fazendo o mesmo. “Tradicionalmente, esse negócio só é aberto a clientes habituais”, contou Reiko.

Entretanto, como a economia japonesa continua sofrendo, ela começou a aceitar estrangeiros. No processo, criou uma casa de chá bilíngue que desempenha um pequeno papel em negócios internacionais.

Reiko fala inglês, bem como a mais jovem de suas estagiárias, a maiko Tomitsuyu. “Para a maioria dos clientes, é a primeira vez que eles veem uma ‘maiko-san’ ou ‘geiko-san’, e eles estão sempre interessados nesse tipo de cultura”, contou Tomitsuyu, 18, usando o termo regional “geiko” para se referir às gueixas.


O conhecimento do idioma, adquirido como estudante de intercâmbio na Nova Zelândia, lhe permite conversar com clientes que falam inglês, responder a perguntas sobre sua vida, família e treinamento. “As mulher querem saber sobre quimono e maquiagem”, ela disse.

Tipicamente, as gueixas atuam como anfitriãs, participando de conversas e incentivando os convidados a se misturarem. Elas preparam e servem comida, chá e outras bebidas, além de executar danças e músicas tradicionais. Algumas tocam um instrumento de cordas. A cerimônia do chá, com uma hora de duração, para seis clientes e uma maiko, a futura gueixa, custa aproximadamente US$ 250.

Embora costume-se pensar nas gueixas como companhias sexuais dos clientes – e antigamente elas podem ter oferecido experiências sexuais por um preço –, entende-se que essa prática foi abandonada.

Ao descrever como ela e as outras estagiárias são pagas, Tomitsuyu contou que a dona da casa de chá era uma espécie de agente. Reiko banca todos os gastos com quimonos, maquiagem, aulas e cabeleireiros. Tudo que Tomitsuyu ganhar durante cinco anos como maiko vai para Reiko. Tomitsuyu recebe apenas uma ajuda de custo.

A maioria das outras casas de chá se recusa a aceitar estrangeiros sem acompanhante e a permitir que as gueixas falem inglês. Fumie Komai, a matrona da casa de chá Komayah, declarou que não tinha interesse em estrangeiros desacompanhados. Embora muitos clientes habituais tragam parceiros comerciais não japoneses, ela deixa que eles traduzam a conversa entre os convidados e as gueixas.

Fonte: O Tempo

Nenhum comentário: