Para começo de conversa, vale
explicar que o dia (20) e mês (novembro) da Consciência Negra só é polêmico,
problemático ou duvidoso para quem se sente desconfortável em assumir que vive
em um dos mais racistas dos países. E também para quem está cheio de
privilégios e com resistência em assumi-los.
Por Marcelo Moreira de Jesus via
Guest Post para o Portal Geledés
Pois é. O mito da democracia
racial ainda impede que exaltemos nossos heróis e heroínas negras porque,
afinal de contas, “estamos em um país miscigenado”, onde “não existe dia da
consciência branca”, onde “#SomosTodosMaju”, onde “não existem raças, somos
todos humanos”, e onde “a miscigenação é nosso grande tesouro nacional” e bla,
bla, bla… Bullshit!
O Brasil ainda é um pais onde
quem mais sofre com o machismo é a mulher negra, onde quem mais sofre com a
violência policial é o homem negro, onde quem mais sofre com a
hipersexualizaçao é o corpo negro, onde quem mais sofre xenofobia é o/a
imigrante negro/a, onde quem mais sofre agressão racista é o povo preto.
Então, para entender e respeitar
o importante mês da consciência negra, primeiro precisamos (AINDA!!) ser
didáticos e apresentar esta triste realidade brasileira.
Junto a tal triste realidade,
faço questão de apresentar diversos grupos de ativistas a favor de cotas
raciais nas universidades, grupos contra o genocídio da população jovem negra e
periférica, coletivos contra o racismo institucional, projetos por maior
visibilidade negra nos meios de comunicação e nas redes, etc, etc…
Ou seja, estamos vivos,
resistindo, lutando. Mais do que isso, estamos reverenciando o nosso líder
Zumbi dos Palmares sim! E Dandara também, e Luiz Gama também, e Claudia, e
Eduardo, e Amarildo, e todos outros que estão PRESENTES. Sim, nossos mortos
ainda vivem. Não vai ser qualquer um que vai nos silenciar com o discurso
fajuto e hipócrita do “SOMOS TODOS IGUAIS”.
Não somos iguais e todos sabemos
disso. No dia em que veremos negros formados nas faculdades na mesma proporção
que brancos, quando tivermos maioria negras assumindo posições de poder, quando
o negro não for mais destaque do genocídio, quando a pobreza, a fome, a falta
de educação não forem mais pautas da população negra periférica, quando
punirmos os covardes que cometem crimes de racismo, quando valorizarmos as
culturas africanas… Ai SIM, cara pálida: Aí falaremos da “consciência humana”.
E, ainda assim, gritarei “Zumbi
Vive!”. Porque ele e muitos outros vivem. A minha consciência tem milhares de
vozes, e cada voz traz milhares de histórias. E que venha o dia 20 de novembro!
Comoremos. Ubuntu. 4P.
Ps.: O projeto “Negros
(In)Visíveis” continua nas redes sociais coletando posts de negras e negro que
inspiram. A exposição e reconstrução da História Negra sãos necessárias.
Fonte: Geledes
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