Em carta aberta de apoio ao Papa
Francisco, teólogos/as de todo o mundo se dizem "perplexos” com a oposição
de alguns cardeais ao modo de Francisco conduzir o Sínodo e a Igreja. Tais
grupos estariam postulando uma volta ao "modelo de Igreja do passado”, em
uma espécie de campanha mundial contra o Sumo Pontífice, especialmente dentro
da Cúria Romana. O principal objetivo é desestabilizar o modo de ser Papa,
"despojado dos símbolos de poder”. Aderiram à carta cerca de 300 pessoas
do Brasil, de toda América Latina, Caribe e representantes da Europa, do Canadá
e dos Estados Unidos.
"Somos muitos na América
Latina, no Caribe e noutras partes do mundo, que acompanhamos, com preocupação,
a oposição e os ataques que lhe fazem minorias conservadoras, mas poderosas de
dentro e de fora da Igreja.”, diz o documento. Segundo a carta, o bispo de Roma
é guiado mais pela caridade do que pelo direito canônico, mais pela
colegialidade e pela cooperação do que pelo exercício solitário do poder, e
nada resistiria à bondade e à ternura, das quais o Papa é um "esplêndido
exemplo”. Dessa forma, quaisquer intentos de deslegitimarem Francisco não terão
êxito. "Da história aprendemos que, onde prevalece o poder, desaparece o
amor e se extingue a misericórdia, valores centrais da sua pregação e da de
Jesus”.
Segundo os teólogos que assinam o
documento, a oposição ao Papa Francisco visa a uma retomada de um modelo de
Igreja do passado.
O texto foi apresentado pelo
teólogo brasileiro Leonardo Boff durante o II Congresso Continental de
Teologia, realizado de 26 a 30 de outubro, em Belo Horizonte (Estado de Minas
Gerais), pela rede Ameríndia. Em entrevista à Adital, Boff explica que 15 dias
antes do Congresso ele estava em Roma, onde teve a oportunidade de conversar
com o embaixador argentino junto a Santa Sé, muito próximo ao Papa.
Boff teria, então, recebido um
pedido pessoal do Papa para apoiá-lo na defesa contra as agressões que estaria
sofrendo a partir de duas frentes – internamente, pelas oposições de bispos, da
Cúria Romana, inclusive, com difamações; e externamente, por grupos de leigos
conservadores, pessoas que o consideram, como os Estados Unidos, um comunista,
marxista, porque ele exige transformações na economia, na política, na defesa
dos pobres.
"Ele está numa situação
altamente crítica e pediu o apoio dos cristãos e das pessoas do mundo inteiro,
de boa vontade, interessadas no bem na humanidade, para que deem apoio
explícito a ele.”, revela Boff. Segundo o teólogo, o objetivo é lançar a carta
nas grandes mídias mundiais, para que do mundo inteiro as pessoas possam
subscreverem o documento. O texto já foi traduzido para seis idiomas:
português, espanhol, alemão, inglês, francês e italiano.
No documento, os teólogos afirmam
que a Igreja Católica é, hoje, uma Igreja do Terceiro Mundo, pois somente 25%
dos católicos vivem na Europa, sendo o futuro da Igreja decidido nessas
regiões, onde "sopra fortemente o Espírito”. Portanto, para não se tornar
refém da cultura ocidental, a Igreja Católica precisaria se
"des-ocidentalizar”, abrindo-se ao processo de "mundialização”, que
favorece o encontro das culturas e dos caminhos espirituais.
"Queremos estar ao seu lado,
apoiá-lo em sua visão evangélica e libertadora de Igreja, conferir-lhe coragem
e força interior, para nos atualizar, por palavras e gestos, a Tradição de
Jesus feita de amor (...). Continue a mostrar a todos que o evangelho é uma
proposta boa para toda a humanidade, que a mensagem cristã é uma força
inspiradora no "cuidado da Casa Comum”, e geradora de uma pequena
antecipação de uma Terra reconciliada consigo mesma, com todos os seres
humanos...”, conclui o documento.
O diretor executivo da Agência de
Informação Frei Tito para a América Latina e Caribe (Adital) reitera a
importância que movimentos sociais, organizações, coletivos e pessoas de todo o
mundo, ligadas ou não à Igreja, manifestem publicamente seu apoio ao Papa
Francisco e sua adesão a este manifesto.
Para os que quiserem enviar sua adesão à Carta de Apoio ao Papa Francisco, devem remetê-la para o novo e-mail apoyoalpapafrancisco@yahoo.com
e não mais para valecarusi@gmail.com.
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Fonte: Adital
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