Quem vê os muros intransponíveis
da Penitenciária Dr. Edvaldo Gomes, em Petrolina, nem imagina que o lugar onde
os presos deveriam cumprir pena pelos crimes, na verdade vem sendo palco de
orgias regadas a prostitutas que chegam a passar dias dentro da unidade
prisional.
A denúncia é das esposas dos
detentos, as quais dizem não aguentar mais a “humilhação” de serem substituídas
pelas prostitutas durante as visitas íntimas. Elas também querem saber como os
maridos conseguem contratar as prostitutas fora do presídio.
Vivendo a triste rotina de
visitas prisionais há quatro anos, a comunitária Carolaine Magalhães conta que
as prostitutas entram tranquilamente na penitenciária e algumas chegam a ficar
dias “faturando” dentro do ambiente onde, pela regra, apenas as pessoas da
família estariam autorizadas a entrar.
A situação é tão crítica que,
segundo relatos das esposas, alguns presos chegam a levar três prostitutas de
uma só vez para dentro de sua cela. “Lá a coisa é um terror. É orgia. Todo mundo
sabe a bagunça que é. Tem preso com dinheiro que chega a levar três prostitutas
de vez para a cela. E elas [prostitutas] ainda saem contando vantagem, dizendo
quanto faturaram com os maridos, que elas chamam de mercadoria”, conta uma das
esposas.
Prostituição e violência
As mulheres contam que o fato não
acontece apenas nos dias destinados às visitas íntimas. Algumas prostitutas
chegam a passar muito mais tempo dentro da penitenciária. “Há alguns dias eu
fiquei sabendo que uma delas [prostituta] ficou foi mais de três dias lá
dentro. E foi bem no meio da semana, quando ninguém tem direito a visitar preso
nenhum”, disse a esposa.
Para Patrícia dos Santos – que
também é esposa de um detento – o caso precisa ser investigado para que as
mulheres dos presos possam ter o mínimo de dignidade no momento de visitar seus
maridos. “O que a gente quer saber é como é que uma prostituta bota o nome e
entra no lugar da mulher do preso. Porque eles [agentes] não respeitam a gente,
que muitas vezes vem de longe com sacolas pesadas com comida, filhos e tudo
mais e não tem respeito. Aí a mulher vem para fazer a visita e quando chega, já
tem outra. Como é que pode uma coisa assim?”, questiona.
Um fato ainda mais intrigante da
denúncia é que as prostitutas que mantêm relações sexuais com os detentos
chegam a ameaçar e até agredir as esposas, quando não recebem o valor acertado
pelo programa.
“Elas [prostitutas] saem, tiram
onda da cara da gente e ainda espancam e ameaçam as esposas do lado de fora,
quando os homens não pagam. Eu mesma já vi mulher lá sendo espancada pelas
prostitutas”, diz Carolaine.
Controle ineficiente
Incomodadas com a situação, as
mulheres dos detentos cobram da direção do presídio o porquê de as prostitutas
terem acesso livre. “Eu só sei que elas chegam na fila, mostram um papel para
os agentes e entram. Já denunciaram isso ao diretor e ele disse que ia
investigar, mas até agora está tudo do mesmo jeito”, afirma Carolaine.
As mulheres dos detentos dizem
ainda que as prostitutas estariam tendo acesso ao cadastro de visitantes e
assim conseguem uma suposta autorização para entrar no lugar das esposas. “Um
dia desses uma colega minha foi para uma visita íntima ao marido e quando
apresentou a ficha dela de cadastro, o agente disse que ele já estava com a
esposa na visita. Quer dizer, a mulher vem de longe e quando chega é
substituída pela prostituta”, relata.
O diretor da unidade, Alessandro
Barbosa, explicou ao Blog que cada detento tem direito a cinco visitas
semanais, além da visita íntima que é feita aos sábados. Para ter acesso ao
pátio de visitas, os familiares precisam constar em um cadastro, que é feito
pela administração do presídio mediante apresentação de documentos que
comprovem o parentesco com o detento. As visitas acontecem de 8h às 16h.
Sobre as denúncias, a Secretaria
de Ressocialização do Estado (SERES) enviou uma nota ao Blog na qual informou
que “as denúncias serão apuradas pela Gerência de Inteligência e Segurança
Orgânica do município (Giso) e, se necessário, serão tomadas as devidas
providências”. A Penitenciária Dr. Edvaldo Gomes possui 417 celas e atualmente
está com 1.341 detentos.
Fonte: Blog de Carlos Britto e Folha
de Pernambuco
Nenhum comentário:
Postar um comentário