Garotas de programa e travestis
afirmam que o movimento de clientes caiu pelo menos 50% no Recife.
Se há falta de dinheiro ou se os
produtos estão cada vez mais caros, a culpa é toda dela: a crise. Ela também é
a justificativa para o poder público cortar gastos e reduzir investimentos. A
economia brasileira está desgastada e diversos setores não têm o que comemorar.
Há quem diga que para diminuir o prejuízo, a população precisa evitar gastos
supérfluos. Além disso, não diferente de setores como comércio, serviços e
indústria, uma área que envolve desejo e prática sexual parece que também foi
afetada pela crise, segundo fontes. De acordo com profissionais do sexo
atuantes no Recife, a prostituição tem sofrido com a falta de dinheiro dos
clientes.
Figuras comuns nas madrugadas
recifenses, garotas de programa e travestis não estão satisfeitos com a
movimentação de clientes. Rebeka Delmer, de 29 anos, é uma dessas pessoas. Há
três anos, a recifense se prostitui à beira de uma BR localizada no bairro do
Engenho do Meio, Zona Oeste da cidade. Segundo Rebeka, o número de clientes
caiu pelo menos 50%.
“Trabalho aqui neste ponto de
terça a domingo, a partir das 17h. Na época boa, chegava a atender numa só noite
no mínimo quatro clientes. Hoje, por causa desta danada da crise, se eu ficar
com dois homens numa noite é muito. E olhe que meu preço é bom... Se for pra
transar no carro, meu programa custa R$ 40. Agora, se for no motel, cobro R$
50. Mas os clientes estão reclamando muito... Eles dizem que não têm dinheiro e
às vezes querem transar até de graça”, conta a profissional do sexo. Veja o
depoimento de Rebeka no vídeo a seguir:
Era quase meia noite de uma
terça-feira quando a reportagem do LeiaJá entrevistou Vanessa, de 22 anos. Seu
ponto de prostituição fica próximo à Avenida Caxangá, nas imediações de um
famoso supermercado. De acordo com a profissional do sexo, o local é
estratégico e por isso ela sempre teve muitos clientes, porém, “por causa da
crise econômica”, Vanessa revela que a quantidade de programas despencou. “Num
dia bom, falando com muita sinceridade, eu fazia de 20 a 25 programas. Do
começo do ano pra cá a coisa ficou tão ruim que hoje não chego nem a dez. O mês
de maio mesmo foi horrível”, relata. A companheira de Vanessa, identificada
como Larissa Borm, de 23 anos, também reclama do movimento. “Está muito fraco
mesmo! A sorte são os clientes mais antigos. Mesmo assim, até eles estão me
procurando com menor frequência”, diz Larrisa. Durante a entrevista que durou
cerca de 40 minutos, nossa reportagem não identificou abordagens de clientes às
profissionais do sexo. As duas profissionais cobram pelos programas de R$ 40 a
R$ 70.
Reclamação também na Zona Sul
Bairro de forte atuação de
prostitutas, Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, também tem garotas de programa
que estão insatisfeitas com o movimento de clientes. A jovem Poliana, 18, que
há três anos vende o corpo na Avenida Conselheiro Aguiar, revela que o número
de clientes caiu mais de 50%. De acordo com ela, a reclamação dos clientes é
constante. “Amor, não venho mais te procurar porque a crise chegou lá em
casa... É isso o que muitos clientes estão me dizendo. O movimento está
horrível! O povo está liso”, declara Poliana, afirmando faturar R$ 3 mil
mensais. Antes, segundo ela, seu orçamento chegava a R$ 5 mil.
Oferecendo programas sexuais a
partir de R$ 100, Tuane França (foto abaixo), de 22 anos, também culpa a crise
pela falta de clientes. “Nunca vi um movimento assim. Caiu muito! Eles preferem
gastar com outras coisas”, conta Tuane. A garota de programa também se
prostitui na Conselheiro Aguiar.
De acordo com a presidente da
Associação das Profissionais do Sexo de Pernambuco (APPS), Nanci Feijo, apesar
de não existir um levantamento que detalhe queda no número de clientes das
prostitutas, já se sabe, de maneira informal, que a crise afetou a prostituição
no Recife. Segundo Nanci, durante as ações da APPS de distribuição de
preservativos para as garotas, as equipes da Associação estão escutando muitas
reclamações sobre a queda na clientela.
“Elas falam que realmente está
ruim. Mas na verdade, a crise está afetando praticamente todos os setores da
economia brasileira. O que ainda sustenta o orçamento das meninas são os
clientes fiéis. As garotas novatas, principalmente que vêm do interior, estão
tendo muita dificuldade para encontrar clientes”, diz a presidente da APPS.
Segundo dados da Associação,
Recife tem atualmente, pelo menos, 290 prostitutas cadastradas na APPS. Porém,
de acordo com Nanci, o número geral, incluindo as não associadas, é bem maior.
A presidente revelou que nos próximos meses será realizado um novo levantamento
a nível estadual para identificar a quantidade real de profissionais do sexo em
Pernambuco.
Fonte: www.pernambuco.ig.com.br
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