Agenciadores contam que “uma moça
que coloca o rosto na TV pode receber até R$ 3 mil por hora".
Não adianta perguntar. No mundo
da prostituição de alto luxo não existem nomes. Ou pelo menos, eles não devem
ser revelados jamais. O segredo é a alma do negócio, e foi em nome dele que
dois agenciadores do Rio toparam contar ao EGO como funciona o mundo do book
rosa, a expressão que ganhou as ruas por causa da novela "Verdades Secretas". Nele, além de
modelos, figuram também atrizes iniciantes e assistentes de palco de programas
de TV, como o EGO mostra na série de reportagem "Dossiê Book Rosa".
O primeiro agenciador começou no
ramo por acaso. Trabalhava como motorista de um empresário e, de tanto ir
buscar meninas para o patrão, acabou ficando amigo de algumas delas. Terminado
seu contrato de trabalho, ele montou uma espécie de sociedade com moças do book
rosa. Levava para os programas, devolvia em casa e, em alguns casos, até
defendia a profissional em caso de alguma furada.
“Já tive que tirar duas meninas das mãos de
traficante. Um deles marcou encontro dizendo que queria um programa e, chegando
lá, tinha mais seis caras na jogada para barbarizar. Esse dia foi complicado”,
lembra ele, acrescentando que esse tipo de situação é exceção. Em geral, as
complicações giram em torno do abuso de estimulante sexual e álcool.
O agente conta ainda que trabalha
mais com modelos, que os nomes mais badalados do mercado e que colocam o rosto
na TV ficam no book de outros três cafetões. “Elas têm medo que esse tipo de
coisa vaze, e só confiam em mais uma ou duas pessoas que sabem que elas fazem
book rosa”, revela.
Os termos empregados nas
negociações também sofrem alterações para evitar problemas. No lugar de cachê
ou programa, entra em cena o “presente”.
“Elas não dizem que recebem
pagamento. Dizem que recebem um presente de A ou B. E elas sempre gostam de um
bom presente”, diz ele, revelando que uma moça que coloca o rosto na TV pode
receber um bom presente de até R$ 3 mil por hora. Modelos chamadas “capa de
revista”, mas sem fama, costumam ganhar “presentes” de R$ 400 por hora. Mas
festinhas que duram horas, e até dias, podem render até R$ 10 mil.
Agenciador
E quem tem tanto dinheiro assim
para gastar com prostituição? “Empresários, jogadores de futebol e até atores
tidos como galãs”, diz ele, soltando uma gargalhada ao ser perguntado pela
repórter se este ultimo nicho precisa mesmo deste tipo de serviço: “Não é o que
o cara é. É a fantasia. Tem certas coisas que o homem não vai fazer com sua
mulher. Aí procura uma profissional.”
Jogadores de futebol caem na
categoria controversa desse universo. O segundo agenciador entrevistado pelo
EGO diz que não gosta de fazer negócio com os atletas porque eles costumam ser
muito falastrões e acabam revelando nomes com quem já ficaram. Mas jogador de
futebol é também o alvo preferido das modelos desconhecidas que fazem programa,
e que sonham deixar essa vida. “Às vezes elas até deixam de fazer um programa e
ganhar dinheiro para ir a uma festinha de jogador de futebol. Elas sonham com o
dia com quem um deles vai olhar para elas de um jeito diferente e casar”, diz.
'Não tem glamour no book rosa'
Nosso segundo agenciador também
diz que estrangeiros costumam recorrer ao Brasil para conseguir belas garotas
de programas. No caso de viagem, além do cachê disparar, é pago em dólar ou
euro, e vem com todas as despesas da viagem pagas pelo contratante. Sendo que
50% do valor é pago antes da viagem e o restante depois.
Apesar da altas somas de
dinheiro, o agenciador faz questão de desglamourizar o mundo da prostituição
pelo book rosa. “Não tem glamour. Você não pega só o cara bonito, o empresário
cheiroso. Na maioria das vezes pega o ‘trash’ também, o velho babão. Elas
vendem o que têm de melhor, que é a beleza delas, e que costuma durar só até os
30 anos”, diz.
Além de "prazo de
validade" das moças, ele diz que o custo de manutenção de uma menina que
faz book rosa é alto. “Elas gastam com academia, roupas caras, perfumes,
sapatos, depilação. Algo que pode chegar em até R$ 5 mil por mês”, conta ele,
garantindo que não explora ninguém. “Não mexo no cachê da menina. Acho injusto.
Quando querem que eu arrume programa para ela, dizem o preço, coloco o meu
valor em cima e passo para o cliente. Acho injusto tirar dinheiro delas. Muitas
fazem por falta de opção mesmo”, diz.
Fonte: www.ego.globo.com
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