Acusações de abuso sexual feitas
por dezenas de mulheres americanas ao comediante e apresentador de TV Bill
Cosby têm casos semelhantes em Minas Gerais, onde muitas vítimas foram drogadas
e violentadas.
QUINHOO personagem principal é
comediante, mas a história não tem nada de engraçado. Pelo contrário, em vez de
arrancar risadas, o último episódio da série que envolve o apresentador de TV
Bill Cosby é trágico e virou caso de polícia. A última edição da revista
quinzenal americana New York traz na capa fotos de 35 das 46 mulheres que
alegam ter sido estupradas após ser dopadas com um forte sedativo pelo
comediante, em crimes cometidos ao longo de anos nas décadas de 1970 e 1980.
A história, que ganhou holofotes
em todo o mundo, é semelhante ao registrado por boletins de ocorrência em
Minas, onde autoridades policiais investigam abusos sexuais com uso de
soníferos e coquetéis de drogas que provocam sedação e amnésia conhecidos como
“boa noite cinderela”.
Levantamento feito pelo Estado de
Minas indica pelo menos 10 histórias semelhantes às das vítimas de Cosby, que
foram estupradas em Belo Horizonte e no interior de Minas depois de cair em
golpes com o uso de sedativos. O crime de estupro, de modo geral, cresceu em
2015 na capital (7,7%), na comparação com o ano passado, enquanto na região
metropolitana a elevação foi de 5,6%. No estado, houve queda de 2%.
Nos EUA, a estratégia de Cosby
descrita pela revista New York era sedar as mulheres durante aulas de
interpretação em que ele, geralmente, oferecia a elas um café ou drinque,
misturado com a droga que as deixava inconscientes e debilitadas. Por aqui, os
relatos das vítimas à polícia são semelhantes. Em depoimento, aquelas que
vencem o medo e o constrangimento do abuso afirmam ter ingerido algum tipo de
bebida e depois “apagado”.
Adjunta da Delegacia de Mulheres
de Belo Horizonte, a delegada Cristiane Ferreira Lopes afirma que são
frequentes os casos de estupro em que as mulheres relatam ter perdido a
consciência por terem sido dopadas. “De modo geral, há abuso de bebida alcoólica,
mas há casos em que os sintomas são muito semelhantes ao uso de sedativos.”
Outro problema relatado pela
polícia é a identificação do autor. Em um desses casos, uma jovem da capital,de
25 anos, dopada em um casa noturna da Região Centro-Sul, não soube informar à
polícia a identidade do agressor que a levou para a casa dele e a estuprou. Ela
contou à polícia que conheceu o agressor e que “ficou” com ele, assim como a
amiga que a acompanhava também se relacionou com o amigo do rapaz. Disseram que
beberam cerveja e que em alguns momentos foram ao banheiro e deixaram os copos
da bebida sobre o balcão. No depoimento, a jovem relata não se lembrar de mais
nada, “como se tivesse dormido e acordado horas depois”, consta no BO.
Quando retomou a consciência, a
vítima estava seminua, no quarto do agressor, que mantinha relações sexuais com
ela sem seu consentimento. Ainda segundo a ocorrência, “apesar de ter retomado
os sentidos, ela não conseguia se mover direito, estando com o corpo meio
dormente e sem poder de reação, com movimentos e raciocínio lentos, como se
estivesse grogue. A amiga também estava na casa e, apesar de vestida, também
tinha os mesmos sintomas. As duas procuraram a polícia.
Em Nova Lima, na Grande BH, dois
estupradores foram identificados pela Delegacia Especializada de Atendimento à
Mulher por dopar jovens e manter relação sexual com elas. Um deles foi detido
em abril. Agnaldo Ferreira de Aguiar, mais conhecido como Guina, foi preso,
acusado de colocar gotas do remédio Rivotril na bebida de pelo menos duas
mulheres, uma de 18 anos e a outra de 20.
VINHO De acordo com a delegada
titular Renata Ribeiro Fagundes, a jovem combinou de se encontrar com Guina em
um bar por meio de um aplicativo de relacionamento. “Eles chegaram ao bar e
pediram um vinho. Agnaldo pegou outro copo com gelo e jogou no vinho. A jovem
lembra-se de ter acordado no outro dia com muitas dores na região genital.”
Depois de fazer a denúncia, a
jovem foi encaminhada para exames e para receber tratamento de profilaxia de
doenças sexualmente transmissíveis. “Ele levava na mochila um vidro de
Rivotril, o medicamento que usou para dopar a jovem. Ele deu a ela oito gotas.
Para quem não toma o medicamento, três são suficientes para a pessoa apagar”,
informou a delegada.
Fonte: Estado de Minas
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