O reino de Deus não se difunde
com a imposição dos grandes, mas desde o acolher e defender os pequenos. Onde
estes se convertem no centro da atenção e cuidado, aí está chegando o reino de
Deus, a sociedade humana que quer o Pai.
A leitura que a Igreja propõe
neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo Marcos 10,2-16 que corresponde ao
27° Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José
Antonio Pagola comenta o texto. Eis o texto
O episódio parece insignificante.
No entanto, contém um fundo de grande importância para os seguidores de Jesus.
Segundo o relato de Marcos, alguns procuram aproximar de Jesus umas crianças
que estão por perto. Tudo que pretendem é que aquele homem de Deus lhes possa
tocar para comunicar-lhes algo da Sua força e da Sua vida. Ao que parece, era
uma crença popular.
Os discípulos aborrecem-se e
procuram impedir. Pretendem levantar um muro em torno de Jesus. Eles se
atribuem o poder de decidir quem pode chegar até Jesus e quem não pode.
Interpõem-se entre Ele e os mais pequenos, frágeis e necessitados daquela
sociedade. Em vez de facilitar o seu acesso a Jesus, obstaculizam-no.
Esqueceram-se já do gesto de
Jesus que, uns dias antes, colocou no centro do grupo uma criança para que
aprendam bem que são os pequenos os que hão de ser o centro de atenção e
cuidado dos Seus discípulos. Esqueceram-se de como o abraçou diante de todos,
convidando-os a acolher em Seu nome e com o Seu mesmo carinho.
Jesus indigna-se. Aquele
comportamento dos Seus discípulos é intolerável. Aborrecido, dá-lhes duas
ordens: “Deixem as crianças vir a mim. Não lhes proíbam”. Quem os ensinou a
atuar de uma forma tão contrária ao Seu Espírito? São, precisamente, os
pequenos, débeis e indefesos, os primeiros que hão de ter aberto o acesso a
Jesus.
A razão é muito profunda, pois
obedece aos desígnios do Pai: “Dos que são como eles é o reino de Deus”. No
reino de Deus e no grupo de Jesus, os que incomodam não são os pequenos, mas os
grandes e poderosos, os que querem dominar e ser os primeiros.
O centro da Sua comunidade não
deve estar ocupado por pessoas fortes e poderosas que se impõem aos outros
desde cima. Na Sua comunidade necessitam-se homens e mulheres que procuram o
último lugar para acolher, servir, abraçar e bendizer os mais débeis e
necessitados.
O reino de Deus não se difunde
com a imposição dos grandes, mas desde o acolher e defender os pequenos. Onde
estes se convertem no centro da atenção e cuidado, aí está chegando o reino de
Deus, a sociedade humana que quer o Pai.
Fonte: Ihu
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