Um dia o rosto desta Igreja
mudará. Aprenderá a atuar com mais compaixão; esquecerá os seus próprios
discursos e escutará o sofrimento das pessoas. Jesus tem força para transformar
os nossos corações e renovar as nossas comunidades.
A leitura que a Igreja propõe
neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 6,30-34 que
corresponde ao 16° Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Os discípulos, enviados por Jesus
para anunciar o seu Evangelho, voltam entusiasmados. Falta-lhes tempo para
contar ao seu Mestre tudo o que fizeram e ensinaram. Pelo que parece, Jesus
quer escutá-los com calma e convida-os a retirar-se “a sós para um sítio
tranquilo para descansar um pouco”.
As pessoas alteram todo o plano.
De todas as aldeias correm a procurá-lo. Já não é possível aquela reunião
tranquila que tinha projetado Jesus a sós com os Seus discípulos mais próximos.
Quando chegam ao lugar, a multidão invadiu tudo. Como reagirá Jesus?
O evangelista descreve com
detalhe a Sua atitude. Jesus nunca fica incomodado pelas pessoas. Fixa seu
olhar na multidão. Sabe olhar, não só às pessoas concretas e próximas, mas
também a essa massa de gente formada por homens e mulheres sem voz, sem rosto e
sem importância especial. No imediato desperta nele a compaixão. Não o pode
evitar. “Teve lástima deles”. Ele leva-os todos muito dentro do seu coração.
Nunca os abandonará. “Vê-os como
ovelhas sem pastor”: pessoas sem guias para descobrir o caminho, sem profetas
para escutar a voz de Deus. Por isso, “começou a ensina-lhes com calma”,
dedicando-lhes tempo e atenção para alimentá-los com a sua Palavra curadora.
Um dia teremos que rever ante
Jesus, nosso único Senhor, como olhamos e tratamos essas multidões que se estão
afastando pouco a pouco da Igreja, talvez porque não escutam entre nós o seu
Evangelho e porque já não lhes diz nada os nossos discursos, comunicados e
declarações.
Pessoas simples e boas que
estamos a decepcionar porque não veem em nós a compaixão de Jesus. Crentes que
não sabem a quem acudir nem que caminhos seguir para encontrar-se com um Deus
mais humano que o que se apercebem entre nós. Cristãos que se calam porque
sabem que a sua palavra não será tida em conta por ninguém importante na
Igreja.
Um dia o rosto desta Igreja
mudará. Aprenderá a atuar com mais compaixão; esquecerá os seus próprios
discursos e escutará o sofrimento das pessoas. Jesus tem força para transformar
os nossos corações e renovar as nossas comunidades.
Fonte: Ihu
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