segunda-feira, 9 de julho de 2012

A rotatividade religiosa


Aos 24 anos, Eddie Lima está na quarta igreja e não vê problema em experimentar cultos distintos atrás do melhor lugar para praticar sua fé. "Comecei na Assembleia de Deus e não era o meu perfil, achava muito restritivo em relação ao comportamento", diz o estoquista, que nos cultos da Igreja Evangélica Apostólica do Verbo Amar, na zona norte da capital, participa como músico e vocalista da banda.

Eddie afirma que migrou para uma igreja menor atrás de uma relação mais pessoal com os pastores. Da Assembleia de Deus, que costumava ir por causa de sua família, ele passou a frequentar a Ministério da Paz quando tinha 17 anos. As missões evangélicas e uma pregação mais voltada para a teologia da prosperidade, no entanto, não agradaram, e ele ficou apenas oito meses.
A tentativa seguinte foi em uma mais moderna, a Bola de Neve Church. Mesmo com os fiéis tatuados e os púlpitos realizados sobre uma prancha de surfe, Eddie afirma que não era o que ele buscava. "É uma igreja bastante atraente, por sua liberdade de estilo e discurso, mas achava muito impessoal, acabava conhecendo poucas pessoas. Por isso, saí depois de quatro meses."
No templo atual, que em dias de semana recebe pouco mais de 30 pessoas, ele afirma que encontrou uma pregação mais equilibrada. "Aqui é voltado mais para a palavra, o que está na Bíblia. Nas grandes igrejas, as pessoas vão buscar ganhos materiais e acabam se frustrando quando isso não ocorre."
A busca por ajuda fora do campo espiritual, no entanto, é um dos maiores apelos para a migração. Há sete anos, a decoradora Samanta Papi, de 22 anos, deixou a religião católica para frequentar a Igreja Internacional da Graça de Deus, no Centro, para tentar curar sua filha Brenda, na época com 7 meses. "Nenhum médico dava o diagnóstico certo e fui lá num momento de desespero. Foi um milagre que a curou das crises de convulsão e da diabete e, desde então, venho três vezes por semana."
Samanta diz que se manteve fiel à nova igreja pelas conquistas que obteve, entre elas a casa própria. Hoje, suas orações estão voltadas para a busca de um novo emprego e uma vida melhor para o irmão, recém-divorciado. "O fato de ser uma igreja grande não me incomoda. Para mim, não é tão importante o contato com a comunidade, mas uma vida melhor com a ajuda da religião."
Fonte: O Estado de S. Paulo

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