O Espaço Dom Helder sediou, no
último sábado (5), seminário de Pesquisa Monográfica promovido pelos
professores Mariza Rios e Rogério Monteiro. Na primeira parte, os estudantes
acompanharam palestras das pesquisadoras Débora Brasil, que abordou a
prostituição no Brasil, e Ana Virginia Gabrich, que discutiu a relação entre o
Direto e a manipulação genética.
“Elas percorreram um longo
caminho – a Débora para desenvolver sua monografia e a Ana Virgínia, já em um
estágio superior, para produzir sua dissertação de mestrado. Hoje elas vão
compartilhar com vocês um pouco dessa experiência. (...) O objetivo é
inspirá-los a explorar novos temas e fornecer orientações sobre como estruturar
um projeto de pesquisa”, afirmou a professora Mariza Rios na abertura do
evento.
Prostituição no Brasil
Antes de apresentar os resultados
do trabalho, Débora Brasil falou à plateia sobre o processo de escolha do tema.
Segundo ela, a confirmação aconteceu apenas no 9º período. “Sempre gostei de
assuntos polêmicos. Nós, como operadores do Direito, temos o dever de
enfrentá-los. Mas no início do curso não tinha a menor ideia. Só quando chegou
a hora de fazer a monografia que tive a certeza do que queria abordar”, contou.
Tema definido, Débora partiu para
a formulação do problema: como garantir os direitos assegurados pela
Constituição Federal aos que vivem da prostituição no Brasil? Em seguida, era
momento de delimitar o objetivo geral e os objetivos secundários, como também a
metodologia e a bibliografia a serem exploradas.
Para estruturar a monografia, a
pesquisadora abordou conceitos – como a diferença entre prostituição e
exploração sexual –, o tratamento que outros países dão ao tema e aspectos do
ordenamento jurídico brasileiro. “Queria entender como vivem as prostitutas no
Brasil, se elas têm ou não direitos cerceados. (...) Fiz uma viagem pela Europa
e acabei passando por alguns países onde a prostituição é regulamentada, como a
Holanda, e fiquei impressionada como as coisas fluíam de maneira natural”,
apontou.
Já no Brasil, explicou Débora, o
assunto é abordado pelo viés abolicionista, que considera a prostituta uma
vítima a ser libertada e conscientizada, enquanto os demais envolvidos devem
ser penalizados. “Em consequência, o que mais vemos por aqui são ações ligadas
à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, não se fala muito sobre
direitos sociais. Em 2003, elas foram incluídas na categoria de ocupações do
Ministério do Trabalho, mas está longe de ser uma medida suficiente, uma
garantia de Direitos”, avaliou.
Genética
Após a exposição de Débora, a
professora Ana Virginia Gabrich ministrou a palestra ‘Vida Humana: da
manipulação genética à neoeugenia’. O tema, trabalhado em sua dissertação de
mestrado, deu origem a livro publicado pela Editora Lumen Juris.
“Vocês podem perguntar: o que o
Direito tem a ver com a genética? Sabemos que a ciência avança anos luz à
frente do Direito. Quando conseguimos regulamentar alguma coisa, eles já estão
lá na frente. O meu desafio foi de discutir esse papel do Direito como mediador
entre os avanços que precisamos e o cuidado para não deixa-los se transformarem
em um mal para a sociedade”, explicou.
Assim como a fala de Débora, a
palestra de Ana Virginia foi repleta de dicas e orientações aos estudantes. De
acordo com a professora, o mais importante para quem não sabe qual tema abordar
em sua monografia é buscar assuntos que realmente despertem o interesse.
“Procurem algo pelo qual vocês se apaixonem e não tenham medo de inovar. O meu
tema, a princípio, não tem nada a ver com o Direito, mas depois percebemos que
ele está presente em todas as áreas da nossa vida”, aconselhou.
Debate
Na segunda parte do evento, as
pesquisadoras responderam a questionamentos levantados pelos participantes. A
professora Francine Figueiredo Nogueira, orientadora de Débora, também foi
convidada a compor a mesa.
O debate, que começou tímido,
ganhou novo fôlego com a crescente participação da plateia, formada em grande
parte por turmas de 1º e 9º períodos. No horário previsto, a professora Mariza
Rios encerrou oficialmente o evento, mas os alunos interessados permaneceram no
auditório e deram continuidade às discussões.
A estudante Letícia Nogueira, que
cursa o 1º período, aprovou a iniciativa dos professores Mariza e Rogério. “Foi
ótimo para gente ter uma base, ver como funciona um projeto de pesquisa e já
pensar em temas, recortes”, avaliou. A pró-reitora de pesquisa, professora
Anacélia Santos, também expressou total suporte à atividade.
“Estou extremamente feliz, os
objetivos foram cumpridos”, completou Mariza.
Fonte: Dom Total
Nenhum comentário:
Postar um comentário