A mulher brasileira conquistou
espaço no mercado de trabalho. É mais bem qualificada, gasta mais tempo que os
homens estudando e ainda dá conta dos trabalhos no lar. São 25 horas por semana
dedicadas a roupa, louça, vassoura e outras tarefas de casa. Os homens gastam
10 horas. Mas a mulher ganha em média 30% menos que o homem.
Estudo do Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado nesta sexta-feira (11) pelo Ministério
do Trabalho, no âmbito do Dia das Mulheres, dá a noção dessa realidade, que já
foi pior. Há uma década, a mulher tinha um desfalque de 37% nos seus
rendimentos, aponta o estudo.
A publicação dá destaque à
posição da mulher negra e pobre nas franjas do mercado de trabalho brasileiro.
Elas não chegam a ganhar 40% do valor do contracheque de um homem branco.
Os dados do estudo vieram das
Pnads (Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios, do IBGE) de 2004 a 2014,
último ano para o qual se tem informações disponibilizadas.
Desemprego
O estudo, chamado "Mulheres
e trabalho: breve análise do período 2004 - 2014", pontua que as camadas
mais marginalizadas da força de trabalho brasileira são justamente as mais
penalizadas em momentos de crise econômica e desemprego.
"Os sinais de reversão de um
ciclo de crescimento do emprego formal são, portanto, preocupantes na medida em
que são as franjas mais frágeis da massa de trabalhadores os mais propensos a
sentir primeiro os efeitos de uma conjuntura desfavorável, cujos contornos ainda
não estão muito bem definidos", diz o estudo.
As mulheres negras têm a maior
taxa de desocupação. Estão submetidas às situações mais precárias de trabalho,
com baixos salários e sem carteira assinada.
No Brasil, a maior parte do
contingente de domésticas é negra. Mas há muito mais trabalhadoras domésticas
brancas com carteira assinada.
Creuza Oliveira, presidente da
Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, veio de Salvador para Brasília
para o lançamento do estudo e reforça que, em momentos de crise, quem mais
sofre é a trabalhadora negra.
"Quando não tem trabalho,
bate o desespero. Para manter a estrutura da família, ela tem que se virar,
vendendo cosmético, vai pra praia vender coisa, faz comidinha pra vender. Se o
patrão ou a patroa perde o emprego, a trabalhadora doméstica também perde, e
tem que se virar."
Segundo Rosane da Silva,
coordenadora do núcleo de gênero do Ministério do Trabalho, atacar essas
diferenças de gênero tem que ser objeto de política de Estado.
Lei das domésticas
Creuza citou a regulamentação da
lei dos trabalhadores domésticos, que garantiu direitos como pagamento de horas
extras e férias, como um avanço. Infelizmente, muitos patrões estão demitindo
para se livrar dos impostos, aponta.
"A sociedade brasileira
estava acostumada a ter dois, três empregadas em casa e não se preocupar em
assinar um papel. É um resquício do trabalho escravo. Muitos não querem aceitar
a lei."
Fonte: O Tempo
Nenhum comentário:
Postar um comentário