Prevenir novos casos de
exploração sexual contra crianças e adolescentes é uma das principais metas da
campanha “O Rio é Nossa Rua, Não o Caminho para a Exploração Sexual”, lançada
na última terça-feira, 16, no Campus de Altamira da Universidade Federal do
Pará (UFPA).
Durante o evento, foram apresentados pelo professor Assis da Costa
Oliveira os resultados do relatório “Trabalhadores e Trabalhadoras de Belo
Monte: percepções sobre exploração sexual e prostituição”. A programação contou
com a presença de autoridades locais de órgãos públicos e representantes de
entidades sociais.
Segundo dados do Disque 100, só
no primeiro semestre de 2015, foram registrados 4.580 casos de violência sexual
contra crianças e adolescentes no Brasil. A campanha, promovida pelo Movimento
de Emaús, por meio do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca),
tem por objetivo fazer a sociedade e, em especial, as crianças e os
adolescentes perceberem que a exploração sexual e o tráfico de crianças são
violações de direitos, por isso é necessário denunciar esta prática.
Por outro lado, o relatório
apresentado no evento foi desenvolvido como parte do Pacto do Compromisso
firmado entre o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) e o Conselho Municipal
dos Direitos da Criança e do Adolescente de Altamira, com operacionalização da
Comissão Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e
Adolescentes de Altamira, e coordenação da UFPA para a sistematização e análise
dos dados.
Monitoramento - A pesquisa,
coordenada pelo professor Assis Oliveira, foi desenvolvida no contexto da
construção da Hidrelétrica de Belo Monte, nos meses de abril e maio de 2015. O
professor explica que o estudo tem o compromisso com a formulação de medidas
para “empreender ao monitoramento dos locais de potencial vulnerabilidade
sexual de crianças e adolescentes na área de influência direta da obra de Belo
Monte”, assim como “obter subsídios para a proposição de medidas, que aumentem
o grau de responsabilização do consórcio empresarial para com o enfrentamento
da exploração sexual, tornando-se, também, uma referência para outros locais de
implantação de grandes obras na Amazônia”.
Resultados - De acordo com dados
do relatório, 1.483 trabalhadores e trabalhadoras participaram da pesquisa, por
meio de questionário contendo 10 perguntas objetivas. Os principais resultados
apontam que 65% dos participantes (971) teriam conhecimento de locais de
exploração sexual e prostituição na região, de influência da obra da
hidrelétrica. Quando se solicitou aos participantes a localização geográfica
desses lugares, 70% das respostas indicavam a cidade de Altamira como principal
região de concentração dos locais de exploração sexual e prostituição. Quanto
ao conhecimento da presença de crianças e adolescentes nesses ambientes, um
total de 260 pessoas (17,5%) indicaram positivamente para tal situação.
Discutir e prevenir - O professor
Assis Oliveira comenta que uma das conclusões que podem ser obtidas é que
continua alto o número de pessoas que indica ter conhecimento de locais para
exploração sexual e prostituição, “o que sinaliza, de certo, uma alta projeção
de envolvimento direto com tais locais, fruto, como podemos notar pelos dados,
de um prejuízo da manutenção dos vínculos conjugais e familiares dos
trabalhadores e do envolvimento com drogas” e ,ainda, pela “carência de opções
de lazer, que acabam impulsionando a inserção em dinâmicas de exploração sexual
e de prostituição.”
Assis Oliveira ressaltou, também,
a importância de discutir, com base nos dados obtidos, a responsabilidade do
poder público em oferecer políticas públicas, especialmente no campo do lazer e
da segurança, que possam assegurar a prevenção e a repressão qualificada aos
cenários de exploração sexual.
Fonte: UFPA (Texto: Rafael Rocha
– Assessoria de Comunicação da UFPA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário