Os assédios começaram cedo e na
escola. Ainda no ensino fundamental, elas se lembram dos olhares
constrangedores e comentários abusivos de professores. Na época, elas não
entendiam que esse comportamento se configurava como assédio, mas já sentiam um
grande desconforto. Foi lembrando dessas situações que três amigas
universitárias de Porto Alegre criaram uma página no Facebook para que os
alunos possam denunciar o assédio sexual e moral de professores.
A página Meu Professor Abusador
recebeu em três dias mais de 600 relatos, a maioria de meninas, denunciando
situações abusivas que passaram em sala de aula. Muitas das histórias
aconteceram quando elas estavam no ensino fundamental ou médio - ou seja, ainda
menores de idade. As denúncias são de assédio em escolas públicas e
particulares.
"Meu professor de Biologia
do ensino médio postou o seguinte comentário em uma foto minha do Facebook: Gostosa, pena que é minha
aluna", diz um dos relatos. Há casos de professores que teriam tocado partes íntimas das alunas e até proposto sexo em troca de notas.
#196 "Oi, como estão ? tenho 17 anos, estudo em uma escola
estadual em Campos dos Goytacazes. Há alguns tempos atrás,...
Posted by Meu Professor Abusador on Thursday, 11 February 2016
Todos eles são feitos de forma
anônima e as criadoras da página pedem para que as meninas não divulguem o nome
dos professores, apenas informações que permitam que as escolas e instituições
possam identificá-los e apurar as denúncias.
Mesmo sem terem se identificado,
as criadoras da página dizem que já estão recebendo ameaças e ataques. A não
identificação dos professores é uma precaução para evitar processos jurídicos e
ataques a elas e às alunas que fazem as denúncias.
"Por enquanto estamos
divulgando os relatos para levar o debate a um maior número de pessoas e para
que as meninas saibam que não estão sozinhas ao enfrentar esse tipo de
situação", disseram as mulheres. Elas também pretendem ter a colaboração
de uma advogada para auxiliar as meninas que queiram denunciar formalmente os
professores abusadores.
Além disso, pretendem elaborar um
guia com orientações para as vítimas. "O principal é que a menina não se
isole, que procure alguém de confiança e denuncie a situação para órgãos
competentes, que não se cale."
Pós-graduação
A Associação de Pós-Graduandos da
Universidade Estadual de São Paulo (USP) lançou também no ano passado uma
plataforma para que os alunos denunciem situações de assédio moral e sexual
sofridos na universidade.
"É inadmissível e
inaceitável a naturalização que ocorre tanto com os assédios morais, constantes
e sistemáticos, como com o assédio sexual, muitas vezes silenciado e abafado
dentro dos espaços institucionais da USP", disse a associação. A ideia é
futuramente traçar um "mapa do assédio" na universidade.
Fonte: Brasil Post
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