A internet é espaço para todo
tipo de debate. Mas nesse universo da liberdade de expressão também há crimes e
cultos de todos os tipos. É o caso de um site intitulado “Tio Astolfo”, que usa
a rede mundial de computadores para propagar a “filosofia do estupro”, com um
guia de como violentar sexualmente uma mulher na escola, na universidade, na
balada.
Além disso, no endereço há postagens que incitam o ódio, a pedofilia e
outros tipos de violência contra a mulher.
Escondido pelo anonimato, o
autor, em primeira análise de delegados e especialistas, infringe a lei ao
incitar o crime, delito previsto no Código Penal, porém, considerado de menor
potencial ofensivo, com pena de três a seis meses de detenção. A Polícia Civil
de Minas e do Mato Grosso iniciaram investigação preliminar do caso, assim como
a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público de São Paulo.
Uma análise mais completa do
conteúdo, explicam as autoridades, pode revelar outros crimes, como racismo e
homofobia. “É possível ver que ele comete crime ao incitar o estupro. Mas
outros crimes podem surgir. Vale ainda verificar se o autor já praticou o
estupro, como ele ensina”, explicou o delegado Felipe Sales, da Divisão
Especializada de Crimes Cibernéticos de Belo Horizonte.
Tópicos. O blog “Tio Astolfo” foi
criado no ano passado e traz, entre suas últimas postagens, o tutorial “Como
estuprar uma mulher na escola: Um guia passo-a-passo para o menor”. “Esqueçam
todo aquele besteirol que vocês aprenderam das bichas e dos esquerdistas sobre
igualdade e feminismo. Demonstrar virilidade significa demonstrar força e
poder, atitudes estas que você demonstra subjugando a mulher, um sexo frágil,
inferior e fútil”, diz trecho do texto. Essa e outras publicações orientam o
agressor a observar o dia a dia da mulher e usar uma faca para praticar o
crime.
Apesar da violência, há entre os
comentários de repúdio, elogios ao guia: “Obrigada Astolfo, vo fazer isso msm
(sic)” e “Mais um Ótimo post”. O “Tio Astolfo” traz ainda conteúdos com os
títulos “Estuprar lésbicas é uma questão de honra, glória e bem estar social”,
“Mulheres adoram marginais e vagabundos” e “Enquanto o ‘pedófilo’ ama a
criança, a mulher aborta e mata”.
Diante da repercussão negativa, o
autor publicou um post ontem dizendo que não vai parar e se identificando como
um morador de Várzea Grande, no Mato Grosso. “Como eu sou gordo, homem e estou
fora do padrão estético, estou sendo discriminado”.
O delegado Felipe Sales afirma
que muitas pessoas cometem abusos na rede por causa da legislação branda. “Um
delito desse porte (incitar o crime), fazendo referência a menores de idade,
não deveria ter pena tão branda. Mas nosso Código Penal é antigo”.
Investigações
Suspeitas. De acordo com o jornal
“O Estado de S. Paulo”, a ouvidoria da Universidade de São Paulo (Unesp) abriu
processo interno para averiguar o site, que teria sido criado por um aluno ou
funcionário.
Investigação. A Divisão
Especializada de Crimes Cibernéticos de BH prometeu entrar em contato com a
Polícia Civil do Mato Grosso. A corporação daquele Estado informou que está
fazendo as apurações preliminares. A Polícia Federal em Minas foi procurada,
mas não retornou.
Denúncia
Canal. Denúncias podem ser feitas
à Polícia Federal pelo www.denuncia.pf.gov.br/ ou pelo
crime.internet@dpf.gov.br. Há ainda o Disque-Denúncia, no número 181. Não é
preciso se identificar.
Fonte: O Tempo
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