campanha da grife de Luciano Huck.
Apesar de o tema implorar por um
textão, com muitas estatísticas e depoimentos e manifestações e relatos, eu vou
fazer diferente. Vou citar três exemplos e serei breve na introdução.
Por Elisangela Lima Do Blogueiras
Negras
Agressões sexuais nos cercam
diariamente. Pode acontecer com você, comigo e com qualquer outra pessoa,
independente de sexo ou idade. Mas é necessário sim um recorte para tudo,
inclusive para isso. Estas agressões – tais como domésticas – atingem uma
classe, um gênero e uma etnia, em especial, com maior vigor no Brasil. Hoje,
mulheres negras de periferia estão mais vulneráveis a esse tipo de agressão,
tanto na rua quanto em casa.
Feito o recorte, sigo.
Tais agressões acontecem, na
maioria dos casos, com pessoas próximas (“amigos”, vizinhos e parentes) e tem
como cúmplice, o silêncio das vítimas, principalmente quando menores. O que devemos
entender com precisão é que a naturalização dessa violência coloca a vítima em
uma dupla agressão. Fora a romantização do aliciamento na mídia que, pelo olhar
dos reais aliciadores, acaba por soar como “sugestão” e ameniza os crimes.
Vamos aos três exemplos (se
quiserem acrescentar mais exemplos nos comentários, fiquem à vontade):
1° Exemplo: o que vemos em
“Verdades Secretas” – telenovela da Rede Globo – é um bom exemplo do que o tema
propõe.
A menor procura uma agência de
modelos e é aliciada pela dona dessa agência a realizar a tão conhecida “ficha
rosa” – prostituição entre modelos – colorindo um mundo sujo e cinza. Ela se
apaixona pelo cliente e eles ficam juntos. Nesse caso ambos aliciaram, e não,
não é moralismo da minha parte, é como você naturaliza* pedofilia seguida de
prostituição ao seu redor! É isso que está acontecendo: uma menina aliciada
para a prostituição aos 16 anos e para se envolver com um cara que tem
basicamente o dobro de sua idade. (vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=D_FaD-ByR0s)
Será que ninguém percebe o quão
isso naturaliza e estimula os pedófilos a aliciarem menores? Digamos que esse
tipo de romantização (estupro, pedofilia e prostituição) na mídia, é um
aliciamento escancarado e ousado e você é conivente e presente. Poderia até
falar como a prostituição não é legal, dentre muitos relatos e acontecimentos
com menores no Piauí e em todo mundo. Masssss… na tv tudo é bonito, tudo é
glamourizado e gourmetizado.
2° Exemplo: No programa “Agora é
tarde”, com Rafael Bastos, vimos a chocante entrevista de Alexandre Frota na
qual ele conta e encena (com uma mulher da plateia) detalhes do estupro que
cometeu com uma Mãe de Santo. Não satisfeito, ainda transveste a história de
uma religião de matriz africana, regando de estereótipos. No final de tudo,
todos da plateia aplaudiram e riram, inclusive o apresentador. Sequer uma
contestação ao vivo, de ninguém, NINGUÉM. (vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=n1IINXC1P0I) 9:57″
3° Exemplo: A campanha
publicitária do apresentador Luciano Hulk para o carnaval do ano passado que
apresentava uma linha infantil e a criança USADA para divulgação da linha
vestia uma das peças (camisa) que dizia: “vem ni mim que eu tô facin”. Se não é
naturalização, o que é?
É muito comum ver também
materiais pornográficos – com muito acesso inclusive – de título: “estupro da
novinha”, “estupro na casa do irmão”, “estupro da menor” e por aí vai. E livres
de qualquer controle jurídico (pasmem).
Já vi também no cinema, em mais
de um filme (não me recordo nomes), cenas que simulam estupro e queria muito
que entendessem o quanto isso é totalmente desnecessário.
Quero chamar a atenção de todos,
quero mesmo que muitos coloquem “óculos 3D de crítica” toda vez que ligarem
suas TV’s e tiverem acesso a todo esse lixo.
Você que está lendo esse texto,
se um dia já foi vítima de estupro, pedofilia ou aliciamento ou ambos, espero
ter representado algo para você com essas palavras.
Você que esta lendo esse texto e
não achou nada de estranho nessa mídia, busque ajuda.
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