Dados são de relatório divulgado nesta quinta-feira pela
OIT. Jornada feminina é de 58 horas semanais, contra 52,9 dos homens. As mulheres trabalham mais horas do que os homens,
considerando o tempo trabalhado fora e dentro de casa.
Dados do relatório
Perfil do Trabalho Decente no Brasil: um Olhar sobre as Unidades da Federação,
divulgado hoje pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), mostram que,
no total, os homens têm jornada de 52,9 horas semanais. As mulheres, de 58
horas, 5,1 horas a mais do que o sexo oposto – o que equivale a 20 horas
adicionais por mês, cerca de dez dias a mais por ano.
O relatório da OIT analisou os dados da Pnad (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística), que aponta que 90,7% das mulheres que estão no mercado de
trabalho também realizam atividades domésticas – percentual que cai para 49,7%
entre os homens. No trabalho, elas gastam, em média, 36 horas por semana; eles,
43,4 horas. Em casa, por outro lado, elas gastam 22 horas semanais. Os homens,
9,5 horas.
Dupla jornada
Segundo ela, a dupla jornada leva à ansiedade e ao temor de
não conseguir administrar bem o tempo. “Na minha opinião, esse é um dado
numérico que reflete a consequência da forma como somos criadas, de toda uma
cultura. Eu me cobro a casa arrumada todos os dias, a roupa sempre em dia, a
geladeira não faltando nada, as flores cuidadas e os lençóis sempre trocados. É
um peso do qual sou 'voluntária'”, falou Gabriela.
Para o especialista em mercado de trabalho Jorge Pinho, os
números ainda estão aquém da realidade. “Acho modesto esse cálculo. Na nossa
cultura, a mulher é de fato mais onerada do que o homem. Embora isso tenha
mudado nos últimos anos, ainda cabe à mulher os encargos domésticos e os de
mãe. Essa é a parte desvantajosa da igualdade buscada. As mulheres cada vez
mais querem avançar na vida profissional e ascender no mercado. Isso tem um
ônus, não só um bônus. Existem funções femininas que são insubstituíveis, uma
delas é a maternidade”, explicou o professor da UnB (Universidade de Brasília).
Jornada masculina
De acordo com o estudo da OIT, as atividades domésticas que
os homens exercem nunca são executadas exclusivamente em casa e, em geral,
exigem contatos com outras pessoas e deslocamentos, como fazer compras de
supermercado, manutenções esporádicas ou levar os filhos à escola.
“Evidencia-se, portanto, que a massiva incorporação das
mulheres ao mercado de trabalho não vem sendo acompanhada de um satisfatório
processo de redefinição das relações de gênero com relação à divisão sexual do
trabalho, tanto no âmbito da vida privada, quanto no processo de formulação de
políticas públicas (...). A incorporação das mulheres ao mercado de trabalho
vem ocorrendo de forma expressiva sem que tenha ocorrido uma nova pactuação em
relação à responsabilidade pelo trabalho de reprodução social, que continua
sendo assumida, exclusiva ou principalmente, pelas mulheres”, informa o
relatório.
“Eu acho injusto, mas tive um pai que sempre ajudou muito
minha mãe e tenho visto isso também nas pessoas mais jovens. Acho que a mudança
já começou”, destacou a funcionária pública.
“É importante que haja políticas que facilitem a vida
profissional, pessoal e familiar da mulher. Isso tem a ver com políticas
públicas e empresariais que deem ênfase à noção de corresponsabilidade,
com jornadas flexíveis, creches e acesso
a meios de transporte”, explicou a diretora da OIT no Brasil, Laís Abramo.
Fonte: Band
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