Anne Soupa
"São os homens que detêm o
poder na Igreja. O poder de celebrar, de governar ...". Na base desta constatação,
Christine Pedotti e Anne Soupa criaram em 2008 o Comité de la jupe (Comissão de
saia), que visava promover uma presença mais ativa das mulheres na instituição
católica.
Para Anne Soupa, as posições de Roma sobre a maioria das questões
relativas às mulheres (aborto, contracepção, igualdade com os homens ...) são
batalhas da retaguarda.
A reportagem é de Julien Auriach,
publicada por La Vie, 04-03-2016. A tradução é de Ramiro Mincato.
E, embora acolhendo com favor a
linha do Papa Francisco em visa de um melhor reconhecimento das mulheres,
Christine Pedotti discorda com "sua fraseologia que favorece a
complementaridade." Dado que mulheres e homens são iguais e não
"complementares", porque as mulheres não podem aceder ao sacerdócio?
A questão, declarada encerrada pelo Papa João Paulo II, não tem chance de ser
reaberta pelo papa atual, e não provoca grande agitação na Igreja ... Outras
católicas não se opõem ao magistério. Pelo contrário, elas fazem referência,
mas em nome da ecologia, para melhor inserir-se na linha eco-feminista.
"A maioria das técnicas
contraceptivas são prejudiciais ao meio ambiente, são caras, negam a natureza
carnal das mulheres", afirma Marianne Durano. Esta jovem professora de
filosofia, que escreve na Revista Limite, denuncia "a vitória do mercado
sobre a família". Um pouco provocativamente, exprime também reservas em
matéria de gestão da fecundidade e controle de natalidade. Os problemas
estariam coligados, enquanto estas técnicas permitem também um prolongamento do
tempo de trabalho das mulheres por meio da criogenização dos oócitos, por
exemplo, já praticado na América do Norte.
Menos polêmica, Nathalie Loiseau,
diretora do ENA, gosta de dizer que o feminismo católico, antes de tudo
"nasceu do humanismo cristão, que não pode tolerar que se deixe de lado a
própria vida pessoal em favor de ser mais produtiva. É preciso permitir às
mulheres de escolher, também, serem mães e trabalhadoras".
Fonte: Ihu
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