Um de cada quatro casos de crianças e adolescentes
desaparecidos em São Paulo não é solucionado. Parte dessas vítimas pode ter
caído nas mãos de criminosos. Saiba como o teste genético pode ajudar nestes
casos.
Cerca de 9 mil crianças e adolescentes desaparecem a cada
ano no Estado de São Paulo. A maior parte foge de casa por diferentes motivos,
desde pequenas desavenças com os pais até por situações graves, como por
sofrerem maus-tratos. Especialistas estimam que 75% dos casos são solucionados
e eles acabam retornando para as famílias. O destino dos outros 25%, no
entanto, permanece uma grande incógnita. “Uma criança ou um adolescente pode
continuar desaparecido porque foi traficado ou por ter sido vítima de outro
tipo de crime. Não sabemos o que está por trás disso”, afirma Gilka Gattás,
coordenadora do Caminho de Volta, um projeto da Faculdade de Medicina da USP em
parceria com a Secretaria Estadual da Segurança Pública que auxilia os parentes
nas buscas. “Nesse sentido, a novela ("Salve Jorge") é um importante
alerta par a a população”.
Gilka conta que, embora seu trabalho seja direcionado a
menores de idade, dois brasileiros adultos adotados por casais europeus
procuraram o Caminho de Volta porque suspeitam terem sido vítimas de tráfico
internacional - a exemplo do que ocorreu com a personagem Aisha na trama de
Gloria Perez. O perfil genético de ambos já foi inserido no banco de DNA do
projeto. Mas nenhuma das mil famílias cadastradas até agora se mostrou
compatível com os rapazes. “Se o nosso banco fosse nacional ou se fosse mais
alimentado teríamos condições de ajudar muito mais gente”, garante Gilka.
“Muitas vezes, só o exame de DNA é capaz de esclarecer um caso. Há situações em
que a criança fica desaparecida durante muito tempo e o reconhecimento visual
se torna impossível”.
Como uma que se perdeu da família e passou seis anos em um
abrigo de São Paulo. Ela é surda e, por causa da deficiência, também não sabe
falar. Foi localizada porque um juiz da Vara da Infância se sensibilizou e a
encaminhou para o Caminho de Volta. Desde 2004, quando foi criado, o projeto
solucionou seis desaparecimentos usando testes de DNA. Em metade deles, as
vítimas foram encontradas mortas. “É preciso agir rápido”, afirma Gilka.
“Quanto mais tempo crianças e adolescentes que fogem de casa ficam
desaparecidos maior é a probabilidade de caírem nas mãos de criminosos”. Uma pesquisa
feita pela equipe do Caminho de Volta numa ONG que atende menores de idade
explorados sexualmente na Baixada Santista descobriu que uma de cada três
vítimas constava dos registros da polícia como desaparecida. Podem ter sido
levadas p ara lá e obrigadas a trabalhar no mercado do sexo traficantes de
seres humanos.
Fonte: Revista Marie Claire
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