sexta-feira, 5 de abril de 2013

Tráfico humano e o DNA: teste pode auxiliar na busca a desaparecidos


Um de cada quatro casos de crianças e adolescentes desaparecidos em São Paulo não é solucionado. Parte dessas vítimas pode ter caído nas mãos de criminosos. Saiba como o teste genético pode ajudar nestes casos.


Cerca de 9 mil crianças e adolescentes desaparecem a cada ano no Estado de São Paulo. A maior parte foge de casa por diferentes motivos, desde pequenas desavenças com os pais até por situações graves, como por sofrerem maus-tratos. Especialistas estimam que 75% dos casos são solucionados e eles acabam retornando para as famílias. O destino dos outros 25%, no entanto, permanece uma grande incógnita. “Uma criança ou um adolescente pode continuar desaparecido porque foi traficado ou por ter sido vítima de outro tipo de crime. Não sabemos o que está por trás disso”, afirma Gilka Gattás, coordenadora do Caminho de Volta, um projeto da Faculdade de Medicina da USP em parceria com a Secretaria Estadual da Segurança Pública que auxilia os parentes nas buscas. “Nesse sentido, a novela ("Salve Jorge") é um importante alerta par a a população”.

Gilka conta que, embora seu trabalho seja direcionado a menores de idade, dois brasileiros adultos adotados por casais europeus procuraram o Caminho de Volta porque suspeitam terem sido vítimas de tráfico internacional - a exemplo do que ocorreu com a personagem Aisha na trama de Gloria Perez. O perfil genético de ambos já foi inserido no banco de DNA do projeto. Mas nenhuma das mil famílias cadastradas até agora se mostrou compatível com os rapazes. “Se o nosso banco fosse nacional ou se fosse mais alimentado teríamos condições de ajudar muito mais gente”, garante Gilka. “Muitas vezes, só o exame de DNA é capaz de esclarecer um caso. Há situações em que a criança fica desaparecida durante muito tempo e o reconhecimento visual se torna impossível”.
Como uma que se perdeu da família e passou seis anos em um abrigo de São Paulo. Ela é surda e, por causa da deficiência, também não sabe falar. Foi localizada porque um juiz da Vara da Infância se sensibilizou e a encaminhou para o Caminho de Volta. Desde 2004, quando foi criado, o projeto solucionou seis desaparecimentos usando testes de DNA. Em metade deles, as vítimas foram encontradas mortas. “É preciso agir rápido”, afirma Gilka. “Quanto mais tempo crianças e adolescentes que fogem de casa ficam desaparecidos maior é a probabilidade de caírem nas mãos de criminosos”. Uma pesquisa feita pela equipe do Caminho de Volta numa ONG que atende menores de idade explorados sexualmente na Baixada Santista descobriu que uma de cada três vítimas constava dos registros da polícia como desaparecida. Podem ter sido levadas p ara lá e obrigadas a trabalhar no mercado do sexo traficantes de seres humanos.

Fonte: Revista Marie Claire

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