quinta-feira, 4 de abril de 2013

Clínicas de massagem escondem prostituição em área nobre de Brasília


Com preços ainda acessíveis para uma área nobre, as salas das quadras comerciais da Asa Norte, zona central de Brasília, abrigam casas de massagem na qual a prostituição é uma das opções aos clientes. 

De dez casas de massagem visitadas pela reportagem do R7 na região, oito também ofereciam programas aos clientes. Duas delas eram restritas a massagens.
A existência dos prostíbulos em plena área nobre – um apartamento usado de cem metros quadrados na região não sai por menos de R$ 700 mil – incomoda os moradores e outros comerciantes das quadras, principalmente porque ocorre em plena luz do dia.
Nem todas as casas de massagem com prostituição, no entanto, têm identificação ou placas. Mas são encontradas pelos clientes em classificados de jornal ou na internet.
Em um desses estabelecimentos, que fica na quadra 316 Norte, o preço de uma sessão de massagem é de R$ 60. Caso o cliente tenha interesse em um programa com a profissional, o valor dobra. A maioria desses locais possui, em média, cinco garotas.

Nos locais, como em uma clínica de massagem na 306 Norte, existem cabines individuais, onde as profissionais colocam música e também fazem programa. De acordo com a massagista Lilian Cardoso (nome fictício), de 28 anos, ela recebe em média dois homens por dia para programas.
— Algumas vezes meu público é ainda maior. Por semana, meu lucro fica em R$ 500.
Ela explica que existem homens que só pagam pela massagem, sem nenhum interesse sexual.
— Depende muito. Já recebi clientes que realmente só quiseram a massagem e foram embora. Mas também, a procura pelo sexo pago é grande.
Lilian conta que a Asa Norte é um dos locais onde mais se encontram a massagem erótica por ser no centro de Brasília, mas com preço do aluguel ainda em conta, quando comparados com outras áreas comerciais. De acordo com o Secovi-DF (Sindicato da Habitação no Distrito Federal), o m² do comércio na Asa Norte da capital custa R$ 10 mil.
O horário de funcionamento das clínicas de massagem é comercial. O serviço vai das 8h às 18h. Em alguns casos, o horário é prolongado até mais tarde, às sextas-feiras, quando a rotatividade de público é maior.
Para o professor em psicologia na UnB (Universidade de Brasília), Raphael Boechat, a migração da prostituição das ruas para locais fechados, como as casas e clínicas de massagem, é um avanço. Com mais preparo, elas preferem não atender na rua.
— Elas estão progredindo. Aqui em Brasília, como em São Paulo e no Rio de Janeiro, sempre teve esse trabalho. A diferença é que agora, elas estão se especializando e a sociedade tem de acompanhar essa evolução.

Movimentação incomoda moradores e outros comerciantes

Para a comerciante Aline Cipriano, de 41 anos, não é normal trabalhar ao lado de uma casa de massagem onde garotas fazem programa.

— Os comércios aqui da 410 Norte estão se tornando prostíbulos. Essas supostas clínicas estão tomando conta. Sem falar que a imagem da minha loja fica feia quando minhas clientes compram alguma roupa e quando saem, dão de cara com as meninas de programa.

O morador Fernando Guedes, de 65 anos, também se sente incomodado.

— Não existem mais comércios decentes na quadra 516 Norte. Todos os dias de manhã, quando vamos comprar pão, os moradores encontram essa pouca vergonha.

Porém, as opiniões são diversas, como relata o dono de um restaurante localizado na quadra 306 Norte, Gilson Pereira, de 52 anos. Ele explica que para ele não faz diferença.

— Lembro que antigamente as pessoas recriminavam muito esses serviços. Mas hoje, eu vejo que é um trabalho como outro qualquer. Elas estão trabalhando e não roubando. Isso não interfere na minha vida.

Homossexuais preferem as saunas

Nas casas e clínicas de massagem visitadas pelo R7, a prostituição é exclusivamente feminina. Os garotos de programa, mais conhecidos como GP, aderiram às saunas, e não às casas de massagem de Brasília, para fazer programa.

Alisson da Silva, de 23 anos, homossexual assumido, trabalha há dois anos em uma sauna que fica na quadra comercial 503 Sul e cobra, em média, R$ 50. Ele explica que prefere esses ambientes por questão de limpeza e segurança.

— A gente que trabalha no meio ouve muito os amigos dizendo que foram agredidos ou roubados por clientes. Então, nesses lugares, a gente se sente mais seguro para trabalhar.

Alisson faz programa para pagar a faculdade. O dinheiro que recebe do estágio na área que estuda, não é suficiente para sustentá-lo. Já, seu amigo, Rodrigo Félix, de 29 anos, que é GP há dois meses, contou que chega a atender até três clientes em seis horas.

— As pessoas que nos pagam são de todos os tipos, gordos, magros, negros, brancos, ricos, pobres. Estamos aqui para trabalhar.

Outro lado
A Clínica Bem-Estar, um dos estabelecimentos visitados pelo R7, negou, ao ser procurada por telefone, que as massagistas façam programas. Mas na visita do R7 ao local, a clínica ofereceu massagem e programa para o repórter, que se identificou como cliente.
Fonte: http://noticias.r7.com

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