Com preços ainda acessíveis para uma área nobre, as salas
das quadras comerciais da Asa Norte, zona central de Brasília, abrigam casas de
massagem na qual a prostituição é uma das opções aos clientes.
De dez casas de
massagem visitadas pela reportagem do R7 na região, oito também ofereciam
programas aos clientes. Duas delas eram restritas a massagens.
A existência dos prostíbulos em plena área nobre – um
apartamento usado de cem metros quadrados na região não sai por menos de R$ 700
mil – incomoda os moradores e outros comerciantes das quadras, principalmente
porque ocorre em plena luz do dia.
Nem todas as casas de massagem com prostituição, no entanto,
têm identificação ou placas. Mas são encontradas pelos clientes em
classificados de jornal ou na internet.
Em um desses estabelecimentos, que fica na quadra 316 Norte,
o preço de uma sessão de massagem é de R$ 60. Caso o cliente tenha interesse em
um programa com a profissional, o valor dobra. A maioria desses locais possui,
em média, cinco garotas.
Nos locais, como em uma clínica de massagem na 306 Norte,
existem cabines individuais, onde as profissionais colocam música e também
fazem programa. De acordo com a massagista Lilian Cardoso (nome fictício), de
28 anos, ela recebe em média dois homens por dia para programas.
— Algumas vezes meu público é ainda maior. Por semana, meu
lucro fica em R$ 500.
Ela explica que existem homens que só pagam pela massagem,
sem nenhum interesse sexual.
— Depende muito. Já recebi clientes que realmente só
quiseram a massagem e foram embora. Mas também, a procura pelo sexo pago é
grande.
Lilian conta que a Asa Norte é um dos locais onde mais se
encontram a massagem erótica por ser no centro de Brasília, mas com preço do
aluguel ainda em conta, quando comparados com outras áreas comerciais. De
acordo com o Secovi-DF (Sindicato da Habitação no Distrito Federal), o m² do
comércio na Asa Norte da capital custa R$ 10 mil.
O horário de funcionamento das clínicas de massagem é
comercial. O serviço vai das 8h às 18h. Em alguns casos, o horário é prolongado
até mais tarde, às sextas-feiras, quando a rotatividade de público é maior.
Para o professor em psicologia na UnB (Universidade de
Brasília), Raphael Boechat, a migração da prostituição das ruas para locais
fechados, como as casas e clínicas de massagem, é um avanço. Com mais preparo,
elas preferem não atender na rua.
— Elas estão progredindo. Aqui em Brasília, como em São
Paulo e no Rio de Janeiro, sempre teve esse trabalho. A diferença é que agora,
elas estão se especializando e a sociedade tem de acompanhar essa evolução.
Movimentação incomoda
moradores e outros comerciantes
Para a comerciante Aline Cipriano, de 41 anos, não é normal
trabalhar ao lado de uma casa de massagem onde garotas fazem programa.
— Os comércios aqui da 410 Norte estão se tornando
prostíbulos. Essas supostas clínicas estão tomando conta. Sem falar que a
imagem da minha loja fica feia quando minhas clientes compram alguma roupa e
quando saem, dão de cara com as meninas de programa.
O morador Fernando Guedes, de 65 anos, também se sente
incomodado.
— Não existem mais comércios decentes na quadra 516 Norte.
Todos os dias de manhã, quando vamos comprar pão, os moradores encontram essa
pouca vergonha.
Porém, as opiniões são diversas, como relata o dono de um
restaurante localizado na quadra 306 Norte, Gilson Pereira, de 52 anos. Ele
explica que para ele não faz diferença.
— Lembro que antigamente as pessoas recriminavam muito esses
serviços. Mas hoje, eu vejo que é um trabalho como outro qualquer. Elas estão
trabalhando e não roubando. Isso não interfere na minha vida.
Homossexuais preferem
as saunas
Nas casas e clínicas de massagem visitadas pelo R7, a
prostituição é exclusivamente feminina. Os garotos de programa, mais conhecidos
como GP, aderiram às saunas, e não às casas de massagem de Brasília, para fazer
programa.
Alisson da Silva, de 23 anos, homossexual assumido, trabalha
há dois anos em uma sauna que fica na quadra comercial 503 Sul e cobra, em
média, R$ 50. Ele explica que prefere esses ambientes por questão de limpeza e
segurança.
— A gente que trabalha no meio ouve muito os amigos dizendo
que foram agredidos ou roubados por clientes. Então, nesses lugares, a gente se
sente mais seguro para trabalhar.
Alisson faz programa para pagar a faculdade. O dinheiro que
recebe do estágio na área que estuda, não é suficiente para sustentá-lo. Já,
seu amigo, Rodrigo Félix, de 29 anos, que é GP há dois meses, contou que chega
a atender até três clientes em seis horas.
— As pessoas que nos pagam são de todos os tipos, gordos,
magros, negros, brancos, ricos, pobres. Estamos aqui para trabalhar.
Outro lado
A Clínica Bem-Estar, um dos estabelecimentos visitados pelo
R7, negou, ao ser procurada por telefone, que as massagistas façam programas.
Mas na visita do R7 ao local, a clínica ofereceu massagem e programa para o
repórter, que se identificou como cliente.
Fonte: http://noticias.r7.com
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