Garotas de programa sofrem ameaças e são coagidas a pagar pelo espaço; agressões e até estupros fazem parte do cotidiano
Considerado um dos maiores pontos
de concentrações de prostitutas de Rio Branco, a Via Chico Mendes, no Segundo
Distrito, passou a ser antro de exploração sexual, com regras bem definidas por
três homens: dois traficantes e um agiota. Prostitutas pagam ‘aluguel’ para eles.
A denúncia, publicada neste
OPINIÃO, revela um esquema que extorque, espanca, estupra e ameaça até de morte
adolescentes desempregadas que à noite tentam obter algum dinheiro ao longo da
via, nos inúmeros pontos de prostituição, já que dá acesso direto aos motéis da
Rodovia AC-40.
A reportagem teve acesso com
exclusividade às informações, já em poder da polícia, e mostra que o esquema é
segmentado por território. Cada um dos dois traficantes, e o agiota, tem
direito de explorar uma parte da via.
O mais impressionante, no
entanto, é que eles ‘arrendaram’ o espaço, antes controlado por um único homem
conhecido por Henrique (leia o texto abaixo), a quem devem pagar os dividendos
obtidos dos lucros das meninas de programa. Estes locais incluem calçadas e
pontos de ônibus no entorno da via.
Segundo narra uma das garotas, o
esquema tem uma tabela em que se pode pagar por dia ou por semana. Como elas
cobram em média R$ 30 por programa, sabem que o dinheiro arrecadado de um ou
dois clientes irá para os cafetões.
“Há algumas semanas, os ‘donos’
fizeram uma reunião”, conta uma das garotas exploradas. “Nos avisaram que
teremos de pagar R$ 25 por dia ou R$ 100 por semana, se quisermos trabalhar no
local”, ressalta.
Segundo a garota, “foi passada
uma tabela com os melhores pontos, alguns bem mais pra caros pra gente que
outros”.
“Quem se recusa a pagar ou atrasa
o pagamento é levada pra ‘estrada’”, adverte ela. Isso quer dizer que serão
espancadas, e em algumas situações, estupradas.
Rede inclui taxistas e envolve o tráfico de drogas
Mas por trás da exploração do
sexo, há ainda uma segunda componente: o tráfico de drogas e a prática de
agiotagem. A rede é ainda muito bem organizada e conta com o ‘suporte
logístico’ de taxistas, mototaxistas e ex-presidiários.
A polícia ainda não tem os nomes
dos denunciados; apenas apelidos, mas trabalha para identificar todos os
envolvidos.
Além dos dois traficantes e o
agiota, pelo menos três taxistas e um mototaxista participam do esquema. Os
maiores detalhes estão sob sigilo para não atrapalhar as investigações.
Espaço seria controlado por um gangster do Quinze
Um desses pontos de exploração
mantidos pelo grupo fica em frente à Delegacia Especializada em Atendimento a
Mulher (Deam), do outro lado da via.
Ainda segundo as denunciantes,
antigamente os pontos eram controlados pela homossexual conhecida como Raysa
Rios, morta após a queda de uma laje em sua casa. Ela, apesar de cobrar uma
taxa das garotas e dos travestis, garantia a segurança do local.
Com a morte de Raysa, os pontos
passaram a ser controlados por um sobrinho, identificado pelo nome de Henrique
e que também seria traficante no Bairro 15. Ele decidiu “arrendar” os pontos
para o grupo.
“Na época da Raysa trabalhávamos
tranquilas, tínhamos proteção e nos sentíamos seguras, pagávamos pela nossa
segurança, mas com esse pessoal que está ai somos exploradas ameaçadas e
agredidas, quando atrasamos o pagamento eles mandam os ‘noiados’ (usuários de
drogas) nos assaltar. Somos agredidas e já houve caso de uma colega ser
estuprada para servir de exemplo para as demais”, revela uma delas que trabalha
há pelo menos cinco anos no local.
A denúncia dá conta ainda de que
pelo menos três menores de 15 e 16 anos trabalham no local com documentos
falsos cedidos pelos “donos”.
As garotas denunciaram também que
clientes estão sendo chantageados pelos bandidos e em algumas ocasiões,
roubados pelos envolvidos no esquema.
“Muitas vezes somos obrigadas a
fazer coisas que não queremos. Quando tem clientes que não querem ir a um
motel, somos obrigadas a avisar os chefes que dão um jeito de filmar, com o
celular, o carro do cliente e até mesmo o programa, essa filmagens são usadas
para chantagear os clientes, outras vezes eles são roubados pelos os soldados
do esquema, os caras cercam o carro e roubam o que o cliente tem, celular,
joias, dinheiro e o que tiver de valor, o pior de tudo é que toda a culpa recai
sobre as garotas que trabalham lá. Esses casos não são denunciados porque os
clientes na grande maioria das vezes são casados ou pessoas influentes na
sociedade e por isso não querem se expor”, relatou a garota de programa.
Fonte :www.jornalopiniao.net
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