Foi uma mulher a primeira a
receber o anúncio da ressurreição de Jesus, que os cristãos hoje assinalam. Mas
há outras mulheres importantes na vida de Cristo, mais decisivas do que
tradicionalmente se acreditava.
Maria de Nazaré, Maria Madalena,
a samaritana ou a cananeia. Elas estavam lá desde o início. Apesar de
desprezadas pela história, várias mulheres tiveram um papel fundamental na vida
de Jesus. Muito mais decisivo do que se pensava tradicionalmente. A
investigação bíblica recente começa a desvendar factos que contradizem a ideia
feita. E a vincar que as mulheres fazem parte do grupo de discípulos de Jesus
de forma igual à dos homens.
Assim é: elas estavam lá desde o
início e foram apóstolas, discípulas, evangelizadoras, financiadoras,
interpeladoras de Jesus. “Jesus aceitou-as e não as discriminou pelo facto de
serem mulheres”, diz à 2 Maria Julieta Dias, religiosa do Sagrado Coração de
Maria e coautora de A Verdadeira História de Maria Madalena (ed. Casa das
Letras). “Jesus não foi misógino, foi sempre ao encontro das mulheres”,
acrescenta Cunha de Oliveira, que acaba de publicar Jesus de Nazaré e as
Mulheres (ed. Instituto Açoriano de Cultura).
Os evangelhos citam várias vezes
as mulheres que seguiam Jesus “desde a Galileia”, onde ele começara o seu
ministério de pregador itinerante. No momento da crucifixão, são elas que estão
junto a Ele. Lê-se no evangelho de S. Mateus: “Estavam ali, a observar de
longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galileia e o serviram.
Entre elas, estavam Maria de Magdala, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe
dos filhos de Zebedeu.” E é a uma mulher que primeiro é anunciada a
ressurreição de Jesus, que os cristãos assinalam hoje, Domingo de Páscoa.
Maria Julieta Dias recorda que,
em outra passagem do evangelho de Lucas, já se diz que acompanhavam Jesus “os
Doze e algumas mulheres, que tinham sido curadas de espíritos malignos e de
enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demónios;
Joana, mulher de Cuza, administrador de Herodes; Susana e muitas outras, que os
serviam com os seus bens”.
As mulheres estavam lá, como
discípulas. Em Um Judeu Marginal (ed. Imago/Dinalivro), John P. Meier, um dos
mais conceituados exegetas bíblicos contemporâneos, não tem dúvidas: “O Jesus
histórico de facto teve discípulas? Por esse nome, não; na realidade (...),
sim. Por certo, a realidade, mais do que o rótulo, teria sido o que chamou a
atenção das pessoas. (...) Quaisquer que sejam os problemas de vocabulário, a
conclusão mais provável é que ele considerava e tratava essas mulheres como
discípulas.”
Julieta Dias explica que só se
fala em discípulo, no masculino, porque, em aramaico, a palavra não existia.
Discípulo era aquele ou aquela que servia o mestre. Mesmo assim, “deve ter sido
tão forte o testemunho dessas mulheres que foi quase impossível ignorar o seu
testemunho, 40 anos depois, quando os evangelhos foram escritos”.
Em Jesus e as Mulheres dos
Evangelhos (ed. Multinova), Maria Joaquina Nobre Júlio recorda que, na
ressurreição, o desconhecido que se dirige às mulheres que iam perfumar o corpo
de Jesus, lhes diz: “Porque buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui;
ressuscitou! Lembrai-vos de como vos falou, quando ainda estava na Galileia.”
Este facto revela que as mulheres estavam incluídas entre o auditório de Jesus,
comenta. Sobre o seu ministério, “Jesus não falou afinal só aos discípulos
homens”.
A teóloga espanhola Isabel Gómez
Acebo (que é também empresária, casada e dirigente das associações de Teólogas
Espanholas e Europeia de Mulheres para a Teologia) diz à 2 que “a todos os
discriminados, incluindo às mulheres, Jesus veio devolver a dignidade e a
liberdade”.
“As mulheres mostram uma forma
nova de Jesus se aproximar”, diz Maria Vaz Pinto, freira das Religiosas
Escravas do Sagrado Coração de Jesus há 26 anos e provincial (responsável)
portuguesa da congregação desde Setembro de 2009. “Com elas, Jesus mostra a sua
ternura e o seu humor, chama à verdade da vida e à radicalidade da entrega.”
Como se apagou então o
protagonismo das mulheres? Com o tempo, as primeiras comunidades assumiram a
cultura envolvente e voltaram a dar predominância aos homens. No momento da
redacção dos evangelhos, entre os anos 70 e 100, já essa realidade é
inexorável. Explica Joaquina Nobre Júlio: “A recordação do acolhimento de Jesus
às mulheres foi-se esvaindo, a visibilidade e a autonomia que ganharam com Ele
foram-se perdendo.”
O protagonismo dado aos doze
apóstolos como líderes da comunidade cristã tem outra razão, na opinião de
Julieta Dias: “É um valor simbólico, para dizer que no grupo de Jesus havia
capacidade de levar a boa nova às doze tribos de Israel, ou seja, a todo o povo.”
Mas várias mulheres foram
decisivas na vida de Jesus: a mãe, Maria de Nazaré; Maria Madalena, a primeira
a quem é anunciada a ressurreição; ou as amigas de Betânia, as irmãs Maria e
Marta. A samaritana ou a cananeia discutem com ele e acabam por ser
fundamentais para que Cristo repense a sua própria missão. Há ainda a mulher
pecadora que entra em casa de Simão e unge Jesus com perfume, e outras a quem
ele liberta de pesos pesados: a mulher com fluxo de sangue, a que é curada ao
sábado, a viúva que intercede pelo filho, a adúltera que querem apedrejar. Ou
ainda as que são nomeadas junto da cruz.
Elas estavam lá, também, na
Última Ceia. “Seria anacrónico se não estivessem. A Última Ceia era uma ceia
pascal e a ceia pascal dos judeus era familiar, onde estavam as mulheres e os
filhos”, diz Julieta Dias, que no próximo sábado, com a teóloga Teresa Toldy,
intervém num debate sobre Jesus, Mulheres e Igreja, promovida pelo movimento
Nós Somos Igreja (Convento de São Domingos, Lisboa, 16h). Isabel Gómez Acebo
ironiza: “Quem cozinhou na noite da Última Ceia? As mulheres.”
Maria de Nazaré: de mãe a discípula
Descontadas as narrativas da
infância de Jesus, de carácter simbólico, não são muitas as referências dos
evangelhos à figura da sua mãe. E quando as há nem sempre são simpáticas. Nos
três textos sinópticos (os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, assim
designados por terem narrativas paralelas), há mesmo discussões porque a
família de Jesus queria que ele deixasse o ministério itinerante de pregação. “Aquele
que fizer a vontade de Deus, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe”,
responde um convicto Jesus quando a família o procura.
Geza Vermes, nascido na Hungria,
actualmente professor emérito da universidade inglesa de Oxford, e um dos
estudiosos da Bíblia mais conceituados na actualidade, comenta (Quem é Quem no
Tempo de Jesus, ed. Texto): “Depreende-se ser óbvio que a família não era
bem-vinda. Eles representavam a atitude dos familiares que estavam determinados
a [impedir Jesus] de prosseguir a sua carismática missão.” Outras frases
semelhantes apontam “claramente para um desacordo sério entre ele e os seus
mais próximos e mais amados.”
Maria aparece junto da cruz
apenas no evangelho de S. João. Depois, está com os discípulos no Pentecostes, 50
dias após a Páscoa. Jacques Ducquesne (Maria — A Verdadeira História da Mãe de
Jesus, ed. Asa) refere outro mistério que é preciso esclarecer: Maria ocupa um
lugar “considerável” nos evangelhos apócrifos, que não foram reconhecidos como
autênticos pelas primitivas comunidades cristãs, “muitíssimo maior” do que nos
quatro evangelhos canónicos. Aliás, as narrativas da infância de Jesus dos
textos de Mateus e Lucas são, em alguns aspectos, próximas das narrativas dos
evangelhos apócrifos.
Em Dizer Deus — Imagens e
Linguagens (ed. Gótica), escreve Julieta Dias: “Maria, a mãe de Jesus (…) é a
discípula por excelência”, é o “paradigma do discipulado de Jesus”. Foi a
personagem de Maria de Nazaré que levou Julieta Dias a estudar teologia, conta
agora: “A forma como falavam dela irritava-me e levava-me a pensar que não
podia ser o meu modelo: ela era virgem e mãe; eu, sendo virgem, não podia ser
mãe; se fosse mãe, não seria virgem.” E quando rezava, na comunidade de
religiosas, a oração do Magnificat ao final da tarde, achou que “qualquer coisa
não batia certo”.
Aquele hino, que Maria de Nazaré
recita quando visita a prima Isabel, depois de ambas ficarem grávidas, diz: “A
minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua serva. (…) Derrubou os poderosos de
seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos
despediu de mãos vazias (…).”
Este é o “texto mais
revolucionário” que se poderia cantar, diz Isabel Gómez Acebo. “Há uma linha de
pensamento no catolicismo que fala do silêncio de Maria, mas ela questiona
muito: quando faz perguntas ao anjo na anunciação, no Magnificat ou quando diz
ao filho, nas bodas de Caná, que não há vinho... É uma personalidade muito
marcada.”
Tema debatido é também se ela
teve ou não mais filhos. A posição católica e ortodoxa diz que não, várias
igrejas protestantes admitem que sim. Frédéric Manns (Maria, Uma Mulher Judia,
ed. UCEditora) recorda argumentos linguísticos de ambos os lados para resumir:
“A exegese não pode apoiar com certeza a posição tradicional católica e
ortodoxa. Mas a posição contrária também não se impõe.”
Maria Madalena: a apóstola dos apóstolos
“Quem foi, de facto, Maria
Madalena: uma pecadora arrependida, uma discípula predilecta, a enviada
(apóstola) a anunciar a ressurreição, a esposa de Jesus?”, perguntam Julieta
Dias e Paulo Mendes Pinto no livro já citado. Foi o Papa Gregório Magno
(590-604) que, num sermão de Páscoa, identificou Maria Madalena, Maria de
Betânia e a pecadora que unge Jesus com o perfume como a mesma mulher. Nada
mais errado, pois os evangelhos são claros em distinguir três pessoas
diferentes.
Natural de Magdala (Madalena será
corruptela do nome), pequena cidade da Galileia (no Norte do actual Israel),
Maria é referida nos evangelhos como alguém que, a par de outras mulheres,
cuidava de Jesus e colocara os seus bens ao serviço do grupo. O facto “sugere
que Maria Madalena era uma pessoa com recursos, que ofereceu a sua devoção a
Jesus, que a curara” de “sete demónios”, nota Geza Vermes, que dirige o Centro
de Estudos Hebraicos de Oxford. A expressão “sete demónios”, escreve Régis
Burnet (Maria Madalena — De Pecadora Arrependida a Esposa de Jesus, ed.
Gradiva) remete para “um poder nefasto que a ultrapassa”, um problema do foro
psicológico.
“Era uma mulher com posses, que
se apaixonou por Jesus enquanto profeta itinerante”, comenta Cunha de Oliveira
à 2. “É alguém que gostou de Jesus de modo incrível”, diz Maria Vaz Pinto. “Não
me importa de que cor era o amor que ela tinha, o que interessa é que era tão
grande que mudou a sua vida.”
“Gosto de pensar que ela estava
enamorada de Jesus”, acrescenta Isabel Gómez Acebo. “Os evangelhos apócrifos
apresentam Maria Madalena como rival de Pedro. Ela tinha tido um protagonismo
tão forte que algumas comunidades cristãs do início a seguiram a ela.”
Madalena é, disso não há dúvida,
a primeira pessoa a quem Jesus aparece após a ressurreição. “É a ela que ele
diz: vai e anuncia; é patente que Jesus não aparece a Pedro nem à mãe”, nota a
teóloga espanhola. E Maria Vaz Pinto recorda que, após a ressurreição, quando
Maria pensa que é o jardineiro e reconhece Jesus ao ouvir chamar pelo seu nome,
ela quer agarrá-lo. Mas Jesus diz-lhe “não me detenhas” — o célebre “Noli me
tangere” fixado em dezenas de obras ao longo da história da arte. “Ele
empurra-a para os outros e ela vai”, o que faz dela uma das principais
seguidoras.
Isabel Gómez Acebo observa que,
durante séculos, as relações de Jesus com mulheres foram reduzidas “à sua mãe
ou a mulheres pecadoras”. Não convinha, diz, que fossem “amigas nem discípulas”.
Mas Maria “foi a primeira discípula”. Por isso a tradição irá apresentá-la
“como prostituta a quem Jesus tinha tirado da miséria”. O que “nada tem a ver
com a personagem real”.
Maria de Betânia: a discípula que escuta o hóspede
Irmã de Marta e Lázaro (amigos de
Jesus), Maria de Betânia, aldeia próxima de Jerusalém, aparece em duas cenas no
evangelho: quando as irmãs choram a morte de Lázaro (texto do evangelho de
João, lido nesta semana que antecede a Páscoa) e quando Jesus passa por sua
casa e Maria se senta a escutá-lo enquanto Marta se atarefava “com muitos
serviços”, como conta Lucas. Marta queixa-se da irmã a Jesus, mas este
repreende-a: “Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas
uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.”
“Estar aos pés do mestre é, na
literatura rabínica, ser discípulo de alguém”, diz à 2 a religiosa espanhola
Isabel Maria Fornari, autora de uma tese com o título La Escucha del Huésped
(ed. Verbo Divino, Espanha), onde estuda este episódio. Mas a cena remete
também para a hospitalidade bíblica, que inclui um elemento importante: o da
comunicação. “É importante servir, comer, mas, quando alguém vem a nossa casa,
mais importante é a comunicação que se estabelece.”
Isabel Fornari relaciona este
episódio com outro passado já depois de Jesus ter deixado o convívio com os
seus: no livro dos Actos dos Apóstolos, conta-se que a comunidade cristã de
Jerusalém tem de optar por colocar um grupo a servir à mesa para que os apóstolos
possam dedicar-se ao anúncio da mensagem de Jesus. “O mandato de Jesus ‘ide,
fazei discípulos e ensinai’ supõe aprender. E isso faz-se num novo horizonte de
hospitalidade que dá prioridade à comunicação.”
Este episódio foi lido durante
muito séculos como afirmando a primazia da vida contemplativa sobre a vida
activa. “Não tem nada que ver”, diz Isabel Gómez Acebo. “Jesus foi um homem de
acção, que orava de noite mas de dia estava com as pessoas”, diz. “Jesus era um
homem activo que tinha a presença de Deus a seu lado; não ficou a orar no
deserto, foi de cidade em cidade falar às pessoas.”
O facto de Maria de Betânia se
colocar à escuta, diz ainda Maria Vaz Pinto, é “também uma manifestação de
amor: estar quieta, aprender, ouvir, deixar-se tocar”.
Samaritana: saltar todas as normas da moral
É, provavelmente, um dos textos
mais notáveis dos evangelhos, este em que Jesus pede água a uma samaritana.
Duplo pecado: dirigir a palavra a uma mulher, ainda por cima da Samaria — “os
judeus não se dão bem com os samaritanos”, explica a narrativa de São João. A
cena decorre por volta do meio-dia, junto ao poço de Jacob, em Sicar. Jesus
está cansado e quer descansar e refrescar-se.
“Jesus adopta logo,
implicitamente, o lugar inferior. As suas palavras não são uma ordem, mas um
pedido. Dirige-se [à samaritana] de mãos vazias, à procura de qualquer coisa
que só ela é capaz de lhe dar”, escreve o Irmão John, de Taizé (À Beira da
Fonte, ed. AO).
“Jesus salta todas as normas da
moral judia”, diz Isabel Acebo. “Os patriarcas de Israel encontravam-se naquele
poço. Jesus aparece a esta mulher, que já tinha tido seis maridos, como um
esposo novo”, de cariz diferente.
A mulher espanta-se: “Como é que
Tu, sendo judeu, me pedes de beber a mim que sou samaritana?” Jesus responde:
“Se conhecesses o dom que Deus tem para dar e quem é que te diz: ‘Dá-me de
beber’, tu é que lhe pedirias, e Ele havia de dar-te água viva!” Jesus
acrescenta depois: “Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede; mas,
quem beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede: a água que Eu lhe der
há-de tornar-se nele em fonte de água que dá a vida eterna.”
O diálogo prossegue com Jesus a
dizer que chegará a hora em que Deus será adorado “em espírito e verdade” e não
num qualquer templo. E quando a mulher diz que todos esperam o messias, Jesus
diz-lhe: “Sou eu, que estou a falar contigo” — é a única vez em que se assume
como tal perante alguém.
Em Dizer Deus, escreve a teóloga
italiana Nicoletta Crosti: “Esta mulher representa-nos a todos (...) representa
o caminho do ‘acreditar’, (...) a nossa sede de uma vida mais rica (...), as
infinitas perguntas sobre as coisas últimas e penúltimas.”
A pecadora de Betânia: Jesus deixa-se acariciar
É uma mulher que “entra e sai em
silêncio, mas o leitor sente que a sua passagem se revestiu de uma eloquência
ímpar”, escreve o biblista José Tolentino Mendonça em A Construção de Jesus
(ed. Assírio & Alvim). Nesta obra, o autor analisa o episódio em que uma
pecadora irrompe pela casa de Simão, um fariseu, que convidara Jesus.
“Estando por detrás, aos seus
pés, chorando começou a banhar-lhe os pés com lágrimas e com os cabelos da sua
cabeça os enxugava e beijava-lhe os pés e ungia-os com perfume”, conta o texto
de São Lucas. Simão diz para consigo: “Se este fosse profeta, saberia quem é e
de que espécie é a mulher que o toca, pois é uma pecadora!” Jesus pressente o
que ele pensa e, depois de lhe contar uma parábola, diz que a mulher lhe banhou
os pés com as suas lágrimas e o perfumou. E conclui: “São perdoados os pecados
dela, os muitos, porque amou muito.”
“É impressionante como Jesus se
deixa acariciar e não faz nenhum gesto para a afastar”, diz Isabel Gómez Acebo.
Para Maria Vaz Pinto, a mulher traduz “outra característica de quem ama, o lado
feminino do que não é estritamente necessário, a extravagância que enche a vida
de cor e de perfume”. Trata-se, acrescenta, de algo que “não serve para nada,
mas que é um gesto muito bonito no seu excesso”.
“A transformação do estatuto da
mulher derrama um perfume novo” pelo próprio evangelho, comenta Tolentino
Mendonça. E “nesse encontro, mais do que noutros”, essa mulher “assinala,
reconhece, toca, molha e unge o mistério de Jesus”.
Fonte: www.publico.pt
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