Se uma mulher é estuprada, de
quem é a culpa? Provavelmente você não demorou muito tempo para encontrar a
resposta na sua mente: dela. Não deveria, mas é comum uma mulher que foi
violentada sexualmente ouvir que ela "pediu por isso", que
"ninguém mandou andar sozinha à noite", que "bebeu demais e deu
nisso", que "também, com esta saia curta!" entre outros
comentários deste tipo que a culpabilizam pelo crime. Mas já imaginou como
soaria ridículo associar os mesmos comentários a outros crimes, por exemplo, os
de roubo?
Essa foi a ideia da jornalista
norte-americana Caitlin Kelly, para expor como a maioria das pessoas reproduz e
reforça a cultura do estupro -- e deixar quão ABSURDO é culpar a vítima pela
violência.
Para isso, ela reuniu tweets que
trocavam os "palpites" sobre estupro por situações como, por exemplo,
roubo de uma carteira.
"I think that guy I know stole my
wallet." Well, do you have proof? Were you drinking that night? What were
you wearing when this happened?
— Caitlin Kelly (@atotalmonet) 20
novembro 2014
("Eu acho que este cara
roubou minha carteira". Bem, você tem provas? Você estava bebendo naquela
noite? O que você estava
usando quando isso aconteceu?)
All guys want wallets, it's just in their
nature. Maybe you shouldn't have had a wallet in the first place.
— Caitlin Kelly (@atotalmonet) 20
novembro 2014
("Todos os caras querem
carteiras, está na natureza deles. Em primeiro lugar, talvez você não devesse
ter uma")
A campanha começou em novembro de
2014, mas o coletivo feminista Think Olga trouxe à tona traduzindo alguns dos
tweets e criando uma tabela com as comparações feita por Caitlyn:
Caitlyn contou, em entrevista ao
HuffPost US, que a "metáfora do roubo" surgiu de uma frustração:
"Provavelmente, a ideia surgiu da frustração de ver todas as histórias
recentes sobre estupro e saber que tantas pessoas duvidam e culpam as
vítimas".
Em um momento em que a Câmara dos
Deputados está prestes a inviabilizar o atendimento às vítimas de estupro e a
penalizar qualquer pessoa que preste auxílio a gestante que praticar aborto --
é de extrema importância lembrar que a culpa NÃO é da vítima e que, se
aprovado, este projeto de lei é um retrocesso para os direitos das mulheres no
Brasil.
Fonte: Brasil Post
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