terça-feira, 29 de setembro de 2015

Como seria se as pessoas tratassem o roubo como tratam o estupro?

Se uma mulher é estuprada, de quem é a culpa? Provavelmente você não demorou muito tempo para encontrar a resposta na sua mente: dela. Não deveria, mas é comum uma mulher que foi violentada sexualmente ouvir que ela "pediu por isso", que "ninguém mandou andar sozinha à noite", que "bebeu demais e deu nisso", que "também, com esta saia curta!" entre outros comentários deste tipo que a culpabilizam pelo crime. Mas já imaginou como soaria ridículo associar os mesmos comentários a outros crimes, por exemplo, os de roubo?


Essa foi a ideia da jornalista norte-americana Caitlin Kelly, para expor como a maioria das pessoas reproduz e reforça a cultura do estupro -- e deixar quão ABSURDO é culpar a vítima pela violência.

Para isso, ela reuniu tweets que trocavam os "palpites" sobre estupro por situações como, por exemplo, roubo de uma carteira.

"I think that guy I know stole my wallet." Well, do you have proof? Were you drinking that night? What were you wearing when this happened?
— Caitlin Kelly (@atotalmonet) 20 novembro 2014
("Eu acho que este cara roubou minha carteira". Bem, você tem provas? Você estava bebendo naquela noite? O que você estava usando quando isso aconteceu?)

All guys want wallets, it's just in their nature. Maybe you shouldn't have had a wallet in the first place.
— Caitlin Kelly (@atotalmonet) 20 novembro 2014
("Todos os caras querem carteiras, está na natureza deles. Em primeiro lugar, talvez você não devesse ter uma")

A campanha começou em novembro de 2014, mas o coletivo feminista Think Olga trouxe à tona traduzindo alguns dos tweets e criando uma tabela com as comparações feita por Caitlyn:
  


Caitlyn contou, em entrevista ao HuffPost US, que a "metáfora do roubo" surgiu de uma frustração: "Provavelmente, a ideia surgiu da frustração de ver todas as histórias recentes sobre estupro e saber que tantas pessoas duvidam e culpam as vítimas".

Em um momento em que a Câmara dos Deputados está prestes a inviabilizar o atendimento às vítimas de estupro e a penalizar qualquer pessoa que preste auxílio a gestante que praticar aborto -- é de extrema importância lembrar que a culpa NÃO é da vítima e que, se aprovado, este projeto de lei é um retrocesso para os direitos das mulheres no Brasil.

Fonte: Brasil Post

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