Cartazes sobre abuso sexual nos
trens de São Paulo Foto (Divulgação/ Metrô São Paulo)
O vagão rosa gera polêmica, uma
vez que não há consenso sobre o seu uso.
Segregar vagões do metrô faz
parte da realidade de várias capitais brasileiras. No Rio de Janeiro, por
exemplo, a prática dos vagões exclusivos para mulheres funciona há nove anos.
No Distrito Federal, existe há dois anos. O vagão rosa, como também é
conhecido, gera muita polêmica, pois não há um consenso sobre a sua eficácia para
se evitar o assédio.
O Metrô de São Paulo criou a
campanha “Você não está sozinha” que visa estimular a denúncia dos abusos
sexuais ocorridos nas plataformas e nos trens (veja as imagens acima).
Além do Brasil, outros países
como Japão, Egito, Índia, Irã, Indonésia, Filipinas, México, Malásia e Dubai
tem o vagão rosa nos metrôs.
Para Marília Moschkovich,
socióloga, militante feminista e escritora, propor a separação de homens e
mulheres como solução para este tipo de crime é um erro. “Os vagões exclusivos
culpabilizam as mulheres pelo próprio assédio. Separar as mulheres – que são em
geral as vítimas da agressão – significa dar liberdade aos algozes. Quer dizer,
os homens que assediam podem continuar assediando em outros espaços, sem que
isso tenha nenhum tipo de punição”, disse.
A socióloga afirma também que
geralmente em sociedades de cultura machista, as mulheres são sempre culpadas
pela própria sexualidade e também pela sexualidade dos homens. “Assim, quando
sofrem agressões, a solução é limitar, fiscalizar e controlar o corpo e as
atitudes delas. Jamais o comportamento dos homens. Para sermos livres
precisamos ser menos livres – é isso, mesmo?”, indaga.
Pesquisa do Ipea de 2014, sobre a
violência contra mulher, confirma a triste realidade descrita por Marília. De
acordo com os dados, 26% dos brasileiros concordam com a ideia de que mulheres
que usam roupas mostrando o corpo merecem ser atacadas. Originalmente, o
Instituto afirmara que 65% dos entrevistados concordavam total ou parcialmente
com essa afirmação. O erro foi corrigido em nota divulgada pelo Instituto no
dia 4 de abril de 2014.
Homossexualidade
Marília Moschkovich levanta mais
um argumento sobre a segregação de vagões: homens não têm necessariamente
desejo sexual por mulheres, e vice-versa.
“Chamamos essa pressuposição de
“heteronormatividade”, e ela aparece também em vários outros contextos em nossa
sociedade. Separar as mulheres dos homens no transporte público reforça essa
ideia retrógrada e surreal de que a heterossexualidade e heteroafetividade são
o “normal”, o “natural”, e de que relacionamentos gays e lésbicos são exceção,
aberração”, finaliza.
Fonte: Dom Total
Nenhum comentário:
Postar um comentário