As curvas da mulher africana ante
bolsos endinheirados e prontos para comprar amores efêmeros nos clubes noturnos
de Nairóbi. Esse pode ser o resumo de "Sex and the City", a nova
exposição do renomado artista queniano Michael Soi que faz uma crítica direta à
moral dupla do país.
Na Aliança Francesa da capital
queniana, onde está montada, a exposição transborda em cores e questiona com
humor diante de olhares receosos dos visitantes: a prostituição incomoda os
cidadãos que não estão envolvidos nela?
"A exposição causa
desconforto porque a sociedade africana não é aberta a discutir o sexo. As
pessoas são felizes fazendo e escondendo", explicou o próprio artista,
cuja obra foi exposta nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia.
O comércio sexual no Quênia é
ilegal, mas basta uma breve caminhada para se deparar com movimentadas boates e
perceber que conseguir uma boa noite a partir de pagamento é fácil.
A ideia da típica figura da
prostituta parada em uma esquina pouco iluminada desapareceu. "Sex and The
City" mostra mulheres que se vestem com couro apertado e purpurina,
brilhantes e usam vertiginosos saltos. O comércio sexual, que não para de
crescer, chegou às regiões mais exclusivas.
"Antes uma mulher que saía
da zona rural e vinha à cidade não tinha alternativa que não fosse entrar na
prostituição para bancar seus filhos, mas agora se trata simplesmente de fazer
dinheiro. É pura arrogância", criticou Soi.
Para ele, é seu dever representar
a atual história de Nairóbi, como os livros fazem sobre os séculos passados.
"Não tentei fazer com que as
pessoas se sentissem incomodadas, mas lembrar que isso está acontecendo e que
negar não evita que ocorra", argumentou.
Com cores atrevidas, poucos
sorrisos e muitas expressões de surpresa, Soi representa a noite queniana
durante os últimos 20 anos, nos quais não conseguiu escapar da ciumenta e
escandalizada crítica social.
"Fico feliz quando criticam
meu trabalho. Significa que a mensagem ficou nas pessoas", afirmou.
Soi também critica o turismo
sexual no litoral do país, onde homens brancos de idade avançada e com a
barriga proeminente, às vezes com bengala, passeiam pelas praias paradisíacas
de Diani ou Malindi acompanhados por uma ou até duas mulheres negras.
"Michael tem o poder de
representar com seu pincel o que está em nossas mentes, e com isso ajuda a
mudar a sociedade", ressaltou Victoria Maina, uma das visitantes da
mostra, sem conseguir conter o riso em frente às cruas representações de
"Sex and the City".
Fonte: Uol
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