Em Belo Horizonte, pastorais,
movimentos sociais e entidades realizam o 21º Grito dos Excluídos, no dia 7 de
setembro. Este ano, retoma o tema, “A
Vida em primeiro lugar”, e traz como lema para 2015, “Que país é esse que mata
gente, que a mídia mente e nos consome?”
Os participantes irão se
concentrar na Praça Raul Soares, às 9h30, e caminhar até a Praça Sete, no
Centro de Belo Horizonte. Os
organizadores ressaltam que um conjunto de manifestações – seis intervenções -
serão realizadas, no Dia da Pátria, em pontos estratégicos da cidade. O
objetivo é chamar a atenção para as condições sociais no Brasil, propondo as
seguintes reflexões e ações: contra o extermínio da juventude negra e a redução
da maioridade penal; contra a concentração e a manipulação da mídia; pela diversidade
sexual e contra o conservadorismo que restringe direitos; pelo direito à
moradia e em defesa das ocupações urbanas e pelos direitos trabalhistas e
contra a terceirização. Um seminário foi realizado no dia 22 de agosto, no
Vicariato Episcopal para Ação Social da Arquidiocese de BH, quando esses temas,
que consistirão os diversos gritos deste ano, foram aprofundados e debatidos em
grupos de trabalhos.
Dom Luiz no Grito dos Excluídos
- 2014
O bispo auxiliar da Arquidiocese
de Belo Horizonte, dom Luiz Gonzaga Fechio – presidente da Comissão Episcopal
para o Serviço da Justiça, da Caridade e da Paz, do Regional Leste 2, e membro da Comissão Episcopal para o Serviço
da Justiça, da Caridade e da Paz da CNBB -
ressalta que a manifestação é de grande significado, não importando o
número de pessoas, que varia ao longo dos anos. “O Grito dos Excluídos continua
tendo grande significado. Ele existe, de fato, nas grandes concentrações de
pessoas, mas nos pequenos grupos. Vejo-o acontecer nas visitas aos moradores de
rua, às mulheres marginalizadas, aos menores. Em todo o grupo que chamamos de
excluídos”.
Dom Luiz lembra que o Grito é
também para que as pastorais, as lideranças que estão à frente do trabalho com
as pessoas excluídas se sintam incentivadas a continuar esse trabalho. "O
Grito - observa o bispo - é dos excluídos, mas, por não terem a oportunidade de
saírem de onde estão para o centro da cidade, a manifestação congrega
especialmente aqueles que estão
envolvidos com as causas deles. Dom Luiz lembra a dificuldade de se reunir
essas pessoas tão sofridas - cada uma delas com suas particularidades-, no
centro da cidade, para uma manifestação. O mais viável, segundo ele, é
ajudá-las onde elas estão. “Esse grito
é, especialmente, das pessoas envolvidas nas pastorais, envolvidas com a causa
dos excluídos. É claro que a Igreja cada vez mais deseja que seja deles.
Contudo, quando não for possível, que
seja por eles”.
HISTÓRIA
O grito nasceu na 2ª Semana
Social Brasileira, realizada de 24 a 29 de julho de 1994, cujo tema principal
foi o fortalecimento do debate sobre “O Brasil que a gente quer, o Brasil que
nós queremos”. Tratava-se de buscar alternativas ao modelo econômico
neoliberal, imposto por meio das privatizações e do sistema financeiro internacional.
Ao fim dessa Semana, os participantes chegaram a uma síntese: “Brasil
economicamente justo, politicamente democrático, socialmente solidário e
culturalmente plural”.
Populares participam do Grito dos
Excluídos - 2014
“A Semana Social tende a ser um tempo oportuno no qual a
Igreja observa aquilo que está ocorrendo na realidade
social, e convida as lideranças do país e da igreja para debater essa realidade. Assim, ocorreu
na 2ª Semana Social. Em vista daquele
momento, da realidade em que se vivia, teve-se a ideia de se realizar o Grito
dos Excluídos no dia 7 de setembro, dia
sugestivo , quando comemoramos a Independência do Brasil. A data nos desafia com sentimento de
independência ao nos depararmos com
situações de dependência”, recorda dom
Luiz Gonzaga.
Na avaliação do bispo, as
reivindicações são praticamente as mesmas porque a exclusão tem se agravado em todos os segmentos , atingindo a criança, o
jovem, o adolescente, o menor, o idoso,
o enfermo. “É lógico que essa situação está relacionada ao pobre, aquele que
muitos pensam que não quer trabalhar, que não tem vontade de fazer nada.
Contudo, é fácil colocarmos rótulos, mas
quando estamos com essas pessoas vemos que não tiveram oportunidade de receber um gesto muito simples de carinho, de
afeto, de proximidade que a faz sentir-se
gente, sentir que é ser
humano; que não é indigente, mas pessoa
amada por Deus.
E para enxergar essa realidade,
dom Luiz acredita que é preciso ter os olhos de Jesus, ter a visão do que o
evangelho nos mostra. “Não tem como não
ver a exclusão, a questão é que ver com os olhos de Jesus cria uma
sensibilidade. Também pode-se fazer de
conta que não se vê e, com isso, não ter
sensibilidade para pensar o que cabe a nós
fazer para reverter ou amenizar
essa situação. Atrás de cada realidade
de uma pessoa existe uma história. E ao
conhecer muitas histórias, a gente vê que a situação é muito delicada para
fazermos um Juízo geral. Para essas
pessoas é que o Grito dos Excluídos foi criado, para ser a voz daqueles que não
têm voz.”
Programação:
9h - Concentração na Praça Raul
Soares (Centro de Belo Horizonte)
10h30 - Caminhada para a Avenida
Afonso Pena
Grito dos Excluídos
Um conjunto de manifestações
realizadas no Dia da Pátria, 7 de setembro, que tem como objetivo chamar a
atenção para as condições sociais no Brasil. Não é um movimento nem uma
campanha, mas um espaço de participação livre e popular para os próprios
excluídos e os movimentos e entidades que os defendem.
ROTEIRO DA MARCHA DO DIA 7 DE
SETEMBRO:
Concentração:
Praça Raul Soares
Tema: Juventudes - Redução da
Maioridade Penal e Extermínio da Juventude
Responsável: Pastoral da
Juventude e Levante Popular da Juventude.
Rua Santa Catarina
Tema: Reforma Política
Responsável: Instituto Santo
Tomás de Aquino
Rua Goitacases
Tema: Democratização da Mídia
Responsável: Capuchinhos
Rua Curitiba
Tema: Trabalho – Terceirização
(PLS 300)
Responsável: CUT / Sindieletro
Rua São Paulo
Tema: Gênero
Responsável: Fórum Político
Interreligioso
Praça Sete
Todos os Gritos - Mística
Av. Afonso Pena/PBH
Tema: Moradia
Responsável: Ocupação Isidora e
CMP / Padre Piggi
Fonte: www.arquidiocesebh.org.br
Fonte: www.arquidiocesebh.org.br
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