Munidas de vistos de turismo com
validade de três meses renováveis elas partem principalmente de São Vicente,
Sal e Santiago em busca do sonho de melhorar a vida em território angolano.
Santa Maria – 13 de Julho – Há
quem diga que Luanda já não é o que era e que explorar o petrodólar angolano
não é hoje tão fácil como acontecia há pelo menos dez anos. No entanto, há um
nicho de mercado que chega a render cinco mil dólares por uma noite.
A prostituição Cabo-verdiana em Angola.
A reportagem do Ocean Press
esteve recentemente de visita à capital angolana onde foi informado de que há
cada vez mais jovens Cabo-verdianas, algumas com um grau elevado de
escolaridade, a enveredar pelo mundo da prostituição como forma de fugir às
estatísticas do desemprego em Cabo Verde.
Conversamos com um Cabo-verdiano
residente em Luanda há vários anos que nos confirma este facto.
Indagamos se se trata de
prostituição forçada como denunciava há algum tempo atrás um jornal da praça,
mas, a nossa fonte garante que não é isso que vê.
“Que eu saiba quem é traficado
fica privado dos seus documentos mas, as meninas com quem me cruzei estão
sempre na noite, frequentam os espaços mais in da cidade de luanda e também os
mais caros. Circulam sempre acompanhadas de homens poderosos e endinheirados e
nas discotecas e pubs estão sempre na área VIP – very important people”.
“Quem vive em Luanda sabe que
para sustentar essa vida da noite é preciso ganhar muito dinheiro”, esclarece a
mesma fonte que ao reconhecer algumas raparigas de Cabo Verde tentou meter
conversa.
“Elas ficaram afastadas e
recusaram ficar perto de nós. Foi então que o meu amigo, indicou outra moça
também Cabo-verdiana, e disse aquela é uma espécie de chefe delas. Elas estão
aqui para identificar possíveis clientes”.
“Se estivessem aqui forçadas
penso que não teriam tantas liberdades nem regressariam com tanta frequência”,
acrescenta explicando que elas permanecem em Angola o tempo do visto e
regressam a Cabo Verde apenas `para o renovar e regressar a Angola.
A oportunidade para as
Cabo-verdianas surgiu recentemente após ter sido descoberta uma rede de
prostituição que levou várias dançarinas brasileiras a Luanda.
Prostitutas brasileiras já não são bem-vindas em Angola
Bento Kangamba, o empresário
angolano acusado de ser responsável por essa rede chegou de ser procurado pela
Policia Internacional – Interpol mas, o facto de ser casado com uma sobrinha do
Presidente José Eduardo dos Santos valeu-lhe o silenciamento do caso embora,
possa ter causado o declínio do negócio das prostitutas do Brasil.
O caldo entornou com um
telefonema anónimo a uma das prostitutas brasileiras e que invadiu as redes
sociais. Durante a conversa o suposto cliente fica a saber onde elas vivem,
quantas são e quanto cobram pelo serviço.
“Cinquenta mil kwanzas, cerca de
500 dólares americanos por cerca de uma hora
e meia de prazer”.
Mas este montante pode facilmente
dobrar ou até triplicar, explica a interlocutora ao suposto cliente.
“Se quiser estar com mais do que
uma pessoa ou ter mais regalias”.
A publicação desta conversa nas
redes sociais há cerca de um mês causou indignação e “levantou a poeira”
debaixo do tapete e os governantes do País que se intitula defensor da moral,
dos valores da familia e dos bons costumes foi obrigado a tomar uma atitude.
Com o negócio descoberto, Larissa
e amigas não se fizeram rogadas e deram o troco.
Ameaçaram publicar na internet
uma lista com nomes dos grandes generais e homens do poder angolano que eram
clientes frequentes.
O escândalo foi rapidamente
encoberto mas, porque as brasileiras deram muito nas vistas o mercado, começou
a interessar-se por mulheres de outras nacionalidades.
Cubanas, moçambicanas e, claro
está, Cabo-verdianas.
Comprar casa com dinheiro da prostituição
Munidas de vistos de turismo com
validade de três meses renováveis, elas partem principalmente de São Vicente,
Sal e Santiago em busca do sonho de melhorar a vida em território angolano.
Em alguns meses já há quem
conseguiu angariar o suficiente para adquirir um apartamento em Cabo Verde e ajudar
a familia.
Informações não confirmadas dão
conta que a prostituição brasileira chegou a render em pouco tempo mais de cem
mil dólares por mês mas já há Cabo-verdianas que conseguem auferir a módica
quantia de cinco mil dólares por apenas uma noite.
Um montante que para o rendimento
per capita Cabo-verdiano já é bastante simpático.
“E têm vários clientes por aquilo
que consegui apurar”, conta fonte do Ocean Press.
Talvez assim se explique como já
há jovens Cabo-verdianas adquirindo apartamentos em Cabo Verde com apenas três
a seis meses de trabalho.
Imprensa angolana tem receio de abordar o tema
À conversa com um jornalista
angolano ficamos a saber que o tema é tabu em Angola e que apesar de saber
exactamente o que se está a passar e quem são os grandes homens de Angola
envolvidos neste negócio da prostituição, a maior parte dos jornalistas faz
autocensura e evita falar sobre o tema.
Mesmo assim, o nosso interlocutor
esclarece.
“Cinco mil dólares até nem é
muito. Eu já ouvi falar de quantias mais elevadas e conheço pessoas que já
frequentaram festas que se transformaram em orgias com Cabo-verdianas”.
Protegidas por pessoas muito
influentes, “malta rija” como prefere chamar a nossa fonte e colega jornalista,
elas moram na zona nobre da cidade de Luanda, o recém criado Talatona onde se
concentram vários condomínios fechados com as rendas mais caras da cidade, o
centro comercial e de conferências, Belas, e onde nasceu a denominada cidade
financeira.
Fonte: Ocean Press
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