Sem recuperar este estilo
evangélico, não há nova evangelização. O importante não é pôr em funcionamento
novas atividades e estratégias, mas desprender-nos de costumes, estruturas e
servidões que nos impedem ser livres para contagiar o essencial do Evangelho
com verdade e simplicidade.
A leitura que a Igreja propõe
neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 6,7-13 que
corresponde ao XV Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. Eis o texto
Hoje na Igreja sente-se a
necessidade de uma nova evangelização. Em que ela consiste? Onde pode estar sua
novidade? Que devemos mudar? Qual foi realmente a intenção de Jesus ao enviar
seus discípulos para continuar sua tarefa evangelizadora? O relato de Marcos
deixa claro que só Jesus é a fonte, ele é o inspirador e o modelo da ação
evangelizadora de seus seguidores. Eles atuarão com sua autoridade. Não farão
nada em nome próprio. Eles são “enviados” de Jesus. Não pregarão a si mesmos:
anunciarão somente seu Evangelho. Não terão outros interesses: só se dedicarão
a abrir caminhos ao reino de Deus.
A única forma de impulsionar uma
“nova evangelização” é purificar-se e intensificar esta vinculação com Jesus.
Não haverá nova evangelização se não houver novos evangelizadores, e não haverá
novos evangelizadores se não houver um contato mais vivo, lúcido e apaixonado
com Jesus. Sem ele faremos muitas coisas, menos introduzir seu espírito no
mundo.
Ao enviá-los, Jesus não deixa
seus discípulos abandonados a suas forças. Oferece-lhes autoridade não para
controlar, governar ou dominar aos outros. Oferece, isto sim, uma força para
“expulsar espíritos imundos” liberando as pessoas daquilo que as escraviza,
daquilo que oprime e desumaniza a sociedade.
Os discípulos conhecem muito bem
o que Jesus lhes pede. Eles nunca o vieram governando ninguém. Conheceram-no
sempre curando feridas, aliviando o sofrimento, regenerando vidas, libertando
de medos, contagiando a confiança em Deus. “Curar” e “libertar” são tarefas
prioritárias na atuação de Jesus. Elas dariam um rosto diferente para nossa
evangelização.
Jesus envia os discípulos somente
com o necessário para caminharem. Segundo Marcos, somente levarão “bastão,
sandálias e uma túnica”. Não precisam de nada mais para serem testemunhos do
essencial. Jesus quer vê-los livres e sem ataduras, sempre disponíveis, sem
instalar-se no bem estar, confiando na força do Evangelho.
Sem recuperar este estilo
evangélico, não há nova evangelização. O importante não é pôr em funcionamento
novas atividades e estratégias, mas desprender-nos de costumes, estruturas e
servidões que nos impedem ser livres para contagiar o essencial do Evangelho
com verdade e simplicidade.
A Igreja tem perdido este estilo
itinerante que Jesus sugere. Seu caminhar é lento e pesado. Não consegue
acompanhar a humanidade. Não temos agilidade para passar de uma cultura a
outra. Seguramo-nos ao poder que temos adquirido. Ficamos atrapalhados em
interesses que não coincidem com o reino de Deus. Necessitamos de uma
conversão.
Fonte: Ihu
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