domingo, 12 de julho de 2015

Evangelização nova

Sem recuperar este estilo evangélico, não há nova evangelização. O importante não é pôr em funcionamento novas atividades e estratégias, mas desprender-nos de costumes, estruturas e servidões que nos impedem ser livres para contagiar o essencial do Evangelho com verdade e simplicidade.

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 6,7-13 que corresponde ao XV Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. Eis o texto

Hoje na Igreja sente-se a necessidade de uma nova evangelização. Em que ela consiste? Onde pode estar sua novidade? Que devemos mudar? Qual foi realmente a intenção de Jesus ao enviar seus discípulos para continuar sua tarefa evangelizadora? O relato de Marcos deixa claro que só Jesus é a fonte, ele é o inspirador e o modelo da ação evangelizadora de seus seguidores. Eles atuarão com sua autoridade. Não farão nada em nome próprio. Eles são “enviados” de Jesus. Não pregarão a si mesmos: anunciarão somente seu Evangelho. Não terão outros interesses: só se dedicarão a abrir caminhos ao reino de Deus.

A única forma de impulsionar uma “nova evangelização” é purificar-se e intensificar esta vinculação com Jesus. Não haverá nova evangelização se não houver novos evangelizadores, e não haverá novos evangelizadores se não houver um contato mais vivo, lúcido e apaixonado com Jesus. Sem ele faremos muitas coisas, menos introduzir seu espírito no mundo.

Ao enviá-los, Jesus não deixa seus discípulos abandonados a suas forças. Oferece-lhes autoridade não para controlar, governar ou dominar aos outros. Oferece, isto sim, uma força para “expulsar espíritos imundos” liberando as pessoas daquilo que as escraviza, daquilo que oprime e desumaniza a sociedade.

Os discípulos conhecem muito bem o que Jesus lhes pede. Eles nunca o vieram governando ninguém. Conheceram-no sempre curando feridas, aliviando o sofrimento, regenerando vidas, libertando de medos, contagiando a confiança em Deus. “Curar” e “libertar” são tarefas prioritárias na atuação de Jesus. Elas dariam um rosto diferente para nossa evangelização.

Jesus envia os discípulos somente com o necessário para caminharem. Segundo Marcos, somente levarão “bastão, sandálias e uma túnica”. Não precisam de nada mais para serem testemunhos do essencial. Jesus quer vê-los livres e sem ataduras, sempre disponíveis, sem instalar-se no bem estar, confiando na força do Evangelho.

Sem recuperar este estilo evangélico, não há nova evangelização. O importante não é pôr em funcionamento novas atividades e estratégias, mas desprender-nos de costumes, estruturas e servidões que nos impedem ser livres para contagiar o essencial do Evangelho com verdade e simplicidade.

A Igreja tem perdido este estilo itinerante que Jesus sugere. Seu caminhar é lento e pesado. Não consegue acompanhar a humanidade. Não temos agilidade para passar de uma cultura a outra. Seguramo-nos ao poder que temos adquirido. Ficamos atrapalhados em interesses que não coincidem com o reino de Deus. Necessitamos de uma conversão.


Fonte: Ihu

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