Atualmente, o governo federal
está com a campanha Não Desvie o Olhar em andamento, que incentiva as denúncias
de crimes de exploração sexual de menores
Que o nosso país tem se tornado
um dos principais destinos turísticos do mundo, isso é sabido. Mas, segundo a
psicólogo Lígia Vezzaro Caravieri, coordenadora técnica do Centro Regional de
Atenção aos Maus-Tratos na Infância da Grande São Paulo, os turistas
estrangeiros encontram no Brasil um ambiente propício para a exploração sexual
de crianças e adolescentes.
Essa afirmação foi dada durante
uma audiência pública da Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados que
discutiu o assunto. A especialista também se queixa de falhas na aplicação das
leis.
Lígia enfatiza que o problema
começa com a divulgação do carnaval e do futebol do Brasil. "Existe uma
lógica de mostrar mulheres bonitas. Às vezes, eles [turistas] vêm aqui até com
outros fins, mas veem a impunidade, o fácil acesso à meninas e meninos, ou
seja, situações de vulnerabilidade. Eles se perguntam: 'por que não?' E aí
acaba acontecendo mais uma situação de exploração sexual de crianças e
adolescentes", reclama a psicóloga.
Para o coordenador-geral de
Proteção à Infância do Ministério do Turismo, Adelino Silva Neto, desde 2004 o
governo está executando um programa que atua para coibir a prática, e é chamado
de Turismo Sustentável e Infância.
Ele informa que a iniciativa prevê
seminários e campanhas para sensibilizar e conscientizar a população da
gravidade do problema da exploração sexual. "Nós temos campanhas
permanentes, e, atualmente, a que está em vigor é a Proteja Brasil, Não Desvie
o Olhar, que vamos trabalhar até depois dos Jogos Olímpicos. Nós temos
seminários de sensibilização, em que percorremos os principais destinos
turísticos brasileiros, levando a discussão, o debate em relação ao tema",
explica o funcionário do ministério.
Principal destino
Segundo o deputado Alex Manente
(PPS-SP), que solicitou a audiência na Câmara, o Brasil é uma das rotas
preferenciais do turismo direcionado à exploração de crianças e adolescentes no
mundo. Segundo estudo de 2011 da organização não governamental Coletivo Vida
Mulher de Recife, três mil meninas são prostituídas a cada verão na capital
pernambucana, sendo que uma em cada três tem menos de 18 anos. Já na cidade de
São Paulo, houve 6.391 registros de casos pelo Disque Denúncia, apenas em 2013.
Fonte: Agência Câmara
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