sexta-feira, 12 de abril de 2013

Polícia mapeia rodovias do país para descobrir pontos de violência sexual


A Polícia Rodoviária Federal mapeou 65 mil quilômetros de rodovias federais para descobrir quais são os pontos onde há mais violência sexual contra crianças e adolescentes. A conclusão é que a exploração se estende por todas as regiões do país: 1776 pontos vulneráveis foram encontrados.

Para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a situação de pobreza contribui para a exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias do estado. "Essa rede de exploração e até de tráfico busca pessoas de extrema vulnerabilidade".


A cada 36 quilômetros de estrada, há um ponto onde crianças e adolescentes podem ser vitimas de exploração sexual. De acordo com o levantamento, lanchonetes na beira da estrada e postos de combustíveis estão entre os pontos em que este tipo de violência acontece com mais frequência. São lugares geralmente com pouca iluminação e onde há prostituição de adultos e consumo de bebida alcoólica.

Os pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes estão distribuídos quase que de maneira uniforme por todas as regiões do país: são 398 no centro-oeste, 371 no nordeste, 358 no sudeste, 333 no norte e 316 no sul.

Em 2012, o número de ligações para o disque 100 da Secretaria Nacional de Direitos Humanos aumentou 58%, totalizando 130 mil denúncias de violência e abusos contra crianças e adolescentes, grande parte nas estradas e cometidas por caminhoneiros.
Agora, uma caravana que parte de São Paulo, chamada de Caravana Siga Bem, vai percorrer 57 cidades até dezembro para alertar sobre o problema e denunciar a ação dos motoristas violentos. “O caminhoneiro tem essa responsabilidade de levar as riquezas do nosso país e tem que ser esse olho para cuidar da sociedade de uma forma geral”, diz Rodrigo Figueiredo, coordenador do projeto.

O Pará é o segundo estado brasileiro com maior número de pontos de prostituição infantil nas estradas. Na BR-230, também conhecida como Transamazônica - que corta os municípios de Marabá, Altamira e Itaituba - alguns bares são considerados pela polícia locais comuns de prostituição infantil. Ônibus, caminhões e veículos pequenos são alvos frequentes de vistorias.
Também são feitos flagrantes: em 2010, três caminhoneiros foram presos por terem sido encontrados na companhia de uma adolescente de 15 anos.
Assim como a Transamazônica, a BR-153 e a BR-163 foram mapeadas em um levantamento nacional feito pela Polícia Rodoviária Federal, que verificou nessas rodovias cenários propícios para a exploração sexual de crianças e adolescentes.

A pesquisa aponta o Pará como o primeiro da Região Norte e o segundo no Brasil na calssificação total de pontos críticos para esse tipo de crime nas rodovias federais. Foram identificados no estado 87 pontos, atrás apenas do Mato Grosso, que teve 89 pontos mapeados.

O mapeamento é resultado das fiscalizações e rondas dos agentes rodoviários em praças, postos de gasolina, restaurantes e bares. Para identificar um ambiente favorável à exploração sexual infantil nas estradas federais, foram levadas em consideração características como o consumo de bebidas alcoólicas, a presença de adultos se prostituindo, a falta de vigilância privada, aglomeração de veículos em trânsito e até a iluminação do local.
"A extensão territorial é um grande fator. Nós temos várias rodovias que são praticamente intransitáveis, então ficam pessoas ilhadas em certos locais e isso dificulta a chegada do estado para dar suporte social. Percebemos também que hoje a maioria dos pontos críticos para esse tipo de exploração com crianças e adolescentes são lugares miseráveis em todos os sentidos, educação, alimentação. As pessoas às vezes vão lá sem a consciência do que estão fazendo e trocam às vezes sexo por comida", diz Marisol Mota, inspetora da PRF.

Para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a situação de pobreza contribui para a exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias do estado. "Essa rede de exploração e até de tráfico busca pessoas de extrema vulnerabilidade", diz Ricardo Washington, presidente da Comissão da Criança e do Adolescente da OAB.
Fonte: O Globo

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