A Polícia Rodoviária Federal mapeou 65 mil quilômetros de
rodovias federais para descobrir quais são os pontos onde há mais violência
sexual contra crianças e adolescentes. A conclusão é que a exploração se
estende por todas as regiões do país: 1776 pontos vulneráveis foram
encontrados.
Para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a situação de pobreza contribui para a exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias do estado. "Essa rede de exploração e até de tráfico busca pessoas de extrema vulnerabilidade".
A cada 36 quilômetros de estrada, há um ponto onde crianças
e adolescentes podem ser vitimas de exploração sexual. De acordo com o
levantamento, lanchonetes na beira da estrada e postos de combustíveis estão
entre os pontos em que este tipo de violência acontece com mais frequência. São
lugares geralmente com pouca iluminação e onde há prostituição de adultos e
consumo de bebida alcoólica.
Os pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e
adolescentes estão distribuídos quase que de maneira uniforme por todas as
regiões do país: são 398 no centro-oeste, 371 no nordeste, 358 no sudeste, 333
no norte e 316 no sul.
Em 2012, o número de ligações para o disque 100 da
Secretaria Nacional de Direitos Humanos aumentou 58%, totalizando 130 mil
denúncias de violência e abusos contra crianças e adolescentes, grande parte
nas estradas e cometidas por caminhoneiros.
Agora, uma caravana que parte de São Paulo, chamada de
Caravana Siga Bem, vai percorrer 57 cidades até dezembro para alertar sobre o
problema e denunciar a ação dos motoristas violentos. “O caminhoneiro tem essa
responsabilidade de levar as riquezas do nosso país e tem que ser esse olho
para cuidar da sociedade de uma forma geral”, diz Rodrigo Figueiredo,
coordenador do projeto.
O Pará é o segundo estado brasileiro com maior número de
pontos de prostituição infantil nas estradas. Na BR-230, também conhecida como
Transamazônica - que corta os municípios de Marabá, Altamira e Itaituba -
alguns bares são considerados pela polícia locais comuns de prostituição
infantil. Ônibus, caminhões e veículos pequenos são alvos frequentes de vistorias.
Também são feitos flagrantes: em 2010, três caminhoneiros
foram presos por terem sido encontrados na companhia de uma adolescente de 15
anos.
Assim como a Transamazônica, a BR-153 e a BR-163 foram
mapeadas em um levantamento nacional feito pela Polícia Rodoviária Federal, que
verificou nessas rodovias cenários propícios para a exploração sexual de
crianças e adolescentes.
A pesquisa aponta o Pará como o primeiro da Região Norte e o
segundo no Brasil na calssificação total de pontos críticos para esse tipo de
crime nas rodovias federais. Foram identificados no estado 87 pontos, atrás
apenas do Mato Grosso, que teve 89 pontos mapeados.
O mapeamento é resultado das fiscalizações e rondas dos
agentes rodoviários em praças, postos de gasolina, restaurantes e bares. Para
identificar um ambiente favorável à exploração sexual infantil nas estradas
federais, foram levadas em consideração características como o consumo de
bebidas alcoólicas, a presença de adultos se prostituindo, a falta de
vigilância privada, aglomeração de veículos em trânsito e até a iluminação do
local.
"A extensão territorial é um grande fator. Nós temos
várias rodovias que são praticamente intransitáveis, então ficam pessoas
ilhadas em certos locais e isso dificulta a chegada do estado para dar suporte
social. Percebemos também que hoje a maioria dos pontos críticos para esse tipo
de exploração com crianças e adolescentes são lugares miseráveis em todos os
sentidos, educação, alimentação. As pessoas às vezes vão lá sem a consciência
do que estão fazendo e trocam às vezes sexo por comida", diz Marisol Mota,
inspetora da PRF.
Para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a situação de
pobreza contribui para a exploração sexual de crianças e adolescentes nas
rodovias do estado. "Essa rede de exploração e até de tráfico busca
pessoas de extrema vulnerabilidade", diz Ricardo Washington, presidente da
Comissão da Criança e do Adolescente da OAB.
Fonte: O Globo
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