Quem é o homem ideal?
O americano Jeremy Nicholson se diz um doutor em atração.
Doutor de verdade – ele faz questão de frisar –, porque fez doutorado em
psicologia, para estudar a ciência dos relacionamentos. Nicholson escreve um
blog em que dá dicas sobre como conquistar o parceiro dos sonhos, e se diz
preocupado com o que tem escutado das mulheres. “Elas dizem que sempre falta
alguma coisa nos homens. Ou são fortes, provedores, determinados, e não muito
dedicados e fiéis, ou são sensíveis, atenciosos, mas passivos demais.” Como é
improvável que todos os homens legais tenham sumido repentinamente do mercado,
Nicholson e outros estudiosos dos anseios femininos trabalham com outra
hipótese: a culpa pelos corações solitários é o alto grau de expectativa feminina.
Elas estão exigentes demais. Procuram características que dificilmente costumam
aparecer num único ser humano do sexo masculino – com exceção, talvez, do
exemplar apresentado na página ao lado. Será demais pedir por um destes?
Aparentemente, sim. Nicholson diz que as mulheres estão
presas numa armadilha causada pelo confronto entre o tipo de homem que acham
atraente do ponto de vista biológico – o provedor dominador – e aquele que
admiram socialmente, o companheiro capaz de mostrar suas emoções. “É uma
combinação contraditória e inatingível”, diz Nicholson. A antropóloga Mirian
Goldenberg, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, escuta em terras
brasileiras queixas semelhantes. “Existe uma cultura feminina de valorizar
justamente a característica que falta no parceiro”, diz Mirian. A explicação
para um nível tão alto de exigência é um encantamento com a independência
conquistada pela mulher nas últimas décadas. “Estamos saboreando nosso
protagonismo”, afirma a psicóloga gaúcha Diana Corso.
O segredo para encontrar o equilíbrio é valorizar algumas
características-chave – algo que as mulheres, desde tempos imemoriais, sempre
souberam fazer. O psicólogo americano David Buss, da Universidade do Texas,
estudou as qualidades admiradas no sexo oposto por mulheres de 37 culturas. Ele
diz que as bem-sucedidas na vida amorosa estão de olho em quatro conjuntos de
características. A primeira categoria engloba indicadores físicos, como beleza
e virilidade, garantia de bons genes e filhos saudáveis. A segunda reúne
fatores com potencial para gerar bons provedores, como a dedicação ao trabalho.
A terceira categoria sugere as chances de ser um bom pai: é maduro
emocionalmente? A quarta abarca as características de um bom companheiro, como
ser fiel e atencioso. Encontrar homens com pontuação máxima nas quatro
categorias é algo que beira o impossível. As mulheres – como sabemos e Buss
constatou – não estão dispostas a abrir mão de nenhuma delas. O que a maioria
faz é diminuir a exigência em cada uma, em vez de prescindir de alguma
inteiramente. “Elas asseguram a melhor combinação de características que podem
encontrar num único homem”, escreve Buss em seu estudo. A lição é que os
candidatos suficientemente bons podem se transformar nos companheiros ideais.
Porque, no amor, perfeição não existe.
Fonte: Revista Epoca
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