A imagem da mulher brasileira em Portugal como em outros países da Europa, parece sempre associada a uma certa estigmatização, quando se falam em brasileiras logo surge o estereótipo associado à prostituição. Basta conversar com as empregadas de balcão vindas do Brasil tanto no Rossio, como em qualquer parte do país, que logo vem histórias sobre assédio sexual, quer de patrões, quer de clientes. Ser brasileira, é muitas vezes ser confundida com uma prostituta em Portugal.
CRISTAN, Mara Lucia.
1- Introdução:
A imagem da mulher brasileira em Portugal como em outros
países da Europa, parece sempre associada a uma certa estigmatização, quando se
falam em brasileiras logo surge o estereótipo associado à prostituição. Basta
conversar com as empregadas de balcão vindas do Brasil tanto no Rossio, como em
qualquer parte do país, que logo vem histórias sobre assédio sexual, quer de
patrões, quer de clientes. Ser brasileira, é muitas vezes ser confundida com
uma prostituta em Portugal.
A subalternização da imigrante dá-se em duas vertentes: a
que a própria imigrante possui em seu país de origem – veiculada pela
propaganda turística que o Brasil emite para o mundo – e a do estereótipo
construído no país de acolhimento. Erotizadas e sexualizadas em seu próprio
país de origem, quando cruzam fronteiras geográficas já se têm firmado no
imaginário social a ideia de que todas as “brasucas” são prostitutas.
Evidentemente isto não se passa em todos os meios sociais, mas no anonimato da
multidão, todos os gatos são pardos.
Esta esterotipação,
incorporada e enraizada na sociedade, de homens, mas principalmente de
mulheres, legitimam a subordinação do sujeito feminino ao domínio do poder
masculino, por meio de práticas tais como o uso de jogos de linguagem com
palavras de duplo sentido (brasucas, mulheres pouco honestas, galdérias,
criadas para todo tipo de serviço, etc.) ou a estigmatização oriunda do medo ao
estranho, tipificadas em formas singulares de preconceito como a ideia da
estrangeira que vem destruir os lares das famílias portuguesas ou das
brasileiras vistas como mulheres que vem atrás dos “homens do papel” (papel
entendido no sentido de dinheiro), consolidam uma noção difusa de que as
brasileiras são as “gajas que vem dar o golpe do baú”.
O texto ora apresentado é participado em primeira pessoa,
resulta da minha experiência como brasileira, residindo em Portugal há nove
anos e tendo recebido cidadania local. Também realizei observações cujo contato
direto com pessoas que participam do mercado do sexo se deu através de conversas
informais na Região Oeste do país onde resido, e de forma esporádica, através
de algumas observações em campo na capital Lisboa, em especial na região do
Intendente e da Avenida da liberdade, pontos da prostituição de rua. De maneira
que circunscrevo este trabalho às minhas observações pessoais, mas não sem
apoio em bibliografia e métodos de entrevista.
Uma imagem que se construiu ao longo dos tempos:
Nas relações entre Brasil e Portugal, a construção social
desta imagem atravessa os tempos, pois desde a colonização as índias compunham
parte da carga trazida para metrópole. Nas primeiras viagens, as caravelas
traziam fauna, flora e índias que eram oferecidas como presentes aos nobres,
tendo isto sido documentado nas cartas de Pero Vaz de Caminha. Portanto, mesmo
que este passado não deva ser considerado como causa da exotização da imagem da
brasileira, há todo um percurso histórico que tem na miscigenação, no
relacionamento entre escravas e senhores, índias e colonizadores, na
propaganda, nas novelas, da entrada da internet e dos sites de namoro como meio
de encontro[i], e toda uma gama de relações que construíram a imagem da
brasileira como algo exótico e sexualizado. No entanto, e por diversos fatores,
durante as vagas de imigração esta imagem tendeu a se tornar uma marca de
estigmatização das brasileiras imigrantes.
Notadamente foram três vagas de imigração de brasileiros
para Portugal: a primeira ocorreu nos anos 70 com a vinda dos exilados
políticos; a segunda leva era constituída por técnicos e pessoas dotadas de
qualificação profissional vindas no período de consolidação da entrada de
Portugal na Comunidade Europeia (final dos anos 80 e início dos 90); a
terceira, considerada imigração indesejada, notabilizou-se pela procedência das
classes “C” e “B” menos, pessoas com pouca ou nenhuma qualificação profissional
e que, na sua maioria, já chegavam endividados. Foi esta terceira onda de
imigrantes que encontrou resistência da população portuguesa e que passou a
estar relacionada ao tráfico de drogas, aos assaltantes, à prostituição e à
violência, esta onda se intensificou na metade dos anos 90 e encontra-se com
marcado retorno de brasileiros ao seu país de origem dada a crise que se agrava
(Góis; Marques; Padilla, 2009).
Desta terceira onda de imigração destaca-se a vinda de
brasileiras especificamente para o mercado do sexo, tanto à procura de melhores
rendimentos, quanto de melhores condições de trabalho ou mesmo de novas
oportunidades, pois sendo Portugal um dos países demograficamente mais
envelhecidos da Europa, as mulheres já consideradas “velhas” no Brasil por aqui
ainda são bastante valorizadas.
Com melhores ofertas de trabalho, o mercado português
tornou-se atrativo e tanto o comprova o caso ocorrido e noticiado na capa da
Revista Times, em 2003, dando conta da movimentação de brasileiras que
trabalhavam em bares de alterne[ii] na região de Trás-os-Montes (Sub-região do
Norte de Portugal) e que culminou com o Movimento das Mães de Bragança (Pais,
2010). Cujo confronto entre “mães castas” e “brasileiras prostitutas”, resultou
em protestos que envolveram a polícia, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras,
e resultou num abaixo-assinado enviado à Assembleia da República.
Como reação a vinda destas trabalhadoras para indústria do
sexo o Estado português adotou medidas de controlo e coibição da imigração,
embora veladas estas medidas foram direcionadas especificamente para o caso das
brasileiras. Para se ter uma ideia, entre Janeiro de 2000 e Outubro de 2005 foi
recusada a entrada de 853 brasileiras pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras
(Kellen, 2007). Apesar disto a imigração ilegal continuou a ocorrer dado que
muitas entram pela Espanha e faziam o restante da viagem por terra, fixando-se
num primeiro momento na região de fronteira entre Portugal e Espanha e
trabalhando em bares de alterne. Tais bares oferecem além de serviços sexuais,
shows de striptease, e onde as moças ganham comissões nas doses de bebidas
consumidas pelos clientes, assim como em apartamentos, geralmente explorados
por um/a proxeneta. Podem também trabalhar nas ruas, sobretudo na cidade do
Porto e Lisboa em zonas demarcadas segundo o tipo de prostituição a que se
dedicam (Oliveira Sá, 2007, Oliveira, 2004).
Essas brasileiras migram com o objetivo de desenvolver um
projeto de mobilidade pessoal, como parte de estratégias familiares, mas também
perseguindo projetos individuais. Embora muitas vezes o turismo sexual e a
imigração internacional para trabalhar na indústria do sexo são por muitas
entidades relacionadas ao tráfico internacional de pessoas com fins a
exploração sexual, sendo de referir que a OIT tenha como dado que 1,2 milhões
de pessoas em todo mundo são vítimas de tráfico e que 1,8 milhões de pessoas
estão envolvidas na prostituição e/ou pornografia. Ou mesmo que a UNICEF
reconheça que cerca de 1 milhão de mulheres são exploradas sexualmente, a
condição da brasileira que chega à Portugal com a finalidade se integrar no
work sex quase sempre seja de caráter voluntário.
Ao menos é o que revelam os dados da imigração no país e o
que também foi estimado na pesquisa desenvolvida por Adriana Piscitelli (2007).
O problema principal não é, para estas mulheres, estar dentro deste mercado,
mas encontrar um meio de se tornar legalizada dentro do país de acolhimento
para não correr o risco da deportação. De forma análoga outros autores indicam
que nem todas as mulheres imigrantes são vítimas de tráfico (Silva, 2005,
Ribeiro, 2007), e embora Portugal esteja na rota do tráfico humano, aquele que
é destinado à exploração sexual se apresenta com baixa incidência por aqui
(Santos, Gomes, Duarte & Baganha, 2007; Pereira, 2004). Todavia é sob o
lema do tráfico humano e da exploração sexual que as autoridades policiais
socialmente aprovado para deportarem as imigrantes indesejadas.
Em Portugal a prostituição que foi tolerada embora
controlada e criminalizada durante o Estado Novo (1910-1974) chegando a ser
proibida em Janeiro de 1963 (Decreto-Lei 44.579), foi finalmente
descriminalizada legalmente através do Decreto-Lei nº 400/82, de 23 de Setembro
de 1982, oito anos após a Revolução dos Cravos. Entretanto, o tratamento dado
pelas autoridades portuguesas tornam esta atividade é transformado em um ato
criminal, e mesmo que embora prostituir-se não seja considerado um crime, o
lenocínio continua sê-lo. No Brasil o Ministério do Trabalho, na Classificação
Brasileira de Ocupações (CBO), aceitou, a partir de 2002, a prostituição como
ocupação nª 5.198, sob o título de Profissionais do Sexo, nela se enquadrando o
michê, as garotas de programa, o trabalho em clubes, etc. Todavia, numa atitude
contraditória já que o próprio Ministério do Trabalho descreve as funções e
classifica a profissão, no Brasil a prostituição permanece ilegal.
A legalização é, entretanto, uma questão que não se encerra
na formalidade da lei, dado que prevalece o sentido negativo que esta assume inclusive
para as próprias trabalhadoras que não querem se afirmar em definitivo como
sendo prostitutas. Em Portugal as coisas estão mais atrasadas, oficialmente a
prostituição não é considerada uma atividade criminosa, mas o tratamento
institucional que as prostitutas recebem aproximam-nas da marginalização, tanto
no que respeita às insinuações e suspeição pela polícia, pois é comum as
prostitutas de rua serem abordadas como ladras, traficantes e drogadas pelo
simples fato de circularem em zonas degradadas da cidade de Lisboa tais como o
Intendente e o Cais do Sodré (Saraiva, 2009).
A face perversa da marginalização é a violência invisível
que se encontra no acesso à justiça, na aquisição de benefícios sociais, e no
atendimento nos serviços de saúde e instituições assistências. Aliado ao fato
de serem imigrantes, condição que já as torna em pessoas rejeitadas pela
sociedade, mesmo as que conseguem permanecer legalmente no país tem que
recorrer à justiça aquando do reconhecimento de paternidade, pois em Portugal
não se registam filhos sob a insígnia do pai desconhecido. Sob este especto a
discriminação por parte do judiciário e da polícia é notória, tornando as
investigações morosas ou mesmo impossíveis (Silva, 2007). Também os benefícios
sociais possibilitados pela Segurança Social dado que os funcionários, toldados
por uma visão moralista onde diferenciam as boas mulheres das más mulheres, as
mães honestas, das mães de vida desregrada, dificultam o acesso a certos
subsídios concedidos pelo Estado em caso de maternidade ou apoios durante um
período de doença (Machado, 2002).
Quando a questão é
estigmatizar, seus efeitos resultam em prejuízos para uma série de pessoas que
são dentro dele socialmente enquadradas, nesta matéria também o acesso aos
serviços de saúde se transformam em outro problema. Quando prostitutas são
vítimas de violência institucional e recorrem aos serviços médicos são
discriminados e tratados com preconceito por pessoas que representam estas
instituições as quais consideram legítima a violência exercidas sobre as
mulheres da vida nas quais identificam uma transgressão moral, sendo esta
abordagem atrelada à visão estereotipada e desumanizada que a sociedade
dominante tem sobre a prostituição.
Uma das garotas com a qual conversei revelou: “Procurei a
emergência médica por que estava com uma infeção, tinha muita comichão, fui a
farmácia e aqui não se vedem antibióticos sem receita médica, então fui às
urgências. Aquilo era uma tortura, sofria muito, tive que voltar ao serviço
médico várias vezes, pois diziam que a médica estava ocupada com outras
pacientes, mas fui atendida e a médica telefonou na minha frente para uma
colega e dizia: – Você não esta entendendo, ela é Brasil, é Brasil, entendeu?”
Durante a consulta a médica insistia em saber quantos parceiros sexuais eu tive
na vida, oras, como se isto fosse da conta dela.” (Cátia, 39 anos, prostituta
há 15 anos, trabalhando em Portugal há 6 anos). À discriminação pela profissão,
alia-se o estereótipo da brasileira, considerada promíscua sendo prostituta ou
não.
Muitas destas mulheres que se prostituem sofreram abuso
sexual na infância ou na vida adulta, investigações demonstram que as mulheres
expostas à esta situação adoecem mais do que as mulheres que não foram
violentadas, tanto com relação à saúde física como psicológica. De modo geral
há um risco maior de desenvolverem depressões, tentativas de suicídio, dor
crônica, transtornos psicossomáticos, ferimentos físicos, problemas
gastrintestinais, síndroma do intestino irritável e diversos problemas para a
saúde reprodutiva (gravidez indesejada, contaminação por HIV/SIDA e DSTs,
abortos espontâneos e provocados) (Schraibe, et al, 2007).
Relativamente ao tratamento desigual no acesso à saúde o
governo português apresentou um pacote de medidas de modo a minorar as
diferenças de tratamento aos nacionais e estrangeiros, tendo à cabeça o
Despacho do Ministro da Saúde nº 25.360/2001, que faculta aos cidadãos
estrangeiros que residam legalmente em Portugal o acesso aos cuidados de saúde
e assistência medicamentosa prestados pelos serviços que constituem o Serviço
Nacional de Saúde (SNS). Sendo reconhecidos estes direitos aos estrangeiros que
tiverem licença de trabalho ou residirem a mais de 90 dias no país, sendo que a
todos são cobradas taxas por prestação de serviços médicos. Esta orientação
deixa de fora do atendimento os imigrantes que tenham apenas visto de turista,
caso das mulheres que veem para o mercado do sexo e que fazem várias entradas
no país, muito embora a legislação tenha previsto o atendimento a todos os
cidadãos estrangeiros portadores de doenças que ponham em perigo a saúde
pública (Rueff, 2007).
Assim, devemos estar atentos para assimetrias entre tipos de
prostituição existentes num mesmo contexto social, e como algumas
diferenciações de género, de classe e étnica acabam por se reconfigurar no
espaço da prostituição e se apresentam como fatores importantes para se
compreender as condições de trabalho. De modo que além do fato da prostituição
ser tratada sob o estigma do crime, alia-se o problema da imigração ilegal e da
xenofobia.
A crença de que “negro não é gente, negro não presta, índio
é vagabundo e que toda brasileira é puta” repercute nos padrões morais da
população portuguesa. No mercado do sexo a brasileira é estereotipada como
mulata, mulher pobre, de baixa escolarização, à sua exotização estão associadas
a ideia de toda brasileira faz sexo anal, de que são mais dóceis, submissas e
fogosas que suas concorrentes tanto as africanas, as de Leste Europeu como as
portuguesas. Esta estereotipação é retribuída pelas brasileiras, que descrevem
as portuguesas como mulheres frias, calculistas, moralistas e interesseiras. Se
estabelecendo uma relação de preconceitos mútuos calcadas no sentimento
xenofóbico.
Sobre este sentimento, nutrido por ambas as partes, se pode
dizer que toda sociedade é xenófoba, este é um fenómeno presente em todas as
culturas, tendo ela lados contraditórios: um que permite a perpetuação de
costumes e tradições a um grupo ou sociedade; e um segundo especto que leva à
exclusão, ao isolamento de indivíduos ou grupos firmados na disseminação de
pré-julgamentos a partir de um modelo que aparece como verdadeiro e universal.
Os brasileiros também são xenófobos em relação a outros
povos da América Latina, considerados como inferiores, são alvo deste
preconceito os bolivianos, os haitianos, bem como os nordestinos dentro de uma
oposição norte e sul do país, sendo os “paraíbas” e “baianos” prejulgados como
indolentes e idiotas, sendo os índios considerados gente a margem da sociedade
civilizada, atrasada. O preconceito que advém da xenofobia, que pode ou não se
aliar ao racismo, reforça um quadro das ideias e juízos preconcebidos e estão
encarregues de dar sentido ao mundo visto. A insegurança diante do
desconhecido, transformando este sentimento em modelos gerais de coisas,
estereótipos diferencia e recrudesce o estigma sofrido pelas prostituas
imigrantes, sobretudo as brasileiras em Portugal.
Bibliografia:
Cartilha sobre a Prostituição do Ministério do Trabalho do
Brasil.
http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?id=580634&tit=Site-do-Ministerio-do-Trabalho-traz-cartilha-que-ensina-a-ser-prostituta
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Vida: mulheres com vida: prostituição, Estado e políticas. Universidade do
Minho, 2010.
[i] Ver texto em anexo onde trabalho em exclusivo a questão
do cibersexo.
[ii] Os bares de alterne são conhecidos por abrigarem um
tipo específico de profissional do sexo e que se camufla na figura das
alternadeiras. Estas são assim chamadas por revezarem-se entre os copos (em
geral bebem algo não alcoólico) e a saída para sexo com seus acompanhantes,
para os quais a bebida alcoólica é vendida com preços acima dos do mercado.
Nestes bares, que em geral são dotados de quartos no andar superior, a
denominação de fazer sexo é notabilizada na gíria de estar no “sobe e desce”,
pois as estratagemas empregadas pelas prostitutas incluem artimanhas que levam
o cliente a se despachar o quanto antes.
6 comentários:
Agradeço à Pastoral da Mulher pela divulgação do meu trabalho.
Profª. Doutora Mara Lucia Cristan
Como sempre ousada e provocativa. Parabéns pelo texto!
Parabéns querida MARA LÚCIA! Adorei!
Lindo trabalho! Super didático.
Esse tipo de trabalho, com essa linguagem simples que dá para todos entenderem deveria ir para as escolas, pelo menos de segundo grau.
Esse tipo de preconceito é sofrido aqui também, por nós brasileiras, quando saimos em horários ou com roupas "inapropriádos"...
http://www.youtube.com/watch?v=Q0P0I9Ejx9A
E Chico disse!
http://www.youtube.com/watch?v=Q0P0I9Ejx9A
E Chico disse e Clara Nunes tb...aliás, Clara Nunes morreu durante um aborto mal feito....me pergunto: sendo o Brasil campeão de mortes em puerperes porque a Igreja é contra o abroto ..se boa parte das mortes deve-se às más condições de sua prática?
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