Número é só dos casos que são
denunciados pelo telefone 180. Superior Tribunal de Justiça reforça que
depoimento da vítima serve como prova.
A cada três horas uma mulher é
estuprada no Brasil. Muitas vítimas acabam não denunciando por medo ou
vergonha.
Mas o Superior Tribunal de
Justiça reforça que o testemunho, a palavra da vítima, funciona na Justiça.
Isso já aconteceu em mais de cem casos. Todo processo de violência sexual corre
em segredo. E como na maioria das vezes o estupro é um crime sem testemunha, é
a palavra da vítima que serve como prova.
Uma moça de 19 anos voltava para
casa em um sábado à noite, quando um homem a atacou e a violentou. O estupro
aconteceu em um local escuro na universidade onde ela estudava, no Recife.
“Eu estou tentando retomar a
minha vida, aos poucos, lógico, ainda tem aquela sequela do medo de andar
sozinha, de alguém estar me perseguindo, de não sair no escuro. À base da ajuda
dos amigos e dos familiares”, relata a vítima.
O número de estupros no Brasil é
impressionante: oito por dia ou um a cada três horas, em média. Isso só dos que
são denunciados pelo telefone 180, do Governo Federal.
“Você se sente um lixo. É como se
sua vida inteira fosse destruída. Não tem explicação. Só sentimento mesmo”, diz
a moça.
Essa mistura de sentimentos faz
com que muitas mulheres não denunciem. Por medo, vergonha, ou porque acham que
a denúncia não vai dar em nada. Afinal, muitos casos de estupro não têm, de
fato, testemunha. Mas a mulher precisa saber que a palavra da vítima tem muito
valor. Um estudo feito pelo Superior Tribunal de Justiça com mais de cem
julgamentos mostra que a Justiça aceita o depoimento da vítima como prova.
A juíza do Tribunal do Júri de
São Paulo Débora Faitaroni lembra que para combater a impunidade é muito
importante que a vítima registre a ocorrência.
“Se ela presta uma declaração
coerente, em harmonia com os fatos tratados na denúncia, se ela informa
detalhes para o delegado de polícia e depois para o juízo, o depoimento, a
declaração dela serve, sim, para embasar um decreto condenatório”, afirma a juíza
de Direito.
A garota com quem o Bom Dia
Brasil conversou diz que fez questão de registrar o crime e contar o que
aconteceu para proteger outras pessoas.
“Eu queria deixar o pessoal da
faculdade em alerta. Porque eu tenho muitas amigas que passam pelo mesmo local
que eu passei. A minha preocupação era maior do que a minha vergonha”, conta a
vítima.
A Universidade Federal de
Pernambuco, onde aconteceu o estupro relatado na reportagem, informou que
aumentou a iluminação, arrumou a cerca, cortou a vegetação e limpou o terreno
para evitar outros crimes.
Clique e assista ao vídeo da matéria:
Fonte: G1 Globo
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