Movimentação no Alfa Pub, em Brasília
Garotas de programa chegam a se
deslocar de outras cidades para atender à demanda; prefeitos pagam até R$ 1 mil
por um programa e R$ 500 por uma garrafa de uísque 8 anos.
A 17ª Marcha dos Prefeitos
movimentou o ano passado de forma anormal não apenas os corredores do Congresso Nacional e o
trânsito na Esplanada dos Ministérios. Outro círculo também se preparou para
absorver a movimentação dos prefeitos que vieram do Brasil todo para o
encontro. Prostitutas que fazem ponto nas boates mais conhecidas da capital
federal também se prepararam para o trabalho extra. Além dos chefes dos
executivos municipais, contribuem com a prosperidade do mercado de sexo nos
três de dias do evento assessores e vereadores.
Desde o início da semana, muitas
garotas de programa se disseram empolgadas com um crescimento do movimento. Uma
delas, que trabalha há aproximadamente cinco anos e se identificou como
Morgana, contou ao iG que a Marcha dos Prefeitos tem sido um dos principais
eventos das profissionais do sexo. “É muita gente e sem dúvida a demanda cresce
nesse período. Depois desse encontro de prefeitos, as coisas vão melhorar
apenas na Copa do Mundo”, afirma Morgana.
Aplee's Night Club, casa noturna
localizada no setro de indústrias e setor de hotéis em Brasília
Eduarda, outra profissional do
sexo com a qual o iG manteve contato, também revelou animação com o encontro de
Prefeitos. “É um período que dá para faturar fácil. Muitos prefeitos aproveitam
para fazer em Brasília o que não podem fazer em casa”, admite ela, funcionária
de uma casa noturna. “Mas é bom ficar de olho. Muitos deles (clientes) são
muito discretos, hoje tem muita mídia em cima”, acrescenta ela. “Tá parecendo
pescaria, nem dá tempo de sair do táxi que alguém já fisga. Tá demais essa
Brasília”, ilustrou um deputado da base governista sobre a agitação do mercado
do sexo durante esta semana.
O preço do programa varia bastante,
dependendo do perfil da prostituta e do local da abordagem. Em geral os valores
giram entre R$ 200 e R$ 500 em alguns dos pontos visitados pela reportagem, mas
o movimento ajuda a puxar os preços. Uma das garotas conta que conseguiu subir
o valor para R$ 1 mil.
Concorrência das forasteiras
A demanda incomum que gera
disputa entre as garotas de Brasília atrai também profissionais de fora da
capital federal. Na Alfa Pub, que fica na região central de Brasília, um dos
funcionários revela que a notícia a respeito do Encontro de Prefeitos atrai
garotas que trabalham em Goiânia, mas que não hesitam em percorrer os cerca de
200 quilômetros que separam a cidade de Brasília para faturar um extra. A
chegada das goianas acirra a concorrência, mas os clientes não reclamam do
aumento da oferta. A reportagem presenciou a animação de prefeitos que chegavam
ao local. Inicialmente tímidos, eles logo entravam no clima.
Mas o movimento incomum e tudo
aquilo que a clientela de fora da cidade traz atrapalha o mercado, na opinião
de algumas garotas de programa. É a opinião de Camille, por exemplo, que
forneceu cartão para reportagem perto do Alfa. “Muitos políticos vêm de lugares
que não têm muitos recursos financeiros. Eles vêm justamente atrás de verbas e
não têm muito dinheiro para gastar com garota de programa e isso acaba
tumultuando. Talvez a presença deles seja boa para aquelas que cobram mais
barato, para mim não”, diz ela.
Funcionários da casa noturna
Apple’s, uma das principais de Brasília, admitiram que a movimentação atípica
não mexe somente no quadro de garotas disponíveis, mas também cobra uma atenção
especial com o bar. Em dias como terça-feira, por exemplo, o movimento foi
comparado ao entra e sai dos finais de semana, quando o trânsito de clientes é
maior. A boate preparou seu estoque de bebidas com essa previsão.
Taxistas também ficaram animados
com a possibilidade de um lucro a mais com o encontro de prefeitos. Eles
admitiram ao iG que recebem R$ 50 das boates para cada político que eles
conseguem levar para as casas de strip-tease. Um taxista que preferiu não se
identificar admitiu que somente na noite da última terça-feira, levou seis
prefeitos a uma casa de strip-tease.
Dentro das boates, a movimentação
foi intensa na última terça-feira. Na Apple´s Night Club, o iG conseguiu
identificar pelo menos 30 prefeitos de cidades do Ceará, Santa Catarina, Acre,
Paraíba e Piauí. Por volta das 23h20, por exemplo, chegou na Apple’s, de uma só
vez, uma comitiva com cinco prefeitos cearenses em busca de diversão. Havia
petistas, pemedebistas e petebistas entre os prefeitos identificados.
A rede hoteleira, superlotada,
também viveu dias atípicos. A movimentação das prostitutas chamavam a atenção
até mesmo os funcionários, acostumados com o assedio das profissionais do sexo
a alguns clientes. Houve até quem relatasse ter sido abordado nos corredores de
um hotel de luxo. “O senhor é prefeito?”, perguntou uma prostituta a um
dirigente partidário que estava apenas de passagem por Brasília na quarta-feira
e se hospedou num hotel de luxo da capital.
A proximidade do setor hoteleiro
é uma vantagem da Alfa Pub. A entrada do bar, que não passa de um salão tosco
com mesas e um balcão sem um pingo de glamour, fica a menos de 50 metros da
entrada de um hotel. Algumas profissionais se revezam entre o bar, no qual
pagam R$ 40 de entrada, e as adjacências. Muitas conseguem emplacar um programa
atraindo clientes do hotel. As meninas que fazem ponto no bar enfrentam ainda a
concorrência de colegas que atuam do lado de fora.
Além das prostitutas que
trabalham na rua, muitas fazem ronda, dentro do carro. Distribuem cartões e
fazem ofertas aos transeuntes. Algumas roubam clientes do bar esbanjando
simpatia e sensualidade e fecham o programa com clientes que estão a caminho do
Alfa, mas, seduzidos no caminho, desistem do bar e vão direto ao que interessa.
Apesar do crescimento notado
pelos profissionais que trabalham nas boates, alguns admitem que já houve dias
melhores. Funcionário do Star Night, casa que a exemplo do Alfa Pub funciona
como ponto de encontro, admite que o assédio da mídia e reportagens que falam
sobre a orgia dos políticos na capital provocaram a desconfiança geral. Muitos
preferem usar portais especializados em oferecer o serviço de garotas de
programa a ter de comparecer a uma boate.
A disseminação de celulares com
câmera também contribuiu para aumentar o receio dos prefeitos. “Hoje em dia,
qualquer um saca o celular e faz uma foto. Eles ficam com medo”, diz um
funcionário da Star Night. Segundo o mesmo funcionário, esse tipo de coisa
relativizou o crescimento do movimento em algumas casas, sobretudo as menores e
aquelas que, ao contrário da Apple’s, não oferecem nenhum diferencial, como
shows de strip-tease. Além disso, a expectativa em torno da Copa do Mundo
deixou todo o mercado relativamente preparado. E a Copa das Confederações
funcionou como laboratório para os proprietários.
A internet só não consegue suprir
o desejo dos grupos que, além de sexo, procuram um ambiente para farrear ao
lado de garotas de programa em confraternizações regadas a muito álcool. Um
garçom do Alfa Pub conta que os grupos esvaziam garrafas de uísque com uma
velocidade que chama atenção até dos consumidores mais assíduos. “Em meia hora
eles acabam com uma garrafa de uísque”, diz o garçom. A garrafa do scotch mais
barato, envelhecido 8 anos, sai por R$ 500, mas se escolher bebericar em doses
a mesma quantia custa R$ 720. O mesmo uísque é vendido em mercados da cidade
por R$ 80. Na Apple’s, uma lata de cerveja chega a custar R$ 25, a mesma
cerveja é vendia a R$ 2 em mercados de Brasília. A caipirinha feita com vodka é
vendida por R$ 45.
Fonte: IG
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