segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

ABSURDO NA REDE: Site oferece guia sobre 'como estuprar uma mulher na UFMG'



Texto afirma que 'a mulher mineira é famosa por ser vagabunda e arredia', e que a única maneira de 'corrigir' isto é violentando-a sexualmente; página ainda traça perfil de vítima que seria 'mais fácil' e dá dicas de situações favoráveis para o ataque.


A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) informou que vai denunciar um site que incentiva o estupro de alunas da instituição. A página chamada Reis do Camarote, tem como lema “Mulheres são objetos sexuais e devem ser tratadas como tal”. 

Uma postagem apresenta um “manual” de como estuprar uma aluna da instituição. “A mulher mineira é famosa por ser vagabunda e arredia, e a única maneira de corrigir isto é a violentando sexualmente”, começa o texto, ainda dizendo que o agressor deve “procurar o curso de humanas mais próximo” para escolher sua vítima. A postagem tem comentários repudiando a ação. O site também tem outros textos incentivando o estupro em outras universidades.
No último tópico, o autor aconselha o internauta: “Pode sair vazado, não vai dar em nada, tu é branco e estudante da UFMG. A culpa irá cair em um daqueles mendigos que rondam o campus”.
Além dos absurdos relacionados ao crime de estupro, o site ainda usa fotos de outras pessoas que não têm participação na criação da página e também acabam se tornando vítimas. Esse foi um problema enfrentado por um morador do Ceará.
No dia 15 de janeiro, ele foi até a Delegacia de Defraudações e Falsificações do Estado e registrou um boletim de ocorrência. No documento, ele afirma que fotos suas estão na página e o nome dele é indicado como sendo o criador dos guias. Para piorar, o denunciante afirma que está sendo ameaçado de morte e aponta o nome de um suspeito.
Por meio de nota, a UFMG informou que tomou conhecimento do caso nesta sexta-feira, e disse que a Administração Central já pediu que a Procuradoria Jurídica encaminhe denúncia e tome todas as providências cabíveis contra o site. “A UFMG reafirma o seu compromisso com a diversidade, a liberdade de pensamento e o debate democrático e repudia  qualquer tipo de comportamento discriminatório, seja ele de caráter machista, sexista, racista, homofóbico, entre outros, que desrespeitem a dignidade humana", finaliza.
O incentivo à prática de violência sexual contra as mulheres divulgada pelo site, inclusive com dicas para praticar o ato, é passível de punição prevista no artigo 286 do Código Penal – incitar, publicamente, a prática de crime. A pena varia de três a seis meses, ou multa. Porém, o autor ou outros responsáveis pelo site podem responder ainda por delitos previstos na Lei de Crimes Cibernéticos, além do uso indevido da imagem de outra pessoa como sendo o criador do conteúdo.

Fonte: O Tempo e Estado de Minas

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